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Todos aprendemos que os cavalos de potência são uma unidade de medida que expressa a força do impulsor de um determinado automóvel, ou seja, do seu motor. O que nem todos percebem é a razão por que se utiliza esta designação, desde quando é usada, a sua origem e o que esta unidade de medida em boa verdade tem de relação com um cavalo.
Os cavalos de potência é uma das unidades mais conhecidas mundialmente, para associar a potência do motor de um automóvel e expressa-se sob a abreviatura “CV” ou “cavalo-vapor”. Mas por estranho que pareça, esta unidade de medição não é reconhecida no Sistema Internacional de Unidades, ainda que se mantenha indemne na gíria popular, incluindo nas estratégias de comunicação e marketing da indústria automóvel. Impôs-se ao longo de décadas. E não se afigura que mude.
Motor com 1 CV pode não significar o mesmo que ter um cavalo
Em termos de rendimento e numa perspectiva meramente teórica, ter uma motorização com 1 CV de potência seria o igual a ter um cavalo. O matemático e engenheiro James Watt fez vários ensaios e verificou que um cavalo poderia levantar 33 mil libras de água (equivalente a 14 968,536 quilogramas), a uma altura de 1 pé (0,3048 metros), em 1 minuto. Ou seja, um cavalo-vapor equivaleria a 33.000 libras-pés por minuto. Esta unidade de medida foi apelidada como “horsepower”, o termo em inglês que significa, literalmente, “força de cavalo”.
(Para que não subsistam dúvidas uma libra é igual a 0,453592 quilogramas. Enquanto 1 pé equivale a 0,3048 metros).
Conquanto, a unidade de medida seja equivalente ao cavalo-vapor, as duas são diferentes:
1 hp = 1,0138697 cv = 745,6999 W;
1 cv = 0,98632 hp = 735,4987 W ou 0,7355 kW
Homenageando o escocês James Watt, devemos referir que 1 CV de potência corresponde a 735,5 W e, por outro lado, 1 hp equivale a 745,6 W.
Cavalo versus Watt
Mas como se sabe, na sua generalidade, o termo cavalo-vapor passou a ser a principal unidade para medir a potência dos motores e é mundialmente utilizada.
De qualquer modo, “Watt” – o sobrenome do inglês James Watt – foi a designação utlizada como medida de potência pelo Sistema Internacional de Unidades criado em 1882, pelas contribuições daquele engenheiro no desenvolvimento do motor a vapor, determinante para a Revolução Industrial.
Convém fazer um parêntesis para explicar que a ideia de uma bomba a vapor data de 1698 e é da autoria do inglês Thomas Savery. No essencial, Savery criou uma bomba hidráulica com o intuito de retirar água das minas de carvão que se encontravam inundadas, mas que apesar da sua genialidade apresentava a desvantagem de utilizar vapor em alta pressão que muitas vezes originava acidentes por explosão do equipamento naquela época demasiado frágil para suportar maiores pressões.
Acabou por ser James Watt o responsável pelo desenvolvimento do motor a vapor tal como o conhecemos, resultando na construção de locomotivas e consequentemente no incremento do transporte ferroviário, decisivo no período que se tornaria conhecido como revolução Industrial.
Assim, Watt acabou por apelar à compreensão do seu público e dos seus seguidores: elegeu uma unidade de medida ao usar como referência figurativa a força dos cavalos. Simplesmente recorreu a um termo com que qualquer um, universalmente, se pudesse familiarizar. Considera-se uma original estratégia de “marketing” para a época que prevalece ainda hoje.
Obviamente que do ponto de vista meramente matemático não podemos relacionar simplesmente os números, ou seja que, por exemplo afirmar que 80 CV de potência são precisamente iguais à força de 80 cavalos, equivalente à “carga de força” de 58.840 W de potência ou capazes de movimentarem 2.640 libras-pés por minuto. Os argumentos da física são obtidos de um modo singular e em dispensatório de investigação. Existem sempre factores que exteriorizam resultados desiguais entre modelos cuja potência seja equivalente: estas variáveis obedecem à mecânica utilizada por cada construtor, o peso e o estado emn que se encontra o veículo e também as condições do piso, climatéricas e altura acima do nível do mar onde o automóvel circula.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)