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A economia local é determinante para a qualidade de vida existente em qualquer território. Dela dependem a riqueza criada, o valor acrescentado e apropriado localmente e o emprego criado ou mantido. Nesta conformidade, as atividades económicas constituem um excelente indicador do desenvolvimento das regiões e da qualidade de vida proporcionada às populações que nelas residem e trabalham. Por outro lado, o perfil de especialização, os padrões de localização das empresas e o posicionamento nos mercados internacionais refletem as oportunidades que as aglomerações urbanas proporcionam às pessoas e organizações que aí desenvolvem a sua atividade. Deste ponto de vista, a Área Metropolitana de Lisboa (AML), na qual se insere o concelho de Loures, acumula uma série de vantagens únicas ao nível nacional: inclui a capital do país; é uma região onde se concentram os principais recursos estratégicos para o desenvolvimento; constitui-se como um polo de atração de pessoas e atividades qualificadas de outros países; e integra um número relevante de redes supranacionais de cooperação e intercâmbio. De facto, a AML representa um polo de atividade económica e de consumo de enquadramento internacional, que certamente terá uma influência direta na atividade económica, no turismo e no emprego da sua sub-região, o concelho de Loures.
Como muitas outras metrópoles, a AML encontra-se num processo de reestruturação económica, que se vem afirmando ao longo dos últimos anos e será irreversível. As alterações do perfil das atividades (fatores de competitividade e setores emergentes) sugerem a afirmação de uma base económica robusta e mais evoluída. Os padrões de localização das empresas indiciam o início da superação do modelo metropolitano excessivamente dependente de um polo central, assistindo-se à consolidação de novas centralidades periféricas capazes de atrair e incubar iniciativas inovadoras, o que deverá ser potenciador do aparecimento de novas dinâmicas no território afeto ao concelho de Loures, com visibilidade própria nos mapas económicos da Europa e mesmo do mundo.
É evidente a importância da AML na economia nacional, nomeadamente enquanto região que concentra mais de 1/4 da população residente nacional, representa um pouco mais de 1/4 do emprego e aproximadamente metade da produção empresarial nacional. Em 2019, apresentava um valor médio do PIB per capita consideravelmente superior (130,2) à média nacional (PT=100) e concentra mais de 1/3 do Valor Acrescentado Bruto nacional.
Observa-se na AML uma especialização produtiva nos “serviços empresariais”, “transporte, logística e distribuição” e “energia e ambiente”, seguindo-se as indústrias “alimentares”, as “mecânicas e eletrónicas” e “químicas”, o que lhe confere uma base robusta para o incremento de processos de industrialização em setores chave e para o aprofundamento paralelo de lógicas de cadeia de valor, em atividades integradas ao longo de toda a sua extensão. Por outro lado, diversos atores regionais e parceiros sociais, têm vindo a identificar como promissoras outras áreas de especialização, como o turismo, a economia azul e as indústrias culturais.
A AML, detentora de um nível médio de qualificação da mão de obra superior à média nacional e uma maior concentração da população ativa em atividades de investigação, desenvolvimento e inovação (ID&I), carateriza-se por ser uma das regiões com melhor “ambiente criativo”, o que se traduz numa maior capacidade para potenciar ações que visem o aprofundamento da sociedade da informação, nomeadamente através da garantia de infraestruturas de apoio à inovação com especial ênfase na dinamização das indústrias ligadas à ID&I e à cultura, que concorrem para a renovação do tecido industrial e dos fatores de competitividade. Todavia, no território afeto ao concelho de Loures, as oportunidades profissionais existentes parecem ser menos atraentes para os mais jovens e para os que têm graus de instrução mais elevados.
O potencial humano jovem existente no concelho de Loures deverá ser encarado como uma mais-valia, que deverá ser promovida e absorvida localmente, não só com a criação de maiores facilidades de acesso à habitação no concelho, mas também através do fomento de novas iniciativas empresariais. Tais medidas reduziriam a dependência de Lisboa e teriam um papel ativo na desconcentração de atividades a nível metropolitano, consolidando uma estrutura económica própria, ao nível do concelho (apenas aproximadamente 40% dos ativos residentes empregados trabalha no concelho). Neste cenário haverá necessariamente espaço para que seja estabelecida uma estratégia de desenvolvimento sustentado, que induza no território afeto ao concelho de Loures um forte crescimento económico, com a consequente criação de novos postos de trabalho, potencialmente no sector terciário, e um incremento da atratividade do concelho como destino de residência, consentâneos com a identificação de Loures como quinto maior concelho do país e terceiro na área metropolitana de Lisboa. Nos últimos anos, o concelho tem manifestado uma tendência cada vez maior para o desenvolvimento das suas caraterísticas urbanas e industriais, e mesmo de serviços, sendo um eixo de ligação estruturante e de expansão da cidade de Lisboa. A proximidade do aeroporto da Portela e do Porto de Lisboa, a par da construção, nos últimos anos, de importantes projetos rodoviários, conferem a este concelho características vocacionadas para a formação de uma nova centralidade urbana na AML.
João Calado
(Professor Coordenador c/ Agregação do ISEL)
(ex-Vereador do PSD)