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- Os últimos acontecimentos, políticos em Portugal, pela sua bizarria, trazem-me à memória um filme muito antigo cujo cerne andava à volta de uma garrafa de coca-cola, lançada de um avião sobre a savana africana, sendo encontrada por um autóctone, a quem o bizarro formato da garrafa, daria origem a um conjunto de eventos hilariantes, justificando o título do filme “Os Deuses devem estar loucos”. Cenas bizarras à portuguesa, hilariantes até às lágrimas, temo-las várias.
- Um episódio, nada dignificante, com uma administradora da TAP, companhia aérea que os portugueses contribuintes sustentam com língua de palmo, deu origem à queda de 1 ministro, e respectivo secretário de estado, concomitantemente com a queda da secretária de estado, de outro ministério, ex-administradora da TAP. O Primeiro-ministro, contrariando todos os comentadores profissionais da nossa praça, em especial os das Tv’s, rapidamente encontrou um substituto para o ex-ministro, gerando com isso um coro de protestos, impropérios, até, queixas e azedumes, por parte das habituais e costumeiras vestais, guardiãs do templo das suas verdades, rasgaram as vestes, enquanto apodaram o Primeiro-ministro de toda a sorte de adjectivos. Não é bizarro a exigência que o Primeiro-ministro tenha de seguir os conselhos dos comentadores que babam desesperadamente pela queda do mesmo?
- Quando um orçamento de estado está em vigor à menos de 1 ano, como é o caso do português, qualquer necessidade de substituição de uma liderança, seja de um ministro, seja a de um secretário de estado, impõe-se que o substituto tenha experiência, a fundo, de como funciona a administração pública, dos detalhes do orçamento de estado em vigor, e muita familiaridade com os objectivos estratégicos do governo e do partido que o sustém. É o caso de João Galamba e Marina Gonçalves. Então não é bizarro, que desde os comentadores, a todos os partidos da oposição, a exigência que os substitutos deviam ser estagiários da coisa pública?
- O Primeiro-ministro fez uma conferência de imprensa, quando anunciou os substitutos para o governo. Os jornalistas, ávidos de sangue, pois sabem que quanto maior a quantidade de sangue, maior as hipóteses de promoção profissional, colocaram todo o tipo de questões, qual delas a mais disparatada, e ás tantas um pergunta se o facto dos substitutos serem militantes do partido socialista, se isso não significava que o primeiro ministro não tinha mais por onde escolher. Então não é bizarro a exigência que num governo socialista não devia haver socialistas?
- Os jornalistas quiseram saber a posição do primeiro-ministro sobre a forte crítica dos partidos da oposição sobre as suas escolhas. Então não é bizarro a exigência que deviam ser os partidos da oposição a escolher os ministros do governo?
- O Presidente da República, cujo ego selfista não lhe basta o nosso País, levando a um incontável record de viagens pelo estrangeiro, todas com a conivente autorização do parlamento diga-se, na sua mensagem de ano novo, lá veio paternalmente, falar aos portugueses, e em “passant” puxar as orelhas ao governo, (ou ao contrário – puxou as orelhas ao governo e “en passant” falou ao povo português) sem qualquer pudor, ou escrúpulo, sentenciando que qualquer deriva à estabilidade seria da exclusiva responsabilidade do governo – leia-se António Costa. Já há muito Marcelo estilhaçou a magistratura de influência, cultivada por todos os anteriores Presidentes da República,. Então não é bizarro, a exigência de que só o governo de António Costa pode ser responsável pela manutenção da estabilidade, quando quem tem a bomba atómica é o Presidente da República, ameaçando mesmo utilizá-la, face ás recentes escolhas do primeiro-ministro, a que se soma os seus vetos políticos?
- Marcelo, em representação do estado português, lá voou, mais uma vez, para o Brasil, para assistir à tomada de posse de Lula da Silva. Ainda aquilo não tinha acabado e já anunciava nos órgãos de comunicação social, que se faria presente nas exéquias de Bento XVI. Para justificar mais um passeio à minha custa, disse que uma vez que as jornadas mundiais de juventude serão em Portugal, justifica planamente a sua presença. Quando confrontado com a falta de convite para a cerimónia, pois Bento XVI deixou claro que não queria funeral público, mas sim privado, encolheu os ombros e assegurou que sempre seria tratado como chefe de estado, e não como cidadão Marcelo. Então não é bizarro a exigência do Presidente Português sobrepor-se á última vontade do Papa Emérito?
- “The last, but not the least”, temos em Portugal um naipe de pessoas, que intervêm no espaço público mediático, na qualidade de comentadores profissionais, alguns até a arrogarem-se saber o que se passa na cabeça de terceiros, mesmo sem bola de cristal, que se confundem (será intencional?) com cientistas políticos, e cientistas políticos que se confundem com comentadores partidários (será intencional?), mas isso é apenas a capa, porque no conteúdo, a verborreia fá-los pseudo-agentes partidários, menorizando os dirigentes partidários, filiados em partidos políticos. Então não é bizarro, esta amálgama de comentadores, politólogos e pseudopolíticos partidários afinarem pelo mesmo diapasão, sem ao menos fazerem declaração de interesses, antes de dizerem seja lá o que for?
Oliveira Dias, Politólogo