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Encontramos quem se disponha a manter o brilhantismo de uma das indústrias mais importantes do século XX ainda que fatalmente tenham de aderir ao marketing dos profetas da desgraça climática, ou seja, à massificação do plástico e da utilização de metais pesados e raros – exponencialmente tóxicos e contaminantes da nossa natureza mesmo nos locais mais remotos da humanidade de onde se extraem – contra a corrente das suas próprias opiniões despejadas em programas políticos particularmente entre os países Ocidentais governados por demagogos sem qualquer experiência de vida. A Ford faz carros eléctricos? ¡Claro que sim! Em 1913, o engenheiro mecânico Henry Ford e o seu amigo e inventor Thomas Edison iniciaram a construção em série de veículos automóveis eléctricos.
Mas o construtor estadunidense está entre a elite que não se dispõe a inflectir à globalização dos veículos totalmente electrificados – e convenientemente – em virtude da ausência de evidências cientificas sobre a vantagem ecológica e o futuro da mobilidade totalmente disponível de uma só energia.
2022 e a vontade de afastar as dificuldades de uma crise global, a Ford e o parceiro Shelby lançam nova edição especial do Mustang Shelby GT500, Heritage Edition. Trata-se de homenagear o modelo original de 1967, o GT350. É brilhante por tudo o que significa, pela qualidade que se sente. E nem precisa de ser o Mustang Shelby mais potente para nos fazer subir a adrenalina nos primeiros minutos. O meu entusiasmo avivou-se a partir do momento em que o tive à mão, apesar das limitações impostas pelo particular como não fotografar o exterior (apenas o vão do motor e o interior) reportando-me para fotografias dele que já circulam no ciberespaço à data muito recente e sua tímida apresentação. Estamos perante uma versão que será muito limitada no número de exemplares tal como aconteceu com o “Saleen GT 550 SC Extreme” (alguns dos leitores recordarão a pequena nota que aqui escrevi…), e só por isso se torna numa joia, muito mais que a questão dos cerca de 80 mil dólares (preço mais alto) que a Ford EE.UU. pediu por ele.
Como habitualmente esta parceria fá-lo exemplarmente: mantém o modelo o mais nostálgico possível, cedendo o quanto baste às novas exigências da tecnologia de comunicação e entretenimento. E, naturalmente, mantendo-lhe o alumínio e os compósitos como matéria-prima essencial como só nós – apaixonados desta indústria – apreciamos a sua singularidade. Afinal, trata-se de um super-desportivo para puro prazer de conduzir e desfrutar do meio ambiente, mas também um veículo com imensas exigências de condução se nos entusiasmarmos, sem espaço para distracções. Um automóvel que incorporar o que de mais tecnológico existe no controlo das emissões de poluentes e com o excepcional dispositivo de revisão do som do motor.
A Ford – e bem como algumas outras marcas concorrentes de ponta a este nível – persiste em não banalizar um interior precioso, enchendo-o de écrans enormes onde se visualizam todos os conteúdos que nos habituámos a ter no smartphone. Tão pouco estamos perante um veículo com condução totalmente autónoma. Ford Mustang Shelby GT500 Heritage Edition é um desportivo muito especial destinado a muito poucos apesar de estar ao alcance da classe média estadunidense e de alguns outros países, onde as oportunidades são por enquanto mais abrangentes. Um Mustang é como um Ferrari, um Porsche 911, um Aston Martin: automóveis com carácter e interiores de qualidade mas relativamente espartanos sem aqueles adornos que os mais puristas apelidam de ‘arvores de natal’ que acabam por ‘matar’ os bons luxos como as melhores peles, mais alumínio que plástico, enfim os tais toques de classe…
Ford entrega carro novo.
Shelby desmonta, ilusiona e monta
As diferenças relativamente às últimas versões GT e Mach 1 V8 de 5 litros configuram-se na cilindrada, mais potência que passa de 450 cv do GT ou dos 460 do Mach1 para 760 cavalos (ainda que se possam propor variantes de 475 e 500 cv) por melhoramentos tecnológicos no diâmetro e curso do motor V8 que se vê aumentado para 5,2 litros, na admissão, na caixa de velocidades automática que, ao contrário das 10 marchas é substituída por uma caixa electro-mecânica automática sequencial de 7 marchas. Obviamente que se trabalhou a gestão electrónica; as suspensões e o sistema de travagem, onde se podem encontrar discos da brasileira Fremax, pastilhas Cobreq e ou Textar e bombas Wilwood ou Brembo.
Depois, a combinação de cores exclusivas com acabamento Brittany Blue e com o formalismo nostálgico de adicionar as duas faixas, neste caso em concreto pintadas manualmente e nas tonalidades Wimbledon White ou Absolute Black.
Nos Estados Unidos pode comprar-se esta série do Mustang Shelby num intervalo entre os 76.800 a 77.600 dólares. Ainda assim abaixo das versões Shelby de 918 e 1.000 cavalos que ultrapassam os 150.000 dólares.
Mas no universo dos super-desportivos Norte-americanos 2+2 de 3 volumes a que chamamos de coupé há outros três concorrentes de peso: Dodge Challenger Hellcat que integra um motor Hemi V8 de 6.2 litros que produz 717 cavalos; e o Chevrolet Camaro ZL1 1LE também com um motor de 8 cilindros em V de 6,2 litros mas com uma potência de (apenas) 650 cavalos.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)