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A Câmara Municipal de Odivelas publicou no seu site, em dezembro passado, um estudo sobre a atividade económica no Concelho, que foi desenvolvido com o apoio e a assistência de uma reputada empresa de consultoria.
Este estudo surge mais de uma década após a Câmara ter elaborado a caraterização das empresas sediadas no Município, o que foi feito no longínquo ano de 2010 e de ter deixado de publicar o Boletim Empresarial, o último é de maio de 2016, o que demonstra bem a pouca importância que o Executivo Socialista tem dado, nos últimos anos, ao desenvolvimento da economia do nosso Concelho.
Reconhecemos que o estudo está bem elaborado, mas essencialmente numa perspetiva de sistematizar a informação relevante já existente na própria Câmara ou noutras instituições públicas, mas não apresenta uma visão proativa e prospetiva para a captação e desenvolvimento de empresas no nosso Concelho.
Estes estudos elaborados por empresas conceituadas não são nada baratos e há que saber a razão de terem sido pedidos externamente, quando se trata essencialmente de sistematizar informação já existente na própria Câmara Municipal ou em organismos oficiais.
O pedido a empresa de consultoria externa para elaborar este estudo parece enquadrar-se no habitual estilo da gestão socialista aos vários níveis, seja da administração central ou local, onde reiteradamente se recorre a consultores e sociedades de advogados para a elaboração de todo o género de trabalhos e pareceres que, em muitos casos, poderiam ser feitos internamente pelos Técnicos Superiores existentes, seja nos Ministérios ou nas Câmaras Municipais.
Pelos vistos a Câmara Municipal de Odivelas não foge à regra socialista de recorrer a empresas externas de consultoria não aproveitando os seus Técnicos Superiores, faltando é saber a razão para essa situação, mas isso fica para a imaginação dos leitores.
O poder de compra das pessoas é um elemento essencial para a atividade económica de qualquer Região e no Concelho de Odivelas este indicador é desastroso, estando em 2019, 11% abaixo da média nacional o que se está a agravar paulatinamente, porque em 2009 só estava 6% abaixo da média nacional, portanto, em 10 anos diminuiu 5 pontos percentuais.
Há ainda um dado a destacar que diz respeito ao rendimento coletável per capita no Concelho de Odivelas que é de 78% do rendimento médio da Área Metropolitana de Lisboa (AML), ou seja, menos 22%, o que é deveras preocupante.
O Concelho de Odivelas, infelizmente, está a afirmar-se como o parente pobre da AML, disso parece não haver dúvidas.
Um outro dado importante a analisar é a disparidade salarial entre homens e mulheres. Em 2019 o salário médio dos homens no Concelho de Odivelas era de 1.020,00€, ao passo que o salário médio das mulheres era de 944,00€. Infelizmente, ainda há este tipo de injustificadas e inaceitáveis disparidades salariais, entre homens e mulheres.
Sobre a degradação do poder de compra da população de Odivelas e sobre as disparidades salariais existentes o estudo agora apresentado é completamente omisso, não estando enunciadas medidas para minorar esta situação.
O estudo de que temos vindo a falar replica o que a Câmara Municipal de Odivelas já tem planeado há muito tempo e que continua sem concretização, que é a criação de dois polos empresariais que permitam a instalação de novas empresas de maior dimensão.
A propósito desta intenção de criação de dois novos polos empresariais, é importante recordar a falhada promessa eleitoral do Partido Socialista, nas autárquicas de 2009, que era o projeto “O´Tec”, a ser concluído até 2013, mas que nunca se concretizou, apesar de ser uma boa ideia para captar a instalação de empresas de base tecnológica.
Perdeu-se há cerca de 14 anos uma boa a oportunidade de criar um cluster empresarial em Odivelas que a todos beneficiaria e daria uma identidade muito positiva e diferenciadora ao nosso Concelho.
Com toda a certeza que se este cluster empresarial tivesse sido concretizado, hoje já estaríamos a beneficiar do efeito potenciador da instalação em cadeia de outras empresas, com emprego de qualidade e melhores salários.
Mas como a natureza tem horror ao vazio o Concelho de Oeiras aproveitou e está a captar tudo o que são empresas tecnológicas, inovadoras e criativas.
Este tipo de empresas tecnológicas, inovadoras, criativas e ligadas à tecnologia já não podem vir de forma massiva para Odivelas porque Oeiras conquistou esse espaço.
Ainda assim, Odivelas pode explorar a excelente localização geográfica e os acessos rápidos que tem, para tentar captar residualmente este tipo de empresas tecnológicas que se possam e queiram instalar no Concelho de Odivelas.
Não se vê é capacidade da Câmara Municipal de Odivelas para este importante desígnio municipal que é a captação de empresas de valor acrescentado para o nosso território, até porque a Agência para o Desenvolvimento Económico de Odivelas tarda a estar em funcionamento, ainda não se sabendo que meios é que lhe serão dados para a concretização dos objetivos pretendidos.
O Executivo Municipal em Odivelas é muito rápido a anunciar ações e medidas, mas depois a concretização das mesmas ou ficam no papel, ou andam a passo de caracol.
A Câmara de Odivelas nestas matérias mais estratégicas e de alcance a médio e longo prazos, apesar dos estudos contratados, tem uma completa inoperância. Fala muito, mas os estudos sobre os reais problemas das pessoas, das empresas e das instituições do Concelho são muito académicos e pouco adaptados à realidade social existente.
– Fernando Pedroso, Deputado Municipal do CHEGA na AMO