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Editorial
É sabido da falta de médicos de família – Em Odivelas e Loures são dezenas de milhar de Cidadãos que recorrendo ao SNS não têm atribuído um médico que os acompanhe, que seja o seu médico de família. É sabido também que muitos dos médicos ao serviço do SNS aproximam-se da idade da reforma.
Portanto o problema, na ausência de medidas de fundo, tem tendência a agravar-se.
A somar a toda esta situação os CATUS deixaram de funcionar diariamente a partir das 18h, o que vem agravar a situação das urgências nos hospitais, que são a única opção que resta à população em geral que não pode pagar a medicina privada.
Tem esta matéria uma especial atualidade, depois das declarações polémicas do presidente da câmara de Odivelas, que afirmou na última reunião da CM de Odivelas: “«sou contra o aumento da valorização da carreira médica…», «mesmo que haja mais incentivos na administração pública, a seguir o setor privado dobrava a parada, pagava mais»”… (pode ouvir aqui: https://fb.watch/dh2CA5MkZ1/)
Como seria de esperar estas declarações não caíram bem em muitos setores mas pode ser que tenham a virtude de pressionar o Governo atual a tomar as decisões que se aguardam há dezenas de anos…
Ora esta situação de falta de médicos no SNS precisa de soluções de fundo e, não inventando nada, parece-me evidente que por um lado precisamos de mais médicos formados anualmente e por outro precisamos que haja um número mínimo de anos de serviço ao Estado através do SNS que retribua as somas elevadas que o mesmo Estado (todos nós) investimos na formação de um médico.
Temos o exemplo dos pilotos da Força Aérea que não podem tirar o curso e depois saltar de imediato para a aviação comercial, exatamente para retribuírem o investimento da FA na sua formação.
Portanto, para além de um número de anos de serviço no SNS, o que nos garante mais médicos de família, haverá que, para alcançar o segundo objetivo, diminuir as médias de acesso às Faculdades de Medicina. Porventura baixar a média de acesso para 17 seria suficiente para garantir o número de licenciados anuais que poderiam inverter o atual quadro mas, quem no governo define estas matérias terá com certeza números que lhe permitam saber qual o número mínimo de médicos que se deverão formar anualmente e a relação direta com as médias de ingresso.
Esta é uma decisão de Estado em que nem Sindicatos ou Ordens se poderão opor, a bem do interesse Nacional que está muito acima dos interesses de classe.
Tem faltado muita coragem aos governantes do Portugal Democrático e o Povo é que sofre.
- António Tavares, Diretor