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    Ensino/Aprendizagem – Metodologias Pedagógicas Profundas

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    Há uma ênfase crescente no ensino superior relativamente à implementação de metodologias pedagógicas de suporte aos processos de ensino/aprendizagem mais profundas, definidas pela Fundação William and Flora Hewlett como o domínio do conteúdo que induz nos estudantes o pensamento crítico, que os estimula à resolução de problemas, que exige trabalho colaborativo e que promove a aprendizagem autodirigida. Para permanecerem motivados, os estudantes precisam de ser capazes de estabelecer ligações claras entre o seu currículo académico e o mundo real, bem como, percecionar como os novos conhecimentos e competências irão afetar o seu quotidiano. A aprendizagem baseada em projetos, a aprendizagem baseada em desafios, a aprendizagem baseada em questionários e métodos similares, tem vindo a materializar-se, promovendo experiências de aprendizagem mais ativas, tanto dentro como fora da sala de aula. À medida que o papel das tecnologias de informação e comunicação se consolida no suporte aos processos de ensino/aprendizagem, os docentes começam a recorrer a essas ferramentas para relacionar materiais e a atribuição de tarefas aos estudantes, com aplicações da vida real. Essas abordagens são decididamente mais centradas no estudante, permitindo que os estudantes assumam o controlo de como se envolvem com um assunto, até mesmo resolvendo soluções para problemas globais urgentes e começando a implementá-las nas suas comunidades.

    O principal objetivo do ensino superior é dotar os estudantes das competências necessárias para serem bem-sucedidos no mercado de trabalho e causar impacto no mundo. Um estudo recente realizado pela Associação de Faculdades e Universidades Americanas revelou que as entidades empregadoras esperam recém-diplomados mais preparados em áreas vitais, como o pensamento crítico. Muitas instituições de ensino superior mais progressistas, vêm adotando medidas visando responder às expetativas das entidades empregadoras, dando passos significativos no desenvolvimento de estruturas curriculares e conteúdos programáticos que proporcionam aos estudantes experiências mais práticas e reais. Assim como no local de trabalho, onde os funcionários desenvolvem as suas próprias abordagens para serem eficazes no cumprimento das tarefas concretas que lhe estão atribuídas, as metodologias pedagógicas mais profundas de suporte aos processos de ensino/aprendizagem, visão dotar os estudantes de competências que os capacitem a aprender os métodos que lhes permitirão atingir quaisquer metas.

    Entender a diferença entre metodologias pedagógicas mais profundas e superficiais é essencial para maximizar o impacto desta tendência positiva. Segundo a Universidade de Tecnologia de Sydney, as metodologias pedagógicas superficiais induzem os estudantes a simplesmente reproduzirem informações para dar resposta aos requisitos das avaliações; isso muitas vezes toma a forma de exames de escolha múltipla, que dependem da memorização dos factos. Em contraste, as metodologias pedagógicas mais profundas obrigam os estudantes a se concentrarem no significado do conteúdo, relacionando várias ideias e ligando-as a experiências anteriores para promover o seu próprio entendimento pessoal. O objetivo consiste no abandono de processos que induzem a aprendizagem mecanizada, potenciando a procura de experiências que cultivem uma genuína curiosidade nos estudantes, para que se sintam estimulados em explorar mais os assuntos. Metodologias pedagógicas mais profundas, em última análise, enfatizam uma mudança nas metodologias pedagógicas; em vez de os professores transmitirem conhecimento, assumirão uma postura de supervisores e treinadores flexíveis, realizando brainstorming junto aos estudantes, modelando o seu comportamento inquisitivo.

    A aprendizagem baseada em projetos (Project Based Learning – PBL) é amplamente entendida como um método para facilitar uma aprendizagem ativa e autodirigida. Na metodologia PBL, um conceito ou questão central, corresponde a impulsionar os estudantes a investigarem sobre os objetivos definidos, levando-os a uma significativa construção de conhecimento. Os estudantes planeiam as tarefas, os processos e os produtos necessários para demonstrar novos conhecimentos, realizando uma profunda reflexão ao longo do caminho que terão que percorrer. As tecnologias de informação e comunicação desempenham um papel importante na implementação desta abordagem, ajudando os estudantes a colaborar, projetar e criar. Por exemplo, a Academia Stratasys lançou recentemente um curso de impressão 3D gratuito que integra a metodologia PBL; e o Wentworth Institute of Technology foi uma das primeiras instituições a implementá-lo. O curso baseia-se em várias palestras com discussões em sala de aula e projetos de impressão 3D para estudantes de engenharia e design industrial. Como resultado, um laboratório que antes era subutilizado tornou-se um movimentado centro de inovação. Os estudantes têm demonstrado uma elevada motivação, consubstanciada no facto de terem mais liberdade para serem criativos sem diretrizes rígidas. Embora os estudantes considerem que os projetos com que são confrontados são muito desafiadores, têm revelado uma elevada motivação para aprender e adquirir novas competências.

    João Calado

    (Professor Coordenador c/ Agregação do ISEL)

    (ex-Vereador do PSD)

    (publicado no Semanário NoticiasLx de 8/Outubro de 2022)

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