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Por estes dias no Concelho de Odivelas o assunto de interesse público mais falado certamente que será o respeitante ao Metro Ligeiro de Odivelas – Loures, batizado como Linha Violeta.
O projeto do Metro Ligeiro de Odivelas – Loures é uma promessa eleitoral do Partido Socialista que remonta ao ano de 2009, mas só em julho de 2021, cerca de 12 anos após a promessa eleitoral, foi assinado, com pompa e circunstância e com a presença da comunicação social e do Primeiro-Ministro, um Protocolo de Cooperação, para a concretização do projeto no valor de 250 milhões, tendo-se encontrado financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O que ainda não se percebeu é se os cálculos, que fixaram o custo desta obra em 250 milhões de euros, foram efetuados com rigor e se há ou não necessidade de serem atualizados, face à atual conjuntura inflacionista e à disrupção internacional que existe nos transportes e fornecimento de matérias-primas.
Se não fosse o PRR esta promessa eleitoral do Partido Socialista com certeza que ficaria nas calendas gregas, mas já sabemos que o desenvolvimento económico e social de Portugal há muito que se faz de mão estendida por essa Europa fora que, aliás, começa a dar sinais de estar cansada da pedinchice lusitana.
Durante a campanha eleitoral para as autárquicas de setembro de 2021, o Partido Socialista e a Câmara Municipal de Odivelas elegeram mais uma vez o projeto do Metro Ligeiro de Odivelas – Loures como uma das bandeiras da campanha eleitoral, o que deve ter contribuído de forma significativa para a vitória que obtiveram, com maioria absoluta, porque de facto estamos perante uma importante obra estrutural para o nosso território.
Surpreendentemente, o Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, pouco tempo após ser eleito, na reunião do Executivo de 15 de dezembro de 2021, admitiu que poderia abandonar o projeto do Metro Ligeiro de Odivelas – Loures.
As razões para estas afirmações do Presidente da Câmara Municipal de Odivelas devem-se ao facto de os 250 milhões do PRR só cobrirem os custos do Metro Ligeiro no que se refere à linha propriamente dita, à aquisição de comboios e à construção de um parque para estacionamento e reparação do material circulante.
Os restantes encargos, como expropriações, nova rede viária e requalificação urbana, recaem sobre os municípios que, no caso de Odivelas, segundo a previsão do Presidente da Câmara, poderiam ascender a mais de 50 milhões de euros, mas na realidade, de acordo com a última informação disponível, em Odivelas esses custos serão de 70 milhões de euros.
Uma vez que o Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, há pouco mais de um ano, entendia que 50 milhões de euros no Metro Ligeiro Odivelas – Loures a suportar pelos cofres municipais seria desaconselhável, é importante uma clarificação porque esses mesmos custos atualmente já estão em 70 milhões de euros, não sendo difícil de imaginar que até poderão aumentar.
O projeto de Metro Ligeiro, entre Odivelas e Loures, se fosse bem concretizado, teria inegáveis vantagens para a mobilidade sustentável, para a coesão social e para a captação de novos utilizadores para o transporte público, contribuindo, assim, para a necessária e urgente descarbonização das áreas urbanas.
Mas estes objetivos poderão estar em causa atendendo a que, no futuro, as pessoas que pretendam utilizar o Metro Ligeiro Odivelas – Loures, para aceder ao centro de Lisboa e que não iniciem a sua viagem em Odivelas, terão de fazer sucessivos transbordos, o primeiro em Odivelas e o segundo no Campo Grande.
É importante que se saiba que não haverá uma ligação direta do futuro Metro Ligeiro Odivelas – Loures à atual rede da Linha Amarela, havendo necessidade de se fazer um transbordo em Odivelas, com necessidade de uma travessia a pé da Rua José Gomes Monteiro, para se aceder à atual estação de metro de Odivelas.
Serão transbordos a mais e qualidade de vida a menos, não se sabendo exatamente o tempo que demorará no futuro uma viagem de metro, por exemplo, da estação Jardim da Radial ou da estação Póvoa de Santo Adrião, ao centro de Lisboa, com a necessidade de se fazerem os transbordos já referidos.
Com toda a certeza que para algumas pessoas, não será atrativo fazer a viagem de metro, continuando a preferir ou o carro, ou o transporte rodoviário.
Um outro aspeto de grande importância diz respeito aos estacionamentos junto às futuras estações da Linha de Metro Ligeiro Odivelas – Loures, que no Concelho de Odivelas serão oito, só estando previsto um novo parque de estacionamento na estação da Ribeirada para 98 lugares, nada estando planeado para as restantes sete estações (Jardim da Radial; Ramada Escolas; Jardim do Castelinho; Odivelas Estação; Heróis de Chaimite; Chafariz d´El Rei e Póvoa de Santo Adrião).
Sabe-se que pode não haver espaço para aumentar a oferta de estacionamento à volta da área da futura Estação Odivelas, mas não se pode esconder essa absoluta necessidade e por isso ter-se-ão de encontrar outras formas criativas de suprir essa carência, por exemplo, com recurso a silos subterrâneos ou em altitude de forma a aumentar, naquela zona, a capacidade muito deficitária atualmente instalada de parqueamento automóvel.
Se não acontecer mais e melhor oferta de estacionamento será o caos na zona da futura Estação Odivelas e então será melhor criar uma Polícia Municipal que certamente se ocupará a tempo inteiro a regularizar o trânsito e o estacionamento naquela zona da cidade de Odivelas.
Há ainda muito a melhorar no Projeto Metro Ligeiro Odivelas – Loures, no que ao Concelho de Odivelas diz respeito.
– Fernando Pedroso, Deputado Municipal do CHEGA na AMO