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Situado no cimo do outeiro de Odivelas na via Lisboa-Caneças o Cruzeiro como é conhecido actualmente, terá sido um monumento erguido a D. Diniz.
No entanto a origem do monumento não é clara, tendo ” sido um autêntico “quebra-cabeças” para maioria dos investigadores, havendo poucas informações históricas escritas e as que há nada esclarecem”.
“Permanece em dúvida a data em que teria sido construído”… avançando-se como hipótese três épocas possíveis:
– Reinado de D. Diniz (1279-1325)
– Reinado de D. Afonso IV (1325-1357)
– Reinado de D. João I (1285-1433).
Se a data de edificação é uma dúvida a sua finalidade também é de difícil explicação, ” a obra é muda-nenhuma palavra que nos guie” para uma explicação da sua origem ou função.”
“Não tem inscrição alguma antiga; apenas se lê gravada junto da base na frente que olha para Lisboa,a inscrição 1721 RTV… E talvez a data do último concerto que se lhe fez.”
Existem múltiplas explicações avançadas por historiadores, arqueólogos e críticos de arte. para alguns o monumento é apenas um padrão que delimita apenas o território jurisdicional do Mosteiro, para outros este está relacionado com actos fúnebres, assim como outros existentes no país e cujas as características se assemelham, tendo servido de local de paragem dos cortejos fúnebres antes dos defuntos serem sepultados no mosteiro.
Assim, as opiniões históricas concentram-se em duas “teorias”:
1. “Que o monumento é do século XIV e que terá servido na transladação do rei D.Dinis, falecido em Santarém em 7 de Janeiro de 1325 e que dali viria com destino ao mausoléu que na igreja do Convento de Odivelas o aguardava para deposição do seu corpo.
2. Baseando-se na arquitectura, no grande número de castelos (13 ao todo) que guarnece o escudo real e na cruz floreteada que encima o monumento identificando-a como a Cruz da Ordem de Aviz, de que D. João I era Mestre.
No entanto há historiadores que afirmam não se tratar da Cruz de Avis, mas sim uma Cruz Elementista ou Naturalista (selénica) própria do carácter necrolático do monumento que não é único em Portugal”.
Baseando-se “na arquitectura do gótico primitivo do tempo de D. Dinis que a Memória seja realmente do século XIV e tenha adquirido fama no século XV com D. João I, e a ambos tenha servido de eça funerária, e tanto mais, aí nesse local escolhido pelas conveniências religiosas por ambos serem devotos de S. Bernardo… inspirador dos Templários.”
“O Memorial, orientado no sentido Sudoeste-Nordeste, uma das faces voltadas para Lisboa e outra para o Mosteiro é feito de pedra lioz, abundante na região, a qual foi extraída das pedreiras de Trigache,a cerca de 3km deste local.” ” Construído sobre uma plataforma de 5,10m por 2,10m, com 20cm de altura. Para protecção tem em cada um dos cantos, um marco de pedra.
Apresenta dois andares: a arcada e a ogiva. No primeiro andar quatro pares de colunelos, em cujos ábacos se apoiam as arquivoltas dos arcos trilobados, circundados por funda canelura. Os capitéis estão decorados com elementos vegetais estilizados de uma simplicidade característica do gótico primitivo. “sobreposto à arcaria e em todo o comprimento desta eleva-se um arco ogival, desprovido de ornatos. Coroa o monumento a empena, lisa e com cimalha de dupla moldura. Na face Noroeste da glaba sobressai o escudo português medieval, usado até ao reinado de D.Fernando I.Treze castelos lhe bordam a orla.”Remata o monumento uma cruz, constituída por quatro semi-cículos, emergindo dos pontos de encontro um elemento que forma tosco florão com os extremos divergentes dos arcos.””
Extractos retirados de “Ode a Loures (Monografia Histórica)” – de Vitor Manuel Adrião
e “O Memorial” de Henrique Ramos e Maria Máxima Vaz (Colecção Património Hoje, Amanhã- JFO)