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O turismo é uma atividade fundamental pela sua capacidade própria de gerar riqueza, criar postos de trabalho, estimular o desenvolvimento regional e, pelo seu potencial de valorização dos ambientes natural e cultural, exercer um efeito multiplicador sobre toda a economia. O turismo representa hoje um setor económico consolidado e relevante na área metropolitana de Lisboa, com expressão nas formas mais modernas da procura turística internacional, como os City Breaks, o Turismo de Negócios e de Cruzeiros, o Golfe, o Turismo de Natureza e o clássico Sol & Mar.
Efetivamente, as mudanças no mercado turístico e a necessidade de novas estratégias que respondam aos desafios atuais e futuros reclamam políticas capazes de responderem aos problemas de reestruturação económica, social e ambiental nas zonas urbanas e rurais, bem como desenvolver o turismo com o objetivo de atrair investimento, promover o crescimento económico e gerar emprego. Este paradigma terá de ser suportado por um conjunto de medidas tais como a contribuição para o desenvolvimento económico e social das comunidades locais, a preservação e potenciação do património histórico-cultural, a sustentabilidade económica do turismo e a maximização de benefícios para o ambiente e redução dos impactos negativos, na gestão da água ou na biodiversidade.
Todavia, assiste-se a uma mudança profunda ao nível do relacionamento entre os atores da área de negócio do setor do turismo causada, sobretudo, por fenómenos como as redes sociais ou a proliferação de aplicações móveis. A capacidade de escrutínio e poder negocial do turista obrigam ao domínio das tecnologias de informação, sob risco da perda de visibilidade e relacionamento com o mercado. Neste âmbito, as potencialidades turísticas disponíveis no concelho de Loures estão ainda num estado muito embrionário castrador do seu desenvolvimento. É assim de primordial importância dispor das ferramentas e conhecimento que permitam atuar neste cenário, desenvolvendo estratégias de comunicação e distribuição que respondam a estes novos desafios. A capacidade de diferenciação da oferta, evitando a dependência de um número reduzido de canais de distribuição centrados em estratégias de preço, é apontada como vital para as empresas e destinos turísticos. Torna-se assim de primordial importância desenvolver um trabalho em rede, à escala do destino, obtendo massa crítica e sinergias que concretizem a proposta de valor e capitalizem o destino Loures.
Para além dos eventos que atualmente se realizam regularmente no concelho de Loures com interesse turístico, dos monumentos existentes com um forte simbolismo histórico e dos museus existentes no concelho, são de realçar as características do território que lhe está afeto relativamente às potencialidades que lhe estão associadas para a realização de atividades que se inserem no domínio do Turismo Cultural e Paisagístico, o qual se carateriza pela fruição dos recursos turísticos – culturais, patrimoniais e paisagísticos – de modo itinerante, em que a viagem, mais do que o meio de ultrapassar as distâncias que separam os locais de partida e de destino do turista, constitui, também ela, uma atração. Isto é, a viagem faz parte do produto, podendo constituir-se numa multiplicidade de experiências marcantes para o turista.
No território afeto ao concelho de Loures podemos encontrar um vastíssimo geopatrimónio potenciador da criação de percursos geoturísticos, tendo como fundamental objetivo promover o património natural abiótico atribuindo-lhe o seu devido valor.
Todavia, urge promover o seu conhecimento, conservação e promoção, inserindo-os num contexto de divulgação turística dos valores concelhios a geoturistas e outros setores da população interessados em atividades na natureza. Efetivamente, neste concelho, localizado na periferia a norte de Lisboa, contrastam duas realidades bem distintas, o sector norte onde o espaço rural domina numa paisagem de relevo acidentado e o sector sul onde o meio urbano tem vindo a ganhar progressivamente maior dimensão, dada a sua proximidade à metrópole lisboeta. Tal localização confere a este município uma considerável vantagem no que respeita ao geoturismo pois, além de possuir um leque de geossítios com importante valor geopatrimonial, inseridos num meio natural (que integra tanto paisagens cársicas como de origem vulcânica), beneficia de uma proximidade à grande massa populacional citadina para a qual a disponibilização, a escassos quilómetros, de novas formas de explorar a natureza e conhecer o território se pode tornar verdadeiramente atrativa. O município de Loures é favorecido por integrar no seu território um conjunto de características físicas (tectónica, litologia, hidrologia) que conduziu ao desenvolvimento das mais variadas geoformas, com particular realce para as de génese cársica e vulcânica, dotadas de um elevado valor turístico. Estão identificados um total de 20 sítios com interesse geopatrimonial e 3 sítios com interesse arqueológico.
Todavia, apesar da proximidade à cidade de Lisboa, com um vastíssimo leque de oferta em termos de estabelecimentos hoteleiros de apoio à permanência dos visitantes, a promoção das atividades económicas associadas ao setor do turismo no concelho de Loures seria certamente bastante facilitada se existissem no concelho equipamentos hoteleiros com qualidade e em quantidade que proporcionassem aos visitantes condições para a sua permanência no território que lhe está afeto.
João Calado
(Professor Coordenador c/ Agregação do ISEL)
(ex-vereador do PSD)