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    Desenvolvimento Económico de Loures: Desafios e Oportunidades

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    O poder local, por intermédio das câmaras municipais e juntas de freguesia, pode e deve constituir-se como veículo privilegiado na difusão e implementação de processos consistentes de Desenvolvimento Sustentável. Estes processos são mais facilmente implementáveis em contexto autárquico, devido à natureza das suas funções orgânicas e eminentemente sociais.

    A Área Metropolitana de Lisboa (AML) apresenta um nível médio de qualificação da mão de obra superior à média nacional e, nesse sentido, é possível desenvolver vetores de ação que tenham em vista o aprofundamento da sociedade da informação e a garantia de infraestruturas de apoio à inovação para a renovação do tecido industrial e dos fatores de competitividade regional, com especial destaque para as indústrias ligadas ao conhecimento e à cultura. Os efeitos esperados são difusos e deverão estar presentes em toda a AML e aos quais deverá ser dada especial atenção pelos órgãos de gestão autárquica no município de Loures. Nesta perspetiva, podem ser definidas políticas de base municipal, com o objetivo de ancorar os projetos na área territorial afeta ao concelho de Loures. Ganha especial relevo a possibilidade de criar condições favoráveis ao desenvolvimento das atividades de I&D, com a finalidade de fomentar as atividades empreendedoras e potenciar o seu crescimento endógeno.

    Mais do que uma ameaça, o envelhecimento populacional que se verifica no concelho de Loures constitui uma oportunidade para reforçar o desenvolvimento de clusters emergentes no sector terciário, como sejam as atividades ligadas ao turismo e à saúde, enquanto indústrias de exportação de serviços com grande potencial de valor acrescentado. A sua associação à investigação e à inovação podem ainda constituir fatores de desenvolvimento de serviços ligados à indústria do conhecimento – como as indústrias criativas – capazes de atrair um capital humano com elevados níveis de qualificação.

    O território municipal, com os seus recursos e potencialidades, desempenha uma função determinante na competitividade nacional. Efetivamente, o concelho de Loures insere-se na 1ª coroa envolvente da cidade de Lisboa, onde se tem vindo a equacionar a modernização de todas as infraestruturas e equipamentos que irão fazer o futuro da capital, como metrópole europeia. Torna-se de grande importância avaliar quais as medidas e ações estratégicas a propor para o concelho, de modo a reforçar as suas especificidades e centralidades intra-metropolitanas, maximizar os seus recursos, contribuir para a correção de assimetrias e permitir o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações.

    A diversidade territorial do concelho de Loures faz com que as linhas estratégicas para o seu desenvolvimento socioeconómico tenham subjacentes orientações diversas, em função das diferentes realidades em que se enquadram e que, em termos operativos, coincidem com as 5 grandes Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) para o concelho (UOPG A a E), dando resposta às grandes preocupações estratégicas de desenvolvimento municipal, que correspondem às suas unidades territoriais fundamentais e que cobrem a totalidade da área do município: UOPG A – Norte Rural – Área norte do município, de cariz maioritariamente rural, em que predominam espaços agrícolas e florestais. Integra a parte ocidental da freguesia de Loures, uma faixa a norte da associação de freguesias de Santo Antão do Tojal e São Julião do Tojal e a totalidade das freguesias de Lousa, Fanhões e Bucelas; UOPG B – Várzea e Costeiras – Área correspondente à várzea de Loures, abrangendo a planície aluvial do rio Trancão e a confluência deste com os seus principais afluentes, e às costeiras, compreendendo as vertentes contíguas à várzea de Loures a Sul e Nascente; UOPG C – Loures – Área correspondente à cidade de Loures e envolvente, integrando os perímetros urbanos que mantêm com esta uma relação funcional mais direta, destacando-se Frielas, Pinheiro de Loures, Guerreiros, Moninhos, Tojalinho, Murteira, Mato Antão e Casal da Serra; UOPG D – Eixo Logístico – Área correspondente ao eixo logístico do MARL e envolvente poente, abrangendo os perímetros de atividades económicas e os perímetros urbanos dos Tojais, Pintéus, Zambujeiro, A-das-Lebres, Manjoeira e São Roque.; UOPG E – Oriental – Área correspondente ao perímetro urbano de Sacavém, estendendo-se do núcleo central de Sacavém para Norte ao longo do Tejo e da A1 até ao município de Vila Franca de Xira, integrando ainda uma 1ª coroa que faz fronteira com Lisboa e que integra as localidades de Moscavide, Portela, Camarate e Prior Velho e ainda mais a Norte os perímetros urbanos de Apelação e Unhos.

    As Linhas de Torres apresentam um conjunto de elementos que carecem de um melhor aproveitamento para exploração turística pelo seu papel na defesa de Portugal aquando das Invasões Francesas, sendo por isso um bem patrimonial com alguns sinais de degradação com interesse em preservar. As caraterísticas das Linhas de Torres podem ser aproveitadas e potenciadas, não só do ponto de vista turístico; talvez, com obras de recuperação e um grande esforço de promoção, as Linhas possam ser candidatas a Património da Humanidade.

    As potencialidades do território, no que se refere ao geoturismo, podem constituir um fator de elevada importância para a promoção das atividades económicas do concelho de Loures ligadas ao turismo, para além de contribuírem para um melhor conhecimento do património cultural existente no concelho e sua preservação.

    João Calado

    (Professor Coordenador c/ Agregação do ISEL)

    (ex-Vereador do PSD)

    (Publicado no Semanário NoticiasLX de 4/Junho/2022)

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