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A Câmara Municipal de Odivelas adjudicou a uma das denominadas Big Four (as quatro maiores empresas de consultoria do mundo), por 35 400 €, um estudo sobre a Atividade Económica de Odivelas.
Este estudo teve como objetivo caracterizar o tecido empresarial do concelho de Odivelas, definir as prioridades de desenvolvimento para o horizonte 2030, georreferenciar as atividades económicas do concelho e definir medidas temáticas e transversais para o desenvolvimento económico do concelho.
Para o Executivo, este documento é a base da estratégia futura de atuação do Município na definição das políticas de apoio e de incentivo ao desenvolvimento económico de Odivelas.
Primeira constatação: o executivo reconhece que tem andado a navegar sem rumo nos últimos anos na área do desenvolvimento económico do concelho.
Pergunta-se: qual tem sido a orientação de trabalho da vereadora Mónica Vilarinho com mais de 5 anos no pelouro do desenvolvimento económico?
Voltando ao estudo, o Presidente Hugo Martins assinala no seu preâmbulo que o concelho atingiu o desenvolvimento e modernidade e que as suas condições geográficas permitiram a instalação e a fixação de muitas empresas e gerou a confiança de muitos investidores locais, nacionais e internacionais. Continua, referindo que a “Câmara Municipal assumiu-se, desde a primeira hora, como um catalisador fundamental no incentivo ao investimento. Uma aposta que se tem revelado muito positiva e que contribuiu, de forma significativa, para o crescimento da atividade económica, a criação de emprego e a solidez empresarial do município.”
Segunda constatação: o Presidente não conhece a realidade do concelho que preside ou, se conhece, pretende iludir quem lê.
Pergunta-se: porque é que o Presidente não é intelectualmente honesto com os munícipes que lhe confiaram o seu voto e lhe garantiram uma maioria estável para governar?
Se fosse, não víamos logo na introdução esta consultora a contrariar o Presidente Hugo Martins, ao referir que o concelho apresenta como “pontos menos positivos o nível do rendimento coletável per capita, o reduzido índice de poder de compra, a qualificação dos recursos humanos abaixo do nível regional, ou a ainda baixa resiliência do tecido empresarial”. Ou as cerca de 150 empresas e outros stakeholders do território que foram questionados neste estudo a reforçar o desacerto preambular do líder do Executivo socialista quando destacam “a evidência de um tecido empresarial com reduzida orientação exportadora”.
Mais, um diretor geral de uma das empresas mais relevantes do concelho diz que “é fundamental captar talento, formar talento, acolher talento. Esta é um dos maiores bloqueios ao desenvolvimento dos nossos negócios e deve ser uma prioridade onde Odivelas se pode posicionar.”
Muita da informação apresentada neste estudo está disponível no INE e no PORDATA, como por exemplo o facto do tecido empresarial do Concelho ser composto maioritariamente por microempresas ou a média de pessoal ao serviço por estabelecimento, que é de 2,5 valor inferior à média da AML – 3,3. Neste estudo é afirmado que “apesar da densidade empresarial, a riqueza gerada pelos estabelecimentos de Odivelas, está abaixo da grande maioria dos concelhos da AML”, referindo ainda que “estes indicadores são pouco expressivos em termos absolutos e, quando ponderados pelo número de estabelecimentos e empresas, são ainda menores, revelando um Volume de Negócios e um Valor Acrescentado Bruto por estabelecimento e empresa, respetivamente, inferior aos valores da região e do país e mesmo, dos concelhos limítrofes”. Também é dito que “o crescimento total do tecido empresarial tem sido minorado por um número também elevado de encerramentos de empresas” e que “compreende-se, ainda, uma frágil resiliência do tecido empresarial, que pode ser confirmada por uma taxa de sobrevivência de empresas de 50% após dois anos em atividade “.
Terceira constatação: o resultado é um diagnóstico simples e vago, que não identifica as causas que levam a este tão mau desempenho económico do Concelho.
Pergunta-se: não poderiam ser os técnicos sob a alçada da Vereadora Mónica Vilarinho a efetuar este levantamento estatístico? Não haverá esta competência nos cerca de 1.500 funcionários municipais?
Depois deste diagnóstico empresarial tão catastrófico, esta consultora, se calhar inadvertidamente, constata o que (dizemos nós) justifica o desastroso desenvolvimento económico do concelho: o “Partido Socialista venceu todas as eleições autárquicas desde a criação do concelho de Odivelas (1998)”
Estranhamente, quando neste estudo são identificadas as oportunidades para o Concelho, não conseguiram identificar mais que a afirmação pela identidade, a aposta no aumento da capacidade competitiva a nível regional e nacional, através do aproveitamento de sinergias criadas no contexto de entidades suprarregionais, estimulando ações ou empreendimentos criativos e inovadores e o reforço do investimento nas novas tecnologias, utilizando o avanço científico e tecnológico ao serviço da educação, da cultura e da cidadania . Um conjunto de palavras soltas que tanto se aplica o Odivelas como a Barrancos.
Para um estudo que o Executivo caracteriza como um documento estruturante que será a base da estratégia futura de atuação do Município, são vagas e imprecisas as ações e as prioridades de desenvolvimento económico para Odivelas no horizonte 2030. Identifica como iniciativas estruturantes para o desenvolvimento económico a: “Comunicação e marketing da marca Odivelas; Start In Odivelas como incubadora de referência no contexto da AML e nacional; Programa de apoio à transição digital; Programa de atração de investimento; Evento empresarial regular, digital ou presencial; Valorização dos produtos tradicionais/conventuais originais do Mosteiro S. Dinis e S. Bernardo; Projeto “Odivelas circular”; Melhorias na acessibilidade; e Desenvolvimento de planos e programas de regeneração das áreas das atividades económicas
Constatação global: estas deveriam ter sido as linhas de ação que o Partido Socialista deveria ter apresentado ao eleitorado no seu programa eleitoral. Não o fez!
Pergunta-se: porque é que têm de ser os odivelenses a pagar um estudo para atenuar a desorientação dos socialistas que se propuseram governar o concelho e que acrescenta pouco mais do que um conjunto de dados estatísticos que poderiam e deveriam ter sido elaborados pelos serviços municipais?
O que atrás foi resumido é revelador do mau estado a que o concelho chegou. Um concelho que tem um Executivo que revela uma total ausência de estratégia e de planeamento, um total desnorte, pouca competência, ausência de soluções e pouco mais do que puro ilusionismo. Palavras que definem uma já longa gestão socialista.
Filipe Martins, Iniciativa Liberal de Odivelas