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1997 – A primeira vez que ouvi falar de São Caetano de Odivelas remonta a 1998, mas a história tem início em 1997, quando em Lisboa aconteceu um congresso ibero-americano de municipalidades, e aí travei conhecimento com um deputado estadual de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Das diversas diligências desenvolvidas, uma delas foi saber se no Rio Grande do Sul existia o topónimo Odivelas.
1998 – O meu amigo Deputado Estadual, Alexandre Postal, hoje mais de 24 anos depois, Juiz no Tribunal de Contas daquele Estado Brasileiro, informou-me então, que existia um município que, segundo as suas palavras, “honravam o meu município” e esse era o de São Caetano de Odivelas, só que num Estado bem distante do dele, mais concretamente no Pará (Belém do Pará). E através dos contactos do partido dele (PMDB) deu-me indicações importantes de como chegar à fala com o respectivo prefeito.
1999 – Estabeleço, pela primeira vez, contacto epistolar com o então prefeito sr. Pedro Paulo Sousa Almeida, dando-lhe noticia detalhada da Odivelas lisboeta, e da Odivelas alentejana, e em resposta fez-me chegar alguma documentação sobre o seu município, e história.
2002, 12 de Fevereiro – Dei a conhecer, pela primeira vez em Portugal, esse município num artigo que publiquei a nesta data, com o título “São Caetano de Odivelas um município a descobrir”, no jornal local Nova Odivelas, á época com a direcção de Mário Rodrigues.
2005, 18 de Julho – Fiz parte, no âmbito da preparação para as eleições autárquicas desse ano, de um grupo de trabalho da candidatura da Susana Amador, do qual fui relator, e que integrava, bem o recordo, Paulo César (viria a ser adjunto de gabinete da Susana Amador, mais tarde promovido a Vereador e hoje membro do conselho de administração dos SIMAR), Dr. David Viegas (chefe da divisão jurídica de Odivelas), e a Dra. Célia Croca, hoje já não estando entre nós. Sendo eu o relator, elaborei o relatório final, e as respectivas propostas, das quais destaco a apologia de geminações e cito:
“Ora quando sabemos que ODIVELAS é um topónimo que dá o nome a várias estruturas de carácter municipal, não só em Portugal como no Brasil, assumindo, por via disso uma dimensão internacional, parece-me bastante curial concretizar algumas acções, entre estes espaços municipais, estreitando laços e desenvolvendo aspectos culturais perenes e identificadores.”
E ainda mais á frente:
“Estabelecer protocolos de geminação com entidades autárquicas, a nível nacional e internacional, cujo nome seja Odivelas”;
“Em cada geminação incluir pelo menos um programa que fomente o desenvolvimento cultural, recreativo ou desportivo entre essas autarquias e Odivelas”;
2011, 20 de Fevereiro – Passados 6 anos, publiquei, desta feita no site do Odivelas.com, um artigo com o título “Brasil, Portugal e Odivelas”, falando de novo em São Caetano de Odivelas, mas não só, noutras Odivelas também.
2017, 8 de maio – Celebrou, o nosso município, e bem, um protocolo de geminação com o congénere município brasileiro de São Caetano de Odivelas.
Imagine-se que 3 dias antes, estando eu a assistir a uma sessão da nossa Assembleia Municipal, reparei que, sentado ao meu lado, estava um senhor cujo sotaque o denunciava brasileiro, e reparei que falava da sua terra de origem algures no Pará.
De imediato perguntei ao senhor se era do Pará, a fim de confirmar o que ouvira, e perante a sua resposta afirmativa, logo lhe perguntei se conhecia o município de São Caetano de Odivelas, esperançado em saber algo mais sobre este município brasileiro.
Fiquei absolutamente estupefacto quando ele apontou para outro senhor sentado ao lado dele, dizendo “esse daí é o Prefeito de São Caetano do Pará, e eu sou o secretário do turismo, estamos aqui para celebrar uma geminação”. A minha surpresa não podia ser maior.
2018, 21 de Junho – Sai com o título “Duas Odivelas, uma na região de Lisboa e outra em terras amazónicas, lançam pontes de cooperação” uma peça no PortugalDigital com o seguinte texto:
“O vereador português Edgar Luíz Valles, em testemunho enviado ao Portugal Digital desde São Caetano, lembra que foi pelo Google Alert que, na Odivelas do outro lado do Atlântico, descobriram, há cerca de quatro anos, a existência de São Caetano de Odivelas. “Nós nunca tínhamos ouvido falar desta nossa cidade irmã até há quatro anos (…)ao visitar à página da Prefeitura de Odivelas, no Brasil, ficamos chocados… as três páginas onde relatavam a história deste município paraense eram a falar de nós e da nossa história…eles sabiam tudo sobre nós e nós nunca tínhamos ouvido falar deles”, relata.
Ou seja, apesar de toda a divulgação, por mim feita durante 12 anos aqui em Odivelas, sobre São Caetano de Odivelas, na Câmara Municipal de Odivelas, só dela têm noticia desde 2014. Nem sequer se perguntaram como é que São Caetano de Odivelas, obtivera tanta informação sobre a nossa Odivelas.
2019 – Num encontro comensal de empresários incubados no start in de Odivelas, sentado lado a lado com o então vereador João António, perguntei-lhe como tinham “descoberto” São Caetano de Odivelas, respondendo que tinha sido por acaso no decurso de diligencias na biblioteca municipal. Quando lhe dei nota, por alto, das minhas diligências como acima se expõe, olhou-me por momentos, sorriu, e desviou a conversa.
Depois disto, a única conclusão razoável é que alguns senhores vereadores da Câmara Municipal de Odivelas não seguem a comunicação social cá da terra, e assumem louros alheios.
Oliveira Dias
Politólogo