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Nos vários artigos já escritos tem-se destacado as fragilidades de Odivelas perante as enormes potencialidades do concelho. Neste artigo iremos olhar para das suas maiores fragilidades que muito condicionam o seu desenvolvimento, que são os baixos rendimentos médios e a precaridade no emprego dos trabalhadores do concelho. São duas fraquezas que são consequência de uma ausência de estratégia para o concelho por parte dos socialistas, que sempre (des)governaram Odivelas.
Poderá vir a tornar-se um artigo maçador porque as afirmações vão ser suportadas em números e estatísticas divulgadas pela Pordata, mas estes são como o algodão, nunca enganam, e também não permitem diferentes interpretações ou pontos de vista.
Em Portugal existem 128 concelhos cujos ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é superior aos de Odivelas, apesar de inserida na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Esta região tem a maior média de rendimentos em Portugal, estando inclusive acima da média europeia, que a leva a não integrar as regiões de coesão e, por isso, arredada dos fundos comunitários.
Em 2019, o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal foi de 1.206,30 €, sendo o da Área Metropolitana de Lisboa superior em cerca de 270 € (1.477,40 €).
Um trabalhador de Odivelas (987,20 €/mês em média), recebe mensalmente menos 210€ que a média dos outros portugueses e menos 490€ que os concelhos vizinhos. Ao longo de um ano, são menos cerca de 7 mil € e numa vida profissional de 40 anos menos 275 mil €. É muito dinheiro! Dava para comprar ou amortizar parte do empréstimo de uma casa.
E se compararmos com um habitante de Oeiras, cujo rendimento médio é de 1.748,2 €, são menos 761 € por mês. Num ano seriam mais 10.650 € e nos 40 anos mais 426 mil euros. Um Odivelense deixa de receber ao longo da sua vida profissional quase meio milhão de euros que um Oeirense.
Se quem estiver a ler for um trabalhador da indústria de Odivelas, informamos recebe menos 1.013 € por mês do que o munícipe daquele concelho que tem investido forte na atração de investimento que cria emprego qualificado, que tem um parque de ciência e tecnologia, vários parques empresariais e um ecossistema empreendedor. Coisas que o Presidente e a Vereadora com os pelouros do Desenvolvimento Económico, Tecnologia, Informação e Conhecimento do Município de Odivelas nem sabem o que são, pois têm estado entretidos a emitir licenças de construção e a recrutar mais trabalhadores e assessores socialistas para a Câmara.
Esta diferença é mais visível e agravada nos trabalhadores mais qualificados. Um licenciado, em Odivelas recebe 1.339 €, quando a média da AML é de 2.183 € (+ 844 €) e em Portugal é de 1.888 € (+ 549€).
Se tiver tido um colega na faculdade que agora viva em Oeiras, recebe em média menos 1.037 €, pois este recebe 2.376 €. Quase metade! Muito jeito iria fazer esse dinheiro!
Em Oeiras um trabalhador com o 12º ano recebe mais que um licenciado morador em Odivelas. Felizmente o primeiro recebe em média 1.460 € e, infelizmente, o segundo 1.339 €.
Os fervorosos socialistas, bem como os seus parceiros comunistas, do bloco de esquerda e, estranhamente, os sociais-democratas locais, que agora estão a ler este artigo ainda podem estar a afirmar que deveríamos era comparar-nos com a Amadora cujas características sociais são mais próximas de Odivelas.
Então vamos lá comparar com o concelho da Amadora! Um trabalhador morador na Amadora recebe em média 1.425 €, mais 438 € que o Odivelense, representando mais 6136 € por ano e 245 mil € em 40 anos.
Mas também existirão aqueles que irão dizer que deveríamos era comparar com Loures de quem nos emancipamos há quase 25 anos, pois são eles os culpados da situação.
Cá vai a comparação: o trabalhador que resida em Loures recebe 1.219 €, mais 231 € por mês, 3.240 € por ano e 130 mil € numa vida profissional.
Afinal não há qualquer argumento que o justifique, além da desgovernação socialista!
A diferença entre o salário mínimo nacional e a remuneração média mensal em Odivelas, com base na remuneração média mensal registada no ano de 2019, é de apenas 282 €, quando a nacional é de 501 € e a da AML é de 772 €. Em Oeiras a diferença é de 880 €, na Amadora 630 € e em Loures é de 400 €. Num momento em que os partidos de esquerda tanto falam da subida do salário mínimo, a sua preocupação devia ser também em aumentar o salário médio. Se em 2023 o salário mínimo nacional subir para 760 €, em Odivelas a diferença reduz-se para os 227 €. Preocupante!
Uma das causas para se registarem estes baixos níveis de rendimentos em Odivelas tem a ver com a precariedade das condições de trabalho que se registam com os trabalhadores com residência no concelho.
Do total dos trabalhadores que moram em Odivelas, 11,3% estão empregados a tempo parcial. Mais 3,8% que a média nacional e 1,4% que na AML.
Pelo tipo de contratos, 38,8 % estão contratados a prazo, quando a média nacional e da AML é inferior, 32,5% e 33,1%, respetivamente.
Mas a situação agrava-se com os trabalhadores temporários. Existem 12,4% dos trabalhadores que residem em Odivelas que dependem destes contratos bastante precários, quando a nível nacional a média é de 2,8% e na AML é de 4,2%, significativamente inferiores.
Os trabalhadores ditos efetivos nem chegam aos 50% em Odivelas (48,2%), quando a média do país e da AML são superiores a 60% (64% e 62,1%). Isto, num concelho onde a Câmara Municipal de Odivelas e os SIMAR são os maiores empregadores!
Normalmente termino estes artigos como uma conclusão ou com o reforço da minha critica à ausência de uma estratégia da maioria socialista que potencie as oportunidades do concelho ou às más decisões tomadas por este fraco executivo. Hoje termino com um apelo a quem (des)governa o concelho: por favor, tenham respeito pela população, pois as famílias Odivelenses merecem muito mais!
– Filipe Martins,
Membro do Iniciativa Liberal de Odivelas