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O Concelho de Odivelas foi criado pela Lei n.º 84 / 98, promulgada a 2 de Dezembro.
Confronta com os Concelhos de Lisboa, Loures, Sintra e Amadora, ocupando uma área de 27,65 Km2, situando-se, parte dela, na depressão conhecida como a “Várzea de Loures”. O número dos seus habitantes cresce todos os dias e já ultrapassou os 130.000.
Dele fazem parte sete freguesias : Odivelas, Póvoa de Santo Adrião, Olival Basto, Pontinha, Famões, Caneças e Ramada.
Hoje ocupar-nos-emos da povoação sede do Município.
O termo Odivelas veio do árabe “uadi-bélaa”, que quer dizer “rio do remoinho”.
Houve outras explicações para a origem do nome desta povoação, mas todas elas caem por terra perante o que sobre esta questão nos diz o grande estudioso e conhecedor destas matérias, Joaquim da Silveira. O elemento “uadi” evoluiu para “odi”, que junto a “belaa” deu Odibelaa. Posteriormente o “ b” passou a “ v” e o último “a” caiu, daí resultando o termo actual, Odivelas. Todas as outras teses ficaram desacreditadas e foram postas de parte, perante o saber de Joaquim da Silveira.
Esta é a única explicação que nos convence e satisfaz cabalmente, considerando a antiguidade da povoação, que já existia à data da conquista de Lisboa.
Mas o que realmente deu notoriedade a Odivelas foi o facto de ter sido o local escolhido por El-Rei D. Dinis para a edificação de um mosteiro cisterciense feminino, o qual veio a ser muito famoso, não só pela especial protecção que o Monarca sempre lhe dispensou, mas também pela nobreza das senhoras que acolheu. Aqui entrou na vida monástica Santa Joana, Princesa irmã de D. João II, aqui viveu uma filha do Infante D. Pedro, morto em Alfarrobeira, aqui faleceu a Rainha D. Filipa de Lencastre, poucos dias antes da partida da armada para a conquista de Ceuta, aqui foi velado o defunto Rei D. João I, com a presença massiça dos membros da Ordem de Cristo e cuja cerimónia foi presidida pelo Infante D. Henrique, aqui representou Gil Vicente o auto da Cananeia, aqui pregou o Padre António Vieira. Diz Almeida Garrett que em Odivelas conheceu “João Mínimo”, a quem, fantasiosamente, atribuiu a sua Lírica. São do conhecimento público as visitas regulares do Rei D. João V ao mosteiro cisterciense de S. Dinis e S. Bernardo, onde vivia a sua amada Madre Paula. Estes são alguns dos pergaminhos que atestam a antiguidade e a história de Odivelas e das quais nos restam as memórias que queremos manter vivas.
O edifício do mosteiro ainda existe e bem conservado, embora muitas partes dele sejam reconstruções. A igreja deste mosteiro alberga o túmulo do Rei seu fundador. Embora muito danificado pelo terramoto de 1755, ainda é uma bela peça tumular que merece a nossa visita.
As quintas de recreio e lazer que os nobres aqui possuíram, deram lugar a habitação urbana, mas a história continua a ter um grande peso neste concelho, até porque em três delas, existe património que hoje é público : na quinta de Vale de Flores, que foi do Rei D. Dinis, temos o já referido Mosteiro, que é monumento nacional ; na quinta Nova do Miranda funciona, na casa senhorial restaurada e adaptada, a Biblioteca Municipal ; na quinta da Memória ficam os Paços do Concelho, no edifício com o brasão de D. Rodrigo de Moura Teles, seu antigo proprietário. Sendo o concelho mais jovem da Área Metropolitana de Lisboa, não se estranham as suas carências a muitos níveis, mas não posso deixar de me congratular com a existência de bons equipamentos culturais – o teatro da Malaposta, a biblioteca D. Dinis e o recém inaugurado Centro de Exposições.
O teatro da Malaposta, pela excelência das programações dos dois últimos anos, conquistou já um lugar na área metropolitana de Lisboa. As actividades culturais que nos oferece ajudam a compensar as faltas que, noutros campos, ainda existem. Há oferta para crianças, jovens, adultos e idosos. Há oferta para todos os gostos – música, dança, teatro, cinema, poesia, tertúlias, palestras, artes visuais. Na Malaposta acontece arte e cultura.
Também a Biblioteca Municipal D. Dinis tem desempenhado cabalmente as suas funções, melhorando e aumentando sempre, a oferta e serviços, sem esquecer as pessoas com deficiência e os trabalhadores estudantes.
A identidade de Odivelas tem as suas raízes na cultura e na história e a consciência cívica desta comunidade tem de passar por aqui. Exercer a cidania implica o conhecimento e o sentimento de pertença a esta comunidade.
Maria Máxima Vaz
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