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O concelho de Loures é caraterizado por uma densidade urbana não uniforme, localizando-se a sudeste áreas bastante urbanizadas, onde não é expectável a identificação de geossítios, e áreas rurais a norte, cujo potencial geopatrimonial é bastante maior, estando referenciados os locais a seguir indicados:
- Afloramentos de Montemor;
- Chaminé Vulcânica do Cabeço de Montachique;
- Gruta das Salemas;
- Penedo da Toupeira;
- Penedo do Gato;
- Penedo Mouro;
- Vale da Ribeira de Casaínhos e Cabeços Adjacentes.
Os Afloramentos de Montemor são constituídos por dois geossítios, designados por Afloramento Intrusivo de Montemor e Alto da Pena, incluídos num troço que se desenvolve entre Montemor e A-dos-Calvos. O primeiro, localizado a noroeste da povoação de Montemor, carateriza-se por blocos de rocha traquítica à superfície, constituída essencialmente por feldspato alcalino, com características diferenciadoras das restantes rochas vulcânicas, nomeadamente as basálticas. Os valores científico e cénico deste geossítio estão associados à sua expressividade enquanto geopaisagem e ao tipo de geoformas que podem ser observadas. O Alto da Pena corresponde a um afloramento calcário cuja elevação se deve à ação compressiva efetuada pela intrusão traquítica, que levantou e deformou as formações mais antigas. Esta compressão originou o destaque deste afloramento na paisagem, conferindo-lhe valor acrescentado em termos paisagísticos.
A chaminé vulcânica do Cabeço de Montachique integra um conjunto de elementos com interesse geopatrimonial, atribuindo a este sítio elevado valor científico, didático e paisagístico. A área correspondente à chaminé vulcânica do Cabeço de Montachique localiza-se a noroeste do concelho e diferencia-se pela sua elevação relativamente à paisagem envolvente, sendo o ponto mais elevado do concelho com uma altitude de 409 m. Esta chaminé vulcânica é uma das mais caraterísticas entre as conservadas em todo o Complexo Vulcânico de Lisboa.
A Gruta de Salemas tem sido mencionada como um dos mais relevantes geossítios referenciados no concelho de Loures. Esta gruta, apesar de não ser única no município, carateriza-se por ser a de maior dimensão e profundidade e de integrar um conjunto relevante de formas de pormenor, nomeadamente espeleotemas.
O Penedo da Toupeira localiza-se na vertente nascente do vale do rio de Lousa e constitui uma zona de elevado interesse em termos de geomorfologia cársica. Esta unidade territorial tem sido referenciada com interesse geopatrimonial devido essencialmente à presença de um extenso afloramento calcário, no qual se desenvolveram geoformas caraterísticas das regiões cársicas, conferindo a esta zona valor científico e paisagístico.
Ao Penedo do Gato tem também sido atribuído interesse geopatrimonial pelo facto de se destacar da paisagem envolvente e ser caracterizado por um modelado cársico que assume enorme expressividade, nomeadamente a meio da vertente norte, onde foram identificados dois geossítios: o afloramento calcário da Gruta do Penedo do Gato (este da vertente norte) e o afloramento calcário da Serra da Carva (oeste da vertente norte). Este geossítio, além da sua importância enquanto geopaisagem, inclui um conjunto de formas cársicas que lhe atribuem elevado valor científico, tornando-o num dos sítios com maior valor geopatrimonial do concelho de Loures.
O Alto do Penedo Mouro tem sido referenciado como local de interesse geopatrimonial por corresponder a uma área topograficamente elevada com características particulares que se diferenciam no território e na paisagem. Este geossítio localiza-se junto à fronteira entre os concelhos de Loures e Mafra, numa zona elevada, entre uma vertente inclinada e um topo relativamente plano dominado por solos agrícolas. Ainda que a génese deste Penedo se deva essencialmente à atividade vulcânica que aqui ocorreu há dezenas de milhões de anos, dando origem ao Complexo Vulcânico de Lisboa, os seus valores científico e paisagístico (entre outros) resultam essencialmente da diversidade de formas cársicas patentes ao longo de afloramentos calcários.
O Vale da Ribeira de Casaínhos e Cabeços Adjacentes incluem os cabeços que se localizam ao longo do troço do vale entre o Cabeço de Montachique e Fanhões, nomeadamente os Cabeços da Torre e o Alto das Tomadas, a norte, e os Altos dos Matinhos, da Fontainha e das Toracas, a sul. Os correspondentes elementos de interesse geopatrimonial estão patentes nos topos nas vertentes e no fundo do vale, conferindo a esta área um grande valor cénico. Foram identificados três geossítios de caraterísticas muito diferentes, correspondendo a paisagem geologicamente heterogénea: Cabeços da Torre Besoeira; Fundo do Vale da Ribeira de Casaínhos (Fanhões); Deslizamento Complexo de Fanhões. Os Cabeços da Torre Besoeira, exibem um relevo residual de duas chaminés vulcânicas, sendo de realçar a imponente parede de constituição basáltica escavada no topo da vertente sul da chaminé vulcânica localizada a oeste. O Fundo do Vale da Ribeira de Casaínhos (Fanhões) tem sido considerado como um dos sítios do concelho mais interessantes para a prática de turismo de natureza. Apesar do seu valor cénico, divulgado em sítios na internet relacionados com a prática do Geocaching, é também dotado de valor científico raramente mencionado na literatura. A geomorfologia deste fundo de vale é fortemente condicionada pela erosão hídrica sendo que, neste caso, a água tem vindo a desempenhar um papel construtivo, esculpindo a rocha calcária, nomeadamente junto à localidade de Fanhões.
João Calado
(Professor Coordenador c/ Agregação do ISEL)
(ex-Vereador do PSD)