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Ao comprar falsificações damos tiros nas nossas economias e na segurança dos estados. São alarmantes as últimas estatísticas reveladas pelas autoridades aduaneiras e polícias de investigação dos Estados Membros mais afectados sobre a “economia das falsificações”
Em Guangzhou, na China, há 60.000 fábricas de falsificações. E 80% das cópias das melhores marcas são exportadas de Hong Kong. Malas são as estrelas. Seguem-se vestuário, perfumes e cosmética. Estes produtos chineses representam 70% de todas as mercadorias industriais contrafeitos que chegam ao Ocidente. Mais perfeitos – quase impolutos – são as malas confeccionadas na Turquia.
Excepcional é ainda o facto de a China ter plantas industriais que apenas se dedicam à espionagem industrial realizada através de equipamentos informáticos. A confecção e a exportação faz-se apesar da produção dos contrafeitos estar proibida naquele país asiático. Podemos perguntar: então porque razão acontece na China este negócio gigantesco? A importância no contexto da empregabilidade e nas economias familiares são a chave.
Só em Espanha, procedentes de Guangzhou entram 3 milhões de falsificações ao ano que valem 50 milhões de euros. Autoridades espanholas apreendem quase metade.
Por outro lado, a Europa perde anualmente, desde 2010, cerca de 25.000 milhões de euros em impostos com a venda de vestuário e acessórios falsificados. Está em Barcelona o maior polígono industrial chinês: tem 169.000 m2 e 600 armazéns. 90% dos estabelecidos têm denúncias por falsificação.
Só entre 2018 e 2019, perderam-se 2,5 milhões
de postos de trabalho nos países da União Europeia.
Saiba que 70% das receitas da venda dos produtos contrafeitos serve para financiar o crime organizado e o terrorismo islâmico. À maioria dos cidadãos de classe média e mais baixa – também novos ricos e muitos dos ex-abonados – que são sugestionados a comprar peças quase perfeitas e iguais às das marcas de luxo em lojas multimarca, mercados e estabelecimentos chineses (ainda que estes últimos estejam obrigados a vender 50% de material que de alguma maneira tenha incorporação da indústria europeia) contribuem para custear uma economia paralela e a insegurança da maioria de nós.
Pior é que a maioria dos Estados europeus – salvo raras excepções como o caso de Espanha – rastreiam mal as informações sobre os cidadãos naturais dos países asiáticos e de todos os provenientes do Oriente Médio, estes últimos que procuram estatuto de refugiadas, abrindo um novo paradigma relativamente à gestão das entidades públicas destas novas comunidades de residentes. Obviamente que a crescente comercialização dos produtos contrafeitos tornou-se numa oportunidade com a deslocalização das industrias europeias particularmente para a China.
E vale a pena terminar com um parêntesis sobre a cidade de Guangzhou – designação dada ao cantão -, onde se mistura a ostentação com a pobreza dos arredores, precisamente onde proliferam a quase totalidade das 60.000 fabricas de pequena e média dimensão que se dedicam a confeccionar cópias: trata-se de uma cidade portuária a Noroeste de Hong Kong (às margens do rio das Pérolas) com 15, 3 milhões de habitantes – sensos publicados à data de 31 de dezembro de 2019 – com uma arquitectura vanguardista principalmente no seu núcleo central na baixa ribeirinha, modernizado com o virar do século.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)