Este conteúdo é Reservado a Assinantes
A ECOLoures tem vindo a demonstrar desde 2020 qual a gravidade e complexidade associada ao problema de sustentabilidade dos SIMAR. Recentemente foram publicados os relatórios de gestão e contas referentes a 2021 que comprovam um cenário que deveria preocupar todos os Lourenses, já que em 2021 se verificou o pior resultado dos últimos anos com 5.3 milhões de euros de prejuízos e com uma acumulação de mais de 8.5 milhões de euros de prejuízos acumulados desde 2018.
Fonte: SIMAR(DF)
A equipa de gestão dos SIMAR sofreu alterações em virtude de um novo executivo municipal que transitou em Loures da CDU para o PS, mas que em Odivelas se manteve no PS. Esta nova equipa de gestão dos SIMAR tem a seu cargo uma responsabilidade complexa, porque a situação que se verifica nos SIMAR revela problemas estruturais com elevada profundidade. Na leitura dos relatórios recentemente publicados relativamente à gestão do ano de 2021 continuam a verificar-se uma série de incongruências, tais como:
- Face a 2020, em 2021 verificou-se um aumento do número de contratos (1.215) que significam um aumento no abastecimento de água (0,7%), porém o volume de água faturada diminuiu e portanto as perdas aumentaram, ou seja, foi um ano em que aumentou o volume de água não faturada (2,4%). Os SIMAR tiveram de adquirir mais água para abastecer mais locais, contudo isso traduz-se numa actividade que gera ainda mais prejuízo. Esta é a primeira grande incongruência: um serviço inter-municipal cujo modelo implementado em vez de gerar valor quando o número de clientes aumenta, gera prejuízo. Como é que um negócio com mais clientes potencia prejuízos em vez de lucros?
- Encontram-se em execução 10 obras no valor de mais de 11 milhões para melhorar a rede de abastecimento de água dos dois concelhos. O investimento em Água e abastecimento representa 67% de todo o investimento dos SIMAR, porém verificaram-se mais 31% de roturas em ramais e mais 16% de inundações e globalmente mais 2% de incidências reportadas ao piquete face ao ano de 2020. A segunda incongruência é perceber como é que se fazem investimentos sistemáticos ano após anos numa rede de abastecimento de água, embora as perdas reais de água e a atividade do piquete não pare de aumentar?
- Foram adquiridas 7 viaturas das quais 6 se destinam a reforçar a recolha de resíduos, os gastos com pessoal e fornecimentos externos também aumentaram de 2021, porém comparativamente com o ano de 2020, foram recolhidos menos 550.000 kg de resíduos. Esta é a terceira incongruência, como é que se aumentam os recursos operacionais e se recolhem menos resíduos?
- Em 2021 os volume de reclamações apresentadas aos SIMAR diminuiram 30% (menos 703) em comparação com o ano de 2020. Será que este indicador representa um incremento da qualidade do serviço dos SIMAR ou que os utentes tendem a desistir de reclamar?
Em toda esta conjuntura há uma mensagem que os Lourenses merecem receber porque fizeram o esforço possível que permitiu aumentar a recolha seletiva de papel e cartão, vidro e embalagens que se traduz num contributo para os rendimentos dos SIMAR (conta 72 – Prestações de Serviços e Concessões). Sobre este último ponto, deveria passar a constar neste relatório não só a descriminação deste rendimento que advém da seleção de resíduos realizada pelos utentes dos SIMAR, bem como a sua evolução ao longo dos anos.
– Ricardo Henriques, https://www.facebook.com/ECOLoures2020