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Já tenho escrito sobre as decisões que envolvem o planeamento, ou a sua ausência, do Metro e sobre o modelo de gestão do Hospital Beatriz Ângelo, mas os acontecimentos recentes e a importância que têm na vida do Município levam-me a refletir novamente sobre estes temas.
Na última Assembleia Municipal, em 22 de setembro, foram apresentadas duas moções sobre duas questões essenciais para a vida dos odivelenses: a linha circular prevista para o Metro de Lisboa e a reversão do atual modelo de gestão para, novamente, Parceria Público-Privada (PPP). Podemos afirmar que estas propostas são “como o teste do algodão”, não enganam, pois, a votação de cada um dos partidos revela bem o seu posicionamento em relação a estas matérias. Se não, vejamos!
A propostaa pela alteração da linha circular para uma linha em laço no Metro de Lisboa, não é tema novo e tem sido frequentemente abordado nos órgãos de comunicação social por muitos especialistas, mas, curiosamente, para além de questões de circunstância e de retórica política, pela análise que fiz (corrijam-me se estiver errado), não houve nenhuma proposta formal nos órgãos municipais em Odivelas que expressasse uma posição contrária à forçada linha circular do Metro de Lisboa, imposta por um Governo socialista alinhado com, o também socialista, Fernando Medina, à data na Câmara Municipal de Lisboa.
Para reforço dos reais interesses da população, houve um movimento de cidadãos “contra o fim da atual linha amarela do metro” que levou uma petição a discussão na Assembleia da República (AR), que foi acompanhada por resoluções da AR para a “suspensão do projeto de expansão da linha circular”, com garantias do Ministro do Ambiente e do Presidente do Município, Hugo Martins, que afirmaram que Odivelas não perderia o acesso direto ao centro de Lisboa e até houve leis do Orçamento do Estado a determinar “um estudo técnico e de viabilidade” que permitisse comparar outras hipóteses além da linha circular, mas nada fez parar este “comboio” socialista.
Mesmo com a carruagem já em andamento, a Iniciativa Liberal não quis deixar de propor na Assembleia Municipal de Odivelas uma Moção que instava o Executivo Municipal a manifestar a sua posição contra a linha circular do Metro de Lisboa e a promover diligências junto das entidades competentes no sentido de reverter essa decisão.
E qual foi a posição do Partido Socialista local, o partido que tem responsabilidades executivas e do qual se espera a defesa dos interesses odivelenses? Votou contra esta proposta. Os deputados municipais socialistas foram, aliás, os únicos a votar contra esta proposta, facto que revela bem que entre o alinhamento pelos interesses de Odivelas e a subserviência aos interesses partidários, este PS sabe bem qual a sua posição!
E sobre a proposta para reversão do atual modelo de gestão no Hospital Beatriz Ângelo (Entidade Pública Empresarial) para o anterior modelo PPP, a situação não foi diferente.
Tem sido mais do que evidente o desastre da alteração no modelo de gestão deste hospital, que tem levado a uma saída significativa de profissionais e a múltiplas falhas nos serviços aí prestados, com destaque para os serviços de Obstetrícia e para a ausência de anestesistas que obrigaram ao adiamento de inúmeras cirurgias.
A desculpa de que o Grupo Luz Saúde não quis renovar a parceria não “cola”! Se a vontade fosse a de concretizar uma nova parceria, em tempo, teriam divulgado os termos de renovação pretendidos ou, em alternativa, lançado um novo concurso para o efeito. Mas não foi essa a vontade do Governo. Os socialistas são contra a iniciativa privada, mesmo quando reconhecem as suas vantagens.
E, em Odivelas, à semelhança do que aconteceu com o Metro de Lisboa, não são conhecidas posições anteriores à Moção apresentada pela Iniciativa Liberal, para além de alguns pedidos de esclarecimento ou um ou outro “bate-boca” entre o Executivo Municipal e uma oposição que de “oposição” pouco mais tem do que a designação.
Foi neste quadro que foi apresentada, na Assembleia Municipal, a proposta que apelava ao Executivo Municipal para indagar junto do Ministério da Saúde sobre a possibilidade de se reverter o modelo de gestão, regressando à PPP, modelo que durante mais de 10 anos ofereceu aos munícipes odivelenses a garantia de indicadores de satisfação elevadíssimos, considerando os serviços prestados neste hospital.
Mas, mais uma vez, a ideologia socialista veio ao de cima e, acompanhados pelos seus parceiros da gerigonça CDU e BE, o Partido Socialista votou contra esta proposta, revelando, também aqui, a sua natureza servil aos interesses partidários nacionais. Com um Partido Socialista destes a governar, afinal, quem defende Odivelas?
– David Pinheiro
Membro do Iniciativa Liberal de Odivelas