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Na igreja do mosteiro de Odivelas existe uma arca funerária que sempre foi considerada o túmulo de D. Maria Afonso, filha natural do rei D. Dinis.
Ultimamente têm aparecido muitas pessoas interessadas em fazer estudos sobre este mosteiro e algumas têm outra opinião.
Os historiadores que primeiro se dedicaram a estudar o Mosteiro de S. Dinis, afirmam que D. Maria Afonso foi aqui freira e que morreu com cerca de 20 anos. Quanto a quem era sua mãe não dão certezas mas dão opiniões e indicam como provável, D. Branca Lourenço, filha de D. Lourenço de Valadares, senhor da alta nobreza de Riba Douro. Não nos apresentam fontes; dão-nos argumentos. E um dos argumentos é um leão que está representado no brasão do túmulo. O brasão dos Valadares ostenta também um leão e consideram a possibilidade de querer dizer que pertence àquela família a pessoa ali sepultada.
Admiti sempre essa possibilidade, assim como aceitei a afirmação de Borges de Figueiredo, que ela foi aqui freira.
Quanto a ser filha de D. Branca Lourenço, há duas razões que nunca foram consideradas por nenhum historiador, mas que eu considero de importância:
1ª em 1301, D. Dinis doou a vila de Mirandela a esta Senhora. Na carta de doação dizia, entre outras coisas, que “se Deus quiser que eu haja de Vós filho ou filha, que fique a eles a dita vila…”;
2ª entre 1301 e 1319, foi Abadessa deste mosteiro, D. Constança Lourenço, irmã de D. Branca.
O facto de o rei ter escolhido esta Senhora para Abadessa, nessa altura, não me parece por acaso. O facto de ela ter estado aqui, pelo menos, que eu saiba, até 1319, também me parece não ter sido por acaso. É que se diz que D. Maria Afonso morreu com 20 anos. Sem me informarem da fonte onde isso se pode confirmar, eu posso admitir que é “mais ou menos”, que poderia ter 20, mas também poderia ter 18 ou 19 anos. Se a sua mãe foi D. Branca, nasceu depois de 1301. Essa é a única certeza que eu tenho, baseada na carta de doação. Em que ano morreu, não tenho certezas… Posso admitir que a Abadessa D. Constança saiu de Odivelas depois de D. Maria Afonso ter falecido. Mas é só uma possibilidade…
Parece-me lógico que, se era tia, estivesse aqui para olhar pela sobrinha. O rei teria tido esse cuidado. Foi um pai atento.
Não há certezas quanto a quem foi sua mãe, nem quanto ao ano de nascimento e de falecimento. Há probabilidades. E até quanto ao ter sido freira. Nem todas as Senhoras que aqui viveram foram freiras. Havia o estatuto de recolhida e o estatuto de freira.
Alguns historiadores dizem que na capela-mor está sepultado um filho de D. Afonso IV, falecido com um ano de idade.
Pois bem, surgiu agora a teoria que o túmulo é deste menino e não de D. Maria Afonso. Pode ser, mas têm de provar. Em que se fundamentam?
1º Que a arca tumular de D. Maria Afonso não estava na igreja mas no claustro;
2º Que se fosse de D. Maria Afonso, a estátua jacente tinha de estar com o hábito, que era norma.
Para mim estes argumentos não têm valor, sem primeiro provarem que o túmulo não foi mudado. O de D. Dinis foi mudado várias vezes. E depois terão de provar que esta filha do rei foi realmente freira. Sem isso nada fica provado. Até lá, considero que tanto pode ser o túmulo do neto de D. Dinis, como de D. Maria Afonso. Por agora mantém-se a dúvida. Venham as provas. Encontrem os documentos. Só com fontes é que, em História, se fazem afirmações destas. Sem elas, mantém-se o mistério…
Maria Máxima Vaz
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