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John Fitzgerald Kennedy, a 20 de Janeiro de 1961, no discurso de tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos da América, proferiu uma das suas mais conhecidas afirmações. Dizia ele, «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ele.»
Paulo Aido, escritor, jornalista e ex-Vereador em Odivelas, costuma afirmar que «todos nós somos chamados a transformar o metro quadrado que temos sob a nossa influência, para assim mudarmos o mundo».
A cidadania é a prática de direitos e deveres de um indivíduo que o vincula a um Estado, através de um determinado estatuto jurídico-político. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, sendo para tal necessário que cada indivíduo seja uma pessoa responsável, autónoma, solidária, que conhece e exerce os seus direitos e deveres em diálogo e no respeito pelos outros, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo, tendo como referência os valores maiores que são os direitos humanos.
Enquanto a cidadania nos remete para um conjunto de princípios que nos enquadram enquanto membros de uma comunidade, o civismo transporta-nos para a praxis, para o plano das atitudes e comportamentos que desenvolvemos, visando a harmonia e a melhoria do bem-estar comum.
Assim, a cidadania implica uma escolha de modelos de estar e o civismo a forma como tal operacionalizamos.
Espera-se que a cidadania, associada ao civismo, não se reduza ao mero exercício do poder de voto, ao mero pagamento de contribuições e impostos, ao mero acatamento de ordens e decisões judiciais e/ou administrativas. Há mais, muito mais.
Quem abrace a condição de cidadão com práticas de civismo tem de considerar que passou a agir num severo e austero plano ético, onde a sua condição de exigência para com as instituições, os agentes destas e a justeza das normas e suas aplicações tem de obrigatoriamente ser precedida de uma revisão exigente e introspectiva dos posicionamentos, mas, acima de tudo, das acções pessoais.
Adaptando o pensamento de John Kennedy, apelo a erigirmos um novo estandarte assente num novo paradigma, numa nova maneira de estar, que se resume à afirmação:
«Não perguntes o que a tua cidade pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela.»
Este é o mote das reflexões que doravante aqui partilharei.
– Paulo Bernardo e Sousa, Politólogo