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O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que «Portugal é o parceiro comercial certo para os desafios e as oportunidades» das transições climática e digital, devido ao seu investimento nas energias renováveis, mas também à centralidade ganha pelas interconexões digitais.
António Costa, que discursava na cerimónia de abertura da feira de Hannover, que escolheu este ano Portugal como país parceiro, que inaugurou com o Chanceler alemão Olaf Scholz, disse que o futuro da indústria «depende da nossa capacidade para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da dupla transição verde e digital».
«A pandemia, primeiro, e a terrível guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, agora, mostraram-nos que não há outra escolha a não ser acelerarmos esta dupla transição», disse.
O Primeiro-Ministro, que falava para milhares de empresários alemães, lembrou que o investimento português na transição verde «começou há muito tempo». «Por isso, não ficámos surpreendidos quando a Comissão Europeia posicionou Portugal como o país da União mais bem preparado para cumprir os objetivos climáticos de 2030».
Energias renováveis
«As energias renováveis representam já 58% da nossa produção de eletricidade e estamos comprometidos em atingir os 80% até 2026. Somos uma referência mundial em soluções de engenharia verde», sublinhou.
António Costa referiu que «o pipeline de novos investimentos cresce todos os dias, em particular com o hidrogénio verde na linha da frente». «Estamos a implementar novas soluções no porto de Sines, para assim contribuirmos para a segurança e diversificação das fontes de fornecimento de energia a toda a Europa».
«E, a médio prazo, tendo em conta a nossa destacada posição de partida, as nossas excelentes condições naturais e as interconexões planeadas, Portugal será um grande exportador de hidrogénio verde», acrescentou.
Centralidade digital
Quanto à transição digital, destacou que Portugal «ganhou uma nova centralidade» através do cabo submarino EllaLink, que «amarrou na costa portuguesa ligando a Europa à América do Sul», e do cabo Equiano que chegou há alguns dias a Portugal para ligar a Europa a vários países da África, e do cabo 2Africa que, no próximo ano, «assegurará, a partir de Portugal, a ligação da Europa à África».
«Numa palavra, Portugal está ligado através de cabos submarinos diretos a todos os continentes e ainda ao Reino Unido. Isto traduz-se em ligações de alta qualidade, rápidas, estáveis e seguras, que atraem centros de dados e outras empresas digitais», disse.
O Primeiro-Ministro referiu ainda que, para além de boas infraestruturas, Portugal tem a «terceira maior taxa de licenciados de engenharia da Europa», um «ecossistema dinâmico de inovação que atrai centros de investigação, de desenvolvimento e de serviços de todo o mundo», cujo número duplicou nos últimos seis anos.
País inovador
«Em Portugal, dispomos de centros de inovação digital e de zonas livres tecnológicas para testes e demonstração de novas tecnologias. Produzimos componentes fundamentais para indústria de microchips e desenvolvemos tecnologias de produção inovadoras nos campos de fabrico inteligente, de inteligência artificial e da Internet das coisas», apontou ainda.
António Costa disse aos empresários alemães que, na feira de Hanover, poderão conhecer o «dinâmico ecossistema digital» português, assim como as suas «tecnologias de produção mais inovadoras».
«Que recuperação!»
O Chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que, «nos últimos anos, Portugal tem escrito uma história de sucesso económico impressionante. Que recuperação depois dos anos difíceis de crise económica e financeira!», no seu discurso na cerimónia de abertura da feira de Hannover.
Olaf Scholz disse que Portugal «tem feito grandes progressos na tecnologia, digitalização e transição energética». «Lisboa tornou-se num dos epicentros europeus para start-ups e para os nómadas digitais em todo o mundo», acrescentando que «smartphones e pranchas de surf, é uma combinação que funciona».
O Chanceler alemão disse ainda que os Governos liderados por António Costa têm «investido de forma maciça na capacidade inovadora de Portugal, com institutos de investigação de ponta, como por exemplo, o Instituto Fraunhofer a ficarem atraídos por Portugal».
«Ao longo dos últimos anos, surgiram numerosas novas cooperações entre empresas: mais de 600 empresas alemãs estão ativas em Portugal. Não são apenas grandes empresas internacionais, como a Volkswagen, Siemens e Continental, mas também pequenas e médias empresas. Tal deve-se ao bom clima que encontram em Portugal, tanto para investir como para passar férias», acrescentou.
Exportar 50% do PIB
Num encontro com empresários portugueses presentes na feira de Hannover, onde estão, este ano, 109 empresas portuguesas, o Primeiro-Ministro afirmou que o Governo pretende que as exportações representem mais de 50% do Produto Interno Bruto português em 2030.
António Costa sublinhou que a escolha de Portugal como país parceiro do certame é uma enorme oportunidade para as empresas portuguesas, uma vez que se trata da «maior montra mundial de quem produz ou presta serviços para a indústria», e esta presença «irá, seguramente, alavancar o aumento e o crescimento das exportações portuguesas».
«Para o País é também da maior importância, porque temos todos uma meta, que é, nesta década, garantirmos que as exportações passam a representar mais de 50% do nosso Produto Interno Bruto, e isso só se faz tendo cada vez serviços e bens de maior valor acrescentado», sublinhou.
Contexto favorável
O Primeiro-Ministro disse que Portugal tem «todas as condições para o conseguir», porque «o contexto favorece-nos», por ser «um contexto de reindustrialização da Europa, de transição energética, de transição digital e no qual, portanto, vai ser necessário adquirir cada vez mais produtos e serviços como aqueles que vocês produzem ou prestam».
O convite para Portugal ser país parceiro da feira «ocorre num momento particularmente importante», pois é «um momento em que em toda a Europa se procura encurtar as cadeias de valor e reforçar a capacidade industrial, em que todas as empresas industriais estão a investir fortemente na sua automação, e em que a indústria tem que acompanhar o esforço do conjunto da sociedade para a sua sustentabilidade e está a investir fortemente em novos paradigmas energéticos», disse.
Reconhecimento da excelência
Este convite, também se deveu à «excelência dos bens e dos serviços» que as empresas portuguesas produzem, e o seu «reconhecimento foi o que levou a que Portugal fosse escolhido para país parceiro».
«Há muitos anos que Portugal está aqui – em média temos cerca de 40 empresas –, mas este ano temos mais do dobro: mais de 100 empresas portuguesas vão estar aqui nas mais diferentes formas de ajudar as indústrias a serem cada vez mais competitivas, mais produtivas, mais sustentáveis», referiu.
António Costa recusou a ideia de que Portugal produz essencialmente serviços, lembrando que 70% das exportações portuguesas são de bens e os restantes 30% são de serviços, e que a primeira fileira de exportações é a metalomecânica.
O Primeiro-Ministro desejou aos empresários presentes «muitos e bons negócios, e que isso contribua para atrair investidores para Portugal, mas sobretudo para encontrarem novos mercados, novos clientes e que ajudam o país a exportar mais e a crescer também cada vez mais, puxado pelas exportações».
António Costa é acompanhado pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, pelos Secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, e do Ambiente e da Energia, João Galamba. No dia 30 de maio de manhã, o Primeiro-Ministro e o Chanceler alemão visitarão a feira.