Este conteúdo é Reservado a Assinantes
Planta longitudinal, composta por corpo da igreja e capela-mor rectangulares, com torre sineira quadrangular adossada à esquerda do frontespício, no seu alinhamento, e capela lateral à direita. Massa horizontalista de volumes articulados com coberturas diferenciadas de telhados a 2 águas. Frontespício a SO, terminando em empena e com relógio de sol sobre cunhal direito. Ao centro portal de arco conopial com flores encimado por janela alta de moldura rectangular. Torre sineira com ventanas em arco pleno e cobertura piramidal entre 4 urnas. INTERIOR: nave única revestida a azulejos enxaquetados, verdes e brancos, marcando 3 registos, e com tecto de masseira, de caixotões pintados com símbolos religiosos em cartelas, enrolamentos vegetais e “putti”. A O coro-alto sobre 2 colunas de mármore vermelho; capela baptismal, púlpito com grade de ferro batido e capela de Santo António no lado do Evangelho, revestida com azulejos do tipo tapete, polícromos, e com retábulo de talha e 4 tábuas pintadas com a “Anunciação”, “Ascensão”, “Santo Amaro” e outro. No lado Epístola, capela das Dores com tábua pintada figurando o “Calvário” e grande crucifixo sobreposto. Capela-mor com abóbada de berço com caixotões e outros trabalhos de estuque. Retábulo pintado, em “trompe l’oeil” de frontão interrompido e tela representando “A Última Ceia”; lateralmente, telas com os 4 Doutores da Igreja.
Descrição Complementar
Portal em arco conopial rematado por florão de 2 andares de cogulhos de acanto. A arquivolta única é delimitada externamente por finos colunelos apoiados em bases facetadas com pequeno florão inferior, e providos de capitéis decorados com entrançado de caules podados. Pés-direitos e arco são decorados com série contínua de rosetas e flores de formas diferentes, quadrifoliadas e circulares (rosas). No interior, pia de água benta oitavada em estrela côncava, apoiada em mísula vegetalista em forma de flor cujas pétalas se estendem e adomam à forma da taça. Sobre peanha, imagem de pedra quinhentista do orago, Santo Adrião. A tela do retábulo da capela-mor figurando a Última Ceia é de Pedro Alexandrino como, possivelmente devem ser as restantes telas que decoram as suas paredes.
Utilização Inicial : Cultual e Devocional. igreja
Utilização Actual : Cultual e devocional: Igreja Matriz
Época Construção: Séc. 16 / 17
Cronologia
Séc. 16 – A povoação, até à data pertencente à paróquia de Loures, com designação de Póvoa de Loures, tornou-se autónoma, justificando a construção de uma igreja paroquial; 1546 – data inscrita num fragmento de tampa sepulcral no chão do baptistério baptistério; 1560 – data inscrita na porta lateral; séc. 17 – revestimento azulejar da nave e capela de Santo António, tendo esta sido mandada erguer por Francisco da Silva de Noronha, da família dos duques de Caminha e marqueses de Vila Real; o púlpito foi mandado fazer pelo padre Ruiz; 1742 – data inscrita no relógio de sol; séc. 18, finais – reconstrução da capela-mor; 1802 – o pintor Pedro Alexandrino, que viveu na Póvoa de Santo Adrião entre 1730 e 1810, faz algumas das pinturas; 1911 – existência de um cruzeiro que enquadrava o largo da Igreja; 1967 – as cheias de Novembro, provocam danos graves .
Tipologia
Arquitectura religiosa, manuelina e maneirista. Igreja de planta longitudinal de nave única de nítido contraste entre a sobriedade e simplificação das linhas exteriores e a riqueza decorativa interior. Portal manuelino em arco conopial decorado com rosetas quadrifoliadas e circulares. O revestimento azulejar, com 2 composições enxaquetadas em 3 andares, separados por frisos, é bastante semelhante ao das Matrizes de Bucelas e Camarate.
Características Particulares
Da primitiva construção conserva apenas alguns elementos manuelinos, como o portal axial com decoração floral e uma pia de água benta. Interiormente, decoração predominante maneirista, destacando-se os azulejos enxaquetados verdes e brancos e de tapete e as composições ornamentais pintados directamente nos caixotões. A estrutura da capela-mor é já barroca, sendo mais dinamizada a sua decoração, com retábulo pintado em “trompe l’oeil”.
Dados Técnicos
Paredes autoportantes.
Materiais
Alvenaria rebocada e cantaria de calcário, azulejos e mármores. Pavimento de madeira e lajes e cobertura de telha.
Intervenção Realizada
1956 – Obras de reparação exterior (reparação da cobertura e caiações) pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, sem conhecimento da DGEMN; 1957 – Obras no interior; restauro das pinturas no altar-mor, pequenos retoques nas pinturas fingindo azulejos de algumas partes da nave e pequena reparação na cobertura; obras de ligeira ampliação do anexo; 1968 – obras de reparação; 1975 – reparações diversas; trabalhos de decoração; reparação de telhados; 1990 – obras de conservação; remodelação da instalação eléctrica; 1991 – reparações gerais; 1992 – conclusão da reparação das coberturas; 1993 – execução de novos azulejos enxaquetados e seu assentamento para completamento de paineis em falta; reparações interiores; 1994 – beneficiação de pinturas decorativas dos estuques da capela-mor; 1997 – reparação da cobertura e beirado da capela-mor; 200 – Revisão das coberturas; reparação geral de vãos de portas e janelas, execução de novos rebocos.
Observações
*1: DOF:… com pórtico manuelino; *2: o orago é Santo Adrião, mártir dos primeiros tempos do cristianismo e “advogado de quebrados e danados”
____________________________________
Fonte: IPPAR
Bibliografia
AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; VAZ, Maria Máxima, Património Histórico – Artístico, Loures – Tradição e Mudança – I Centenário da Formação do Concelho 1886 – 1986, vol. 1, Loures, 1986, p. 87 – 136; s.a, Igreja Monumento Nacional Espera há anos por Restauro, Correio da Manhã, Lisboa, 1 Out 1988; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1989.
Fonte DGEMN