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Em Loures são diariamente servidos mais de 168.000 alojamentos, tanto em termos de recolha de resíduos como no tratamento e fornecimento de água. Os municipes que residem neste alojamentos, bem como todo o sector empresarial passam por experiências relacionadas com este tipo de serviço. Num acto de cidadania activa surgiu em 2020, na rede social facebook (@ECOLoures2020) um espaço digital informativo e independente que permite aos munícipes de Loures e utentes dos SIMAR, perceber e encontrar num debate construtivo, respostas concretas para problemas relacionados com o abastecimento de água e gestão de resíduos em Loures.
Nos últimos anos tem-se verificado um crescente distanciamento entre os utentes e os SIMAR, sendo a principal causa evidente: preço elevado de um serviço cuja qualidade é muito débil. Esta manifestação verifica-se pelo volume crescente de reclamações apresentadas, bem como os casos que vão sendo denunciados publicamente de sistemáticas interrupções de fornecimento sem aviso prévio ou de autênticas lixeiras a céu aberto.
Como criar novas condições de participação ativa por parte da população no debate sobre serviços municipais como este?
Partindo do princípio que o cidadão comum passa por diversas experiências no seu dia-a-dia e nomeadamente, quando sente com recorrência determinados problemas, com certeza que surgem ideias pertinentes para melhorar os serviços que poderiam ser avaliadas pelos orgãos municipais tanto o executivo como o deliberativo. Porém, tal transformação requer uma mudança nas linhas de pensamento político que entendem a voz da população apenas numa linha de contestação e num possível contra-poder face a alguma medidas em curso. Dando ECO a quem vive os problemas no terreno estamos não só a criar condições para perceber se os serviços tendem a melhorar ou não, bem como a dar espaço para se apresentarem soluções que poderão ser relevantes para o bem-comum. Existem inclusivamente bons exemplos de colaboração entre entidades de gestão municipal e a população que potenciam resultados muitas vezes acima do que era esperado, pelo efeito mobilizador que geram.
Sempre que a gestão municipal está fechada em si própria e refém de linhas ideológicas que limitam a saudável relação entre a população e as entidades municipais, há um enorme preço a pagar. Preço esse que no final é pago por todos, sendo a população quem sofre o impacto direto, mas também as entidades responsáveis pela gestão dos serviços municipais que se deparam com elevada complexidade e dificuldade nessa mesma gestão. Enquanto se limitar a população aos diversos canais de reporte de incidências ou reclamações em que em muitos casos os utentes desistem e nem voltam a insistir face a um problema que não ficou resolvido, estamos a perder uma excelente oportunidade de envolver quem está insatisfeito, bem como quem até possa ter ideias com interesse para um grupo mais vasto.
Para finalizar e no que toca aos SIMAR, já foi proposta a criação de uma comissão de utentes que represente as freguesias dos municípios com o objetivo de recolher informação sobre os principais problemas verificados, mas também para que essa comissão ter parte ativa na sensibilização da população. Afinal de contas, o acto de cidadania ativa é responsabilizante e portanto funciona nos dois sentidos, mas só será possível quando a classe política perceber o valor que advém de um modelo em que a voz da população, efectivamente, conta.
– Ricardo Henriques, https://www.facebook.com/ECOLoures2020