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Não existem concelhos destinados a serem ricos ou pobres ou concelhos com futuro ou sem futuro.
Os concelhos mais desenvolvidos e com mais capacidade financeira são os que têm ideias e projetos com visão estratégica e conseguem criar condições para os executar. Os concelhos pobres vivem sem estratégia, enredados em propaganda e ilusões!
A dinâmica empresarial é a chave para o contínuo crescimento de um concelho. E, desejavelmente, um concelho deve assentar a sua política de desenvolvimento sem criar dependências de um único setor, diversificando e estimulando a criação e fixação de empresas do turismo, da agricultura, da indústria e dos serviços, entre outras.
É com investimento que se cria emprego, que se melhora a confiança e a estabilidade das famílias e dos empreendedores, que se incrementa o consumo privado, que se geram mais receitas municipais, com as quais se efetuam mais investimentos públicos e estabelecem parcerias público-privadas para serviços de qualidade.
É um ciclo de virtudes que tem o seu início num pressuposto tão simples para os municípios, como o de criar mecanismos públicos de atração e retenção de investimento.
É um ciclo que, consecutivamente, os executivos PS, PSD e CDU, que sempre têm governado Odivelas, desde 2001, e em conjunto do Loures desde 1975, liderando ou participando na gestão, descuraram e, arrisco dizer, até desdenhado.
As opções têm estado invertidas e estão à vista de todos como se tem evidenciado com as incorretas decisões tomadas. O progresso que se apregoa do concelho é aparente, pois a métrica que apresentam como representativo desse sucesso é o aumento de habitantes e o número de fogos habitacionais construídos.
Isso não é desenvolvimento, é apenas o chamado “fogo de vista”, “tapa olhos” ou, como o povo diz, “para inglês ver”. O concelho não tem empresas, nem emprego qualificado. A população continua a viver com dificuldades, como é demonstrado pelo valor da remuneração média de um trabalhador por conta de outrem de Odivelas, que recebe mensalmente 987 € (Pordata 2019). Esse valor é inferior em 219 € quando comparado com o resto de Portugal Continental, em 682 € em comparação com Lisboa ou 761 € em comparação com Oeiras.
Tem existido uma cegueira ideológica que acha que a iniciativa privada é um malefício de matriz capitalista para o concelho. Os que se opõe à iniciativa privada procuram é nivelar a pobreza nas sociedades. Para estas mentes, criar riqueza é uma profanação. Às vezes penso que agem de forma intencional, pois, assim, enquanto a população se preocupa em como alimentar a barriga vazia e juntar mais uns trocados para colocar nos bolsos despejados, não têm tempo, nem ânimo para questionar ou escrutinar as políticas e decisões de quem nos governa.
Mas, num mundo globalizado, a capacidade de atrair investimento não é uma tarefa fácil, nem está ao alcance de todos, mas tem que ser olhada como prioritária pelos executivos municipais! É por isso fundamental que os escolhidos para o exercício da gestão municipal saibam o que fazer e como o fazer.
Para captar as melhores empresas, investidores e empreendedores para os seus concelhos, cada município tem que apresentar todos os seus trunfos e argumentos para atrair investimentos. E os concorrentes deste jogo não são só os concelhos vizinhos ou da mesma área geográfica, é uma partida que se joga a nível mundial.
Face a esta competição global, os gestores municipais têm que dominar bem a primeira regra: conhecer muito bem o seu território.
Nos aspetos em que os concelhos demonstram algumas fragilidades é preciso atuar com investimentos públicos ou parcerias privadas para os eliminar ou atenuar. Quanto aos pontos fortes, estes municípios precisam de os potenciar e apresentar em ações de promoção de atração de investimento ou já em negociação com potenciais investidores.
Nesta perspetiva, Odivelas tem como pontos fracos a ausência de infraestruturas de suporte à atividade empresarial ou industrial, centros de escritórios, parques de ciência e tecnologia ou tecnopolos, incubadoras, espaços de coworking, entre outras. São estruturas fundamentais.
Da mesma forma como também é relevante a existência de universidades, centros de investigação e desenvolvimento e escolas profissionais, algo que o concelho é deficitário e teima em não promover.
Mesmo olhando para os nós de acesso às estradas de alto débito que retalham o concelho (IC17, IC22, IC16 ou A9), verifica-se que estes estão estrangulados ou não existem, e são essenciais para a circulação de bens, serviços e pessoas. Vejam-se os exemplos da Vertente Sul de Odivelas (Serra da Luz e Urmeira), Famões ou Caneças que não têm saídas diretas a estas vias e condicionam a fixação das empresas nestas zonas.
Uma das suas potencialidades é a sua centralidade, próxima dos centros de decisão, das estruturas de conhecimento, inserida na principal área metropolitana nacional, responsável por quase um quarto do mercado doméstico e com o maior poder de compra nacional, das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias. Como se pode perceber, todas as virtudes enumeradas derivam de contextos para os quais pouco ou nada este Executivo contribuiu. É a sua circunstância natural!
A segunda regra é a de ter noção das oportunidades existentes no mercado, estudando as suas tendências, os setores de futuro, as tecnologias de vanguarda e as ameaças tecnológicas ou de consumo que afetam alguns setores.
Odivelas precisa de apostar no investimento, sobretudo no chamado “Investimento Inteligente”.
Para que esta realidade seja possível a Iniciativa Liberal já deu a conhecer vários projetos que poderão alavancar o crescimento em Odivelas: o Parque de Ciência e Tecnologia na Paiã, a Área de Acolhimento Empresarial para Indústrias 4.0 em Famões, o alargamento e revitalização das zonas industriais da Paiã e da Póvoa de Santo Adrião, o HUB para as indústrias criativas, os espaços de incubação e coworking em todas as freguesias, Universidade de Ciências Agrárias, Florestais e Ambientais, dinamização da Escola Profissional de Agricultura Dom Dinis e Centro de Formação Profissional das Indústrias Alimentares, novas escolas profissionais de hotelaria e turismo e de teatro e cinema e regeneração do comércio local e dos mercados diários, dinamizando o comércio existente e agregando novas áreas de negócio.
É hora de se iniciar um novo paradigma para se alcançar o desenvolvimento, contando com todos os “atores” do concelho e garantindo uma maior equidade social, sustentabilidade ambiental e coesão territorial.
Acho que este é o caminho e para sobrevivermos enquanto concelho com futuro temos que nos posicionar na linha da frente e adotar políticas que nos guiem nesse sentido.
– Filipe Martins, Membro do Iniciativa Liberal de Odivelas