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De entre os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa a norte do Tejo apenas podemos considerar atualmente como verdadeiros satélites os da Amadora, Loures e Odivelas.
Todos os restantes, têm vindo a emancipar-se, tendo criado as suas próprias dinâmicas de desenvolvimento, rasgando a forte dependência de Lisboa.
Mas, mais grave, dos 3 concelhos referidos, apenas Odivelas é o que continua a servir de morada aos trabalhadores de Lisboa e dos concelhos envolventes, pois, como já referi em artigos anteriores, não tem um tecido empresarial que lhe permita criar emprego e desta forma fixar a sua população ativa, nem teve a capacidade de atrair investimento empresarial, levando a constantes movimentos pendulares casa/trabalho.
O fenómeno que afetou Odivelas, não resultou só da descompressão de Lisboa e na procura de habitação mais barata, foi também uma consequência do êxodo rural, devido ao abandono do interior na década de 60, do regresso de portugueses das ex-colónias no pós-25 de Abril, do baby boom da década de 70 e inícios de 80, sem esquecer a vinda de imigrantes dos PALOP e do Brasil e, mais recentemente, da Ásia.
Isto tem conduzido a uma excessiva densidade populacional, com um aumento brutal da área construída, muita de génese ilegal, sem ordenamento ou garantias de coesão social e sem que os poderes autárquicos tivessem qualquer intervenção para mitigar estes efeitos.
Não existiu preocupação com a qualidade do edificado e do espaço público, não houve preocupações de integração social e tem-se verificado uma ausência de infraestruturas adequadas de saúde e de educação.
Tem gerado problemas sociais e económicos graves, para os quais se mostra necessário uma atuação rápida, de forma a evitar fenómenos mais graves, idênticos ao que assistimos nas periferias de Paris ou Londres.
Objetivamente, Odivelas tem desconsiderado esta realidade e nem sequer se pode afirmar que se tem tentado inverter este paradigma. São muitos anos de governação socialista, anteriormente comunista, quando integrava o concelho de Loures, que demonstram a incapacidade de promover políticas publicas locais que melhorem a qualidade de vida das pessoas e o seu nível de vida.
É por isso fundamental garantir políticas locais que conduzam a uma melhoria da qualidade de vida, com mais tempo para o lazer, para estar com família e amigos e com melhorias no bem-estar, nomeadamente na saúde física e mental, sendo o Ordenamento, a promoção do Empreendedorismo e criação de Emprego e os Transportes setores fundamentais representativos dessas políticas locais.
Para esta melhoria da qualidade de vida é preciso regenerar o edificado habitacional, garantir habitação digna para todos e qualificar e revitalizar o espaço público, com novas zonas verdes, parques para a prática desportiva e uma oferta cultural que possa ser desfrutada sem necessidade de deslocação para outros concelhos, elementos que constituem políticas de ORDENAMENTO viradas para as pessoas.
A este propósito, sendo Odivelas um concelho com inúmeras comunidades imigrantes, que representam 11% da população, 17 mil em 160 mil habitantes, há que assumir políticas que permitam integrar estas populações no território, em que estas possam praticar e partilhar as suas culturas e religiões. O desconhecimento das suas vivências sociais, culturais e religiosas leva ao preconceito e este leva à segregação, originando conflitos sociais e insegurança. A liberdade cultural e religiosa é uma bandeira liberal desde os seus primórdios.
Outro eixo que permite alcançar este objetivo, a melhoria da qualidade de vida dos odivelenses, é através do fomento do EMPREENDEDORISMO, com a criação e instalação de novas empresas, que levem à existência de EMPREGO qualificado, que possa permitir um aumento dos salários médios dos seus habitantes e com isso melhorar as suas condições de vida e disponibilidades financeiras. Para promover o emprego qualificado e o conhecimento tem que se incentivar a criação de parque de ciência e tecnologia ou tecnopolos, ancorados em boas estruturas de ensino. Para aumentar o poder de compra destas populações também é necessário reduzir impostos, só possível com o emagrecimento do Estado, que é um mau gestor e um sorvedouro de dinheiro e recursos.
A aposta na criação de redes de TRANSPORTES públicos sustentáveis e adequados às necessidades das populações, garantindo proximidade e de forma a evitar o desgaste provocado por filas de trânsito, problemas e custos de estacionamento, excesso de transbordos entre modalidades de transportes, circunstâncias que se prevê que venham a agravar-se com a linha circular do metro, passando Odivelas a ter como destino o Campo Grande/Telheiras, tornando-se ainda mais periférica.
Estou convicto que os princípios de atuação liberais têm uma importância nuclear na resolução dos problemas dos concelhos denominados de satélites e do abandono a que este foram votados. Arrisco-me mesmo a dizer que a matriz liberal de intervenção é a única que permite inverter tal fenómeno, porque é a única filosofia política que coloca as pessoas como prioridade, com capacidade de promover a melhoria da qualidade de vida e respeitando as suas liberdades individuais.
– Filipe Martins, Membro do Iniciativa Liberal de Odivelas