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No passado fim de semana ocorreu o 40º Congresso do PSD, na invicta cidade do Porto (no qual tive a honra de representar a secção concelhia de Loures) e, provavelmente, o mais relevante e importante deste século.
Com a maioria do PS, do passado dia 30 de Janeiro, e a inevitabilidade de mais de 4 anos de governo de António Costa, antevia um congresso triste (como as eleições diretas), sem vida e, porventura, com algum azedume entre alguns congressistas.
Nada mais errado… Não foi isso que vi…
A primeira grande surpresa, foi ver amigos que já não via há 10/12 anos. Grandes social-democratas de todo o país, que, por um motivo ou por outro, se afastaram (ou foram afastados) do partido… Nem todos eram congressistas, mas todos quiseram estar presentes e apoiar a mudança de líder, e isto foi o primeiro sinal de que o congresso tinha tudo para correr bem.
A segunda nota, foi o ambiente do próprio congresso… Respirável, todos com um sorriso na cara, sem receio de se falarem, ambiente afável e de amizade, um espírito de esperança e confiança… Enfim, um ambiente de união, pouco visto no PSD nas ultimas décadas!
Outro destaque, até derivado deste ambiente, o diminuto número de listas ao Conselho Nacional (que nos últimos congressos, tem chegado a uma dezena), o que levou a um excelente resultado da lista apoiada por Luís Montenegro, encabeçado por Carlos Moedas (cerca de 60% dos votos, o que já não acontecia desde os tempos de Manuela Ferreira Leite), que ganhou com maioria absoluta esse órgão. Este resultado demonstra uma grande coesão e confiança do partido em Luís Montenegro.
A qualidade das moções apresentadas foi muito boa, bem fundamentadas, bem construidas, sendo uma excelente base de trabalho para a Comissão Política Nacional. O debate derivado dessas moções foi importante, as pessoas discutiam nos corredores os temas em debate e a importância das mesmas…. Algo impensável em Novembro do ano passado.
As intervenções… Do melhor que tenho visto e ouvido… A preocupação centrada no importante: o (des)governo do PS, as trapalhadas diárias do mesmo, o SNS, os aeroportos, o SEF, a Função Publica, a carreira docente, a descentralização de competências e a regionalização… Não se lavou roupa suja, não se ouviu falar de outros partidos… E isso, mais uma vez, demonstrou que todos estavam focados no país e, menos na intriga político/partidária. Destaco algumas intervenções de militantes menos conhecidos do grande público… Carlos Reis (o de Lisboa, como disse Paulo Mota Pinto) fez uma intervenção que levantou o congresso… Enaltecendo o trabalho do governo de Passos Coelho, comparando-o com o atual e evidenciando o quanto foi importante no país… Alexandre Simões, atual deputado na AR, que focou a sua intervenção no problema da carreira docente e do envelhecimento demográfico (áreas que tenho debatido muito nos últimos anos)… Uma intervenção sóbria, serena, de grande qualidade, que evidenciou uma posição muito clara e bem fundamentada dos nossos deputados (e do PSD) sobre estes temas… E Miguel Pinto Luz, que fez uma intervenção assertiva, dinâmica, ligando-a às suas intervenções nos últimos congressos, e demonstrando ter um pensamento categórico sobre o que o país precisa e da forma como o pode alcançar… Outros fizeram boas intervenções… Mas não teria espaço suficiente para falar de todos…
A equipa que Luís Montenegro que conseguiu reunir na Comissão Política Nacional é a prova de que o partido está unido, forte e demonstra uma vitalidade tremenda… E mais importante, o partido demonstra que quer dar as condições a Luís Montenegro para poder fazer a oposição que o País necessita e que o PS merece… Uma oposição dura, assertiva e dinâmica, mas responsável, com propostas alternativas e fazíveis, que tragam uma nova esperança para Portugal.
Por fim, Luís Montenegro… Intervenções de grande clareza programática, mostrando ao que vem e que caminho quer seguir, tocando nos temas que interessam aos portugueses, sendo acutilante e desafiador. Motivou o congresso e tem tudo para motivar os portugueses, para conjuntamente com eles, começar uma grande caminhada que leve a uma verdadeira mudança no País que garante um futuro sustentável para os nossos filhos e netos.
Posso mesmo dizer, como diz Sérgio Godinho, que no 3º dia de Julho “… foi o primeiro dia do resto da… vida” do PSD… Com uma mudança de página, criando uma nova esperança e abrindo um capítulo, que estou confiante, irá mudar Portugal. Até breve!
PS – Escrevo este texto no dia da discussão e votação da Moção de Censura apresentada pelo Chega na AR… Moção chumbada, que rapidamente António Costa, transformou numa moção de confiança e que, aos olhos dos portugueses, não mais foi do que uma tentativa (falhada) de André Ventura para “apertar” Luis Montenegro, como líder de oposição… Talvez o primeiro grande erro estratégico de André Ventura, desde que é deputado…
Nuno Miguel Botelho
Ex Vereador do PSD (2009 2021)