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Quando falamos em EUROPA, de que estamos a falar ? Europa Geográfica ? Europa Geológica ou Europa Politica?
O termo Europeu ou – Europeenses – “designando os povos do nosso continente como um todo cultural, religioso, unido contra o mundo muçulmano (Resende, Silva “Raízes, Mil anos de Portugalidade”, 2002, pag.49)”, surgiu pela primeira vez, na Península Ibérica, palco da resistência, ás invasões muçulmanas, tendo sido já na Gália, onde os francos, um povo germânico, desbaratou as tropas de Abd-er-Raman, o líder muçulmano. Depois foi a reconquista cristã, onde o papel do povo luso foi decisivo, abrindo caminho á consolidação do ideal europeu, travando e expulsando os muçulmanos da Península Ibérica, com sangue suor e lágrimas, sob a liderança de D. Afonso I, e epílogo de D. Sebastião, que com o seu sacrificio em Al Kacer-Quibir, os portugueses colocaram um ponto final ás pretensões muçulmanas de conquistarem a Europa. Somos pois credores liquidos da Europa.
Daqui se retira, então, que a ideossincrezia da “Europa”, se escora no factor religioso, concretamente o ideal cristão.
Mas vejamos, primeiro o que é a Europa Geográfica. Esta conta com cerca de 50 países, e de entre eles dois têm território, para além do europeu, também asiático (Russia e Turquia). Aqui se falam cerca de 60 línguas nacionais, por cerca de 750 milhões de pessoas. A delimitação, entre a Europa e a Àsia, foi formalmente estabelecida em 1750, século XVIII, nos montes urais, Rússia, consequentemente, a Capital da Rússia, Moscovo, e cerca de 1/3 do país, ficam na parte europeia.
Mas se considerarmos a Europa Geológica, surpreendentemente se percebe que a Europa não é um continente, mas apenas uma península do continente asiático.
Já, a mais falada, é a Europa Politica, e aqui existem várias Europas, sendo a mais significativa , a União Europeia.
A União Europeia, hoje, é uma entidade de direito internacional, que agrega 27 países, 24 línguas nacionais, falada por cerca de 440 milhões de pessoas, e com uma moeda única, á qual 6 paises não aderiram. O embrião desta “babel” foi o tratado económico do benelux (Bélgica, Holanda e Luxemborgo), gizado em 1944, antes mesmo do fim da segunda guerra mundial, cujos resultados foram tão promissores, que impulsionaram o tratado de Paris, em 1951, instituindo a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), na esteira, aliás, da declaração do ministro dos negócios estrangeiros de França, Robert Schuman, em 1950, preconizando uma federação europeia, considerado o pontapé de saída da constituição da CEE (Comunidade Económica Europeia), o que viria a tornar-se realidade, com a agregação ao BENELUX da Alemanha Ocidental França e Itália, formando então a CEE, escorada no Tratado de Roma de 1957, e simultaneamente, a formalização do Euratom, Comunidade Europeia para a Energia Atómica. A CEE era vista, então como um clube de países de elite. Os sucessivos alragamentos, espelham o êxito da CEE (dos 6 iniciais, juntaram-se-lhe: em 1973 a Grá-Bretanha, Dinamarca e Irlanda, passando a 9, depois em 1981 a Grécia, em 1986 Portugal e Espanha, em 1995 Áustria, Finlândia e Suécia, em 2004 a Eslovénia, Eslováquia, República Checa, Chipre, Estónia, Letónia, Malta, Polónia, Lituânia, Hungria, em 2007, ano em que foi assinado o Tratado de Lisboa instituindo a União Europeia, entraram a Bulgária e Roménia, 2014 a Croácia. Como não há bem que sempre dure, em 2020 a Inglaterra abandonou a UE. Mas se há quem abandone, também há quem queira entrar, e são eles: Albânia, Macedónia, Islândia, Montenegro, Sérvia, estes já com o estatuto de candidatos á alguns anos, e como potenciais candidatos o Kosovo e a Bósnia Herzegovina. Dificilmente o Kosovo será aceite porque Espanha está entre os países que ainda não o reconheceram como país.
No dia 23 de Junho de 2022, o Conselho Europeu aprovou a concessão do estatuto de país candidato a mais dois países, a Ucrânia e a Moldávia.
A particularidade de um destes países, sob ocupação militar de outro país agressor, com território ocupado, e a integrar na federação do país agressor tráz interrogações pertinentes sobre a viabilidade da adesão deste país.
E aqui remetme-nos ao título deste texto … que europa para o século XXI?
Desde o alargamento a 15 países em 1986 que se levanta a questão de saber até onde é exequível alargar esta comunidade: quase 30 línguas nacionais transformam-na numa “babel”, de dificilima coordenação; se aos 27 países se lhe juntarem os outros 10 que estão á porta, serão quase 40 países distintos, com diferentes e diversificados interesses, politicos, económicos, culturais, históricos, sociais, militares, emtre si, e quiçá incompativeis; se a esta amálgama politica, juntarmos o poder de veto de cada país membro, que as deliberações por unanimidade convocam, vaticinam um futuro muito sombrio para este projecto Europeu.
E a outra metade da Europa que fica fora da U.E. ? Forçosamente terá de se constituir numa realidade politica congénere, em oposição á hegemonia crescente da U.E. .
O quadro é deveras preocupante, sobretudo se a este projecto politico europeu se integrar o projecto militar que é a NATO, e então teremos um Império politico-militar, cuja sede não será a europa, mas quem efectivamente manda na aliança militar.
Isto dá que pensar … .
– Oliveira Dias
Politólogo