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    Histórias d’África – Thriller em Anfield

    O encontro de Anfield Road entre o Liverpool e o Real Madrid foi um desses casos que não deixou indiferente nenhum adepto da modalidade. O desafio - a contar para a primeira-mão dos oitavas-de-final da Liga dos campeões – foi fantástico porque teve de tudo o que um jogo deste nível exige e de acordo com as expectativas.

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    Para os adeptos do futebol, nada melhor que uma partida intensa, bem jogada e preferencialmente que o seja durante a maior parte do tempo de jogo. Também que os protagonistas consigam ser tão artistas como para fazer levantar da cadeira os aficionados durante o maior número de vezes.

    O encontro de Anfield Road entre o Liverpool e o Real Madrid foi um desses casos que não deixou indiferente nenhum adepto da modalidade. O desafio – a contar para a primeira-mão dos oitavas-de-final da Liga dos campeões – foi fantástico porque teve de tudo o que um jogo deste nível exige e de acordo com as expectativas.

    O que jamais a maioria imaginava era que o Real Madrid – detentor do título que é o seu décimo-quarto na máxima competição do futebol europeu – conseguisse sair de Anfield com uma vantagem de três golos e, porventura ainda menos que conseguisse a arte e o engenho de remontar de uma desvantagem de 2-0, obtida logo nos primeiros 14 minutos, para um triunfo por 2-5.

    Se este desafio de gigantes era a reedição da final da competição no ano passado e uma espécie de final antecipada (apesar de estarmos nos oitavas-de-final que se joga em duas mãos), também colocava o Real Madrid no centro das atenções em virtude de alguma irregularidade patenteada na Primeira Liga do futebol espanhol, onde ocupa a segunda posição a oito pontos do líder Barcelona, uma equipa que também nem sempre exibe um futebol de característica.

    Mas os ingleses bem podem intitular o filme do jogo de ontem, dia 21, de “Thriller de Anfield”: a segunda parte do Real Madrid foi absolutamente incontestável e mostra quanto a equipa espanhola será sempre candidata ao triunfo na Liga dos Campeões e a razão dos seus 14 títulos na competição, tão distante dos demais candidatos como o Milão (com 7 títulos), o próprio Liverpool com 6 conquistas, tantas quanto a alemã Bayern de Munique, ou o Barcelona (5 troféus) e o Ajax (4 taças). Um parêntesis para anotar a curiosidade que dos clubes com maior número de conquistas apenas as equipas de Munique e de Milão se encontram bem posicionadas: O Bayern joga em casa a segunda mão depois de um triunfo (0-1), em Paris, frente ao PSG de Mbappè, Messi e Neymar; enquanto o Milan vai a Londres disputar a segunda partida com o Tottenham levando a vantagem de 1.0.

    ” Bruxaria” Madridista?

    Ontem, o Real Madrid voltou a demonstrar que é quase sempre irrepreensível quando disputa um jogo de futebol na máxima competição europeia, independentemente da condição do momento e do número de baixas do plantel. Fica-se com a sensação de que há como que um mistério e uma “bruxaria” nos jogos da Champions” em que participa o Real Madrid. E impressiona porque viver em Espanha ensina-nos isso mesmo: os madridistas habituaram-se a presenciar os jogos da Liga dos Campeões com uma confiança incomensurável.

    Vinícius Júnior, o miúdo de 22 anos, volta a desesperar uma equipa adversária: bisou, marcando aos 21’ e aos 36’. Empatou o jogo e abriu a remontada do resultado e marcou o ritmo elevadíssimo numa segunda parte que ficou marcada por mais 3 golos dos madridistas

    Ao ver o jogo e manter atenção sobre a claque madridista apercebi-me que a coisa não ia correr mal de todo.  ! Assim foi! Vinícius Júnior, o miúdo de 22 anos, volta a desesperar uma equipa adversária: bisou, marcando aos 21’ e aos 36’, garantindo à sua equipa 10 minutos de descanso no balneário mais tranquilos. Depois, seguiu-se a avalancha da áurea branca: 45 minutos fulgurantes, geridos preciosamente pelo mestre Ancelotti e mais 3 golos sem resposta.

    Os atletas madridistas foram todos bons protagonistas tal como Thibaut Courtois que deu um monumental frango, tanto quanto Alisson Becker, o seu homólogo do Liverpool que também assinou falhanço gigantesco… Contudo seria injusto se não enaltecesse Vinícius que volta a fazer uma partida inacreditável sob todos os pontos de vista: talento, visão de jogo, partilha e uma capacidade física inesgotável a fazer-nos recordar Cristianos nos seus anos de ouro também no Real Madrid.  O miúdo brasileiro pode ser um ponta esquerda demasiado ofensivo – até talvez mais descuidado nas tarefas defensivas -, mas é uma referência entre todos os melhores futebolistas que jogam nas competições europeias. Corre, corre e continua a correr sempre no sentido em que gira a bola; não desiste de nenhuma jogada mesmo que aparentemente a jogada e ou a bola estejam perdidas e isso foi o que lhe permitiu marcar o seu segundo golo num ressalto de um mau alívio, meio displicente, do guarda-redes do Liverpool. Esta qualidade e a sua versão de jogo musculado são a maior dor de cabeça dos adversários e uma espécie de revolta dos que se encontram sentados nas bancadas que, nas competições caseiras, lhe têm custado múltiplas faltas imperdoáveis (a recordar-nos outros madridistas como Guti (José María Gutiérrez Hernández), Luís Figo e Cristiano Ronaldo) e insultos sistemáticos inaceitáveis que, neste último caso, já chegaram aos tribunais. O lateral esquerdo brasileiro revela-se indubitavelmente como o melhor futebolista de momento a actuar na Europa, mais eficaz globalmente que o avançado-centro norueguês Erling Braut Haaland do ‘City’, atendendo ao facto do francês Kylian Mbappé – vendido como uma super-estrela do futebol global – joga num campeonato da segunda divisão europeia quer se queira ou não, onde a competitividade está distante das competições inglesas, espanholas, italianas e mesmo das alemãs pese embora também pertençam à divisão secundária.

    Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior tornar-se-á provavelmente no melhor jogador global do futebol europeu se acaso consiga ser mais disciplinado consigo próprio, centrando-se no jogo, e menos nos gritos adversos das bancadas e às piadas circunstanciais dos adversários do relvado. Vini Jr. precisa de maior apoio psicológico, de alguém que o faça dar um click no seu chip, convencendo-o a tornar todas as contrariedades no campo de jogo em algo de positivo.

    Liverpool homenageia Amâncio Amaro

    Jogou-se em Anfield enquanto aconteciam as exéquias fúnebres de um dos maiores madridistas, Amâncio Amaro que faleceu aos 83 anos.

    Em Anfield aconteceu uma preciosa homenagem do Liverpool a Amâncio Amaro: Sir Kenny Dalglish ofereceu una coroa de flores aos aficcionados do Real Madrid. As flores foram colocadas junto à bancada onde se encontravam os adeptos espanhóis, num gesto de delicadeza a que os britânicos nos habituaram.

    No comunicado oficial do Real Madrid pode ler-se que “Amancio chegou ao Real Madrid em 1962, oriundo do Deportivo de La Coruña, defendendo a camisola do nosso clube durante catorze temporadas, até 1976. Foi sempre um exemplo para os madridistas e para todo o mundo do desporto”.

     O documento publicado pelo clube avança: “Em 1966 conquistou a Sexta Taça dos Campeões Europeus pelo Real Madrid no estádio Heysel de Bruxelas, numa final histórica em que marcou o primeiro golo da equipa na vitória sobre o Partizan de Belgrado”.

     Além dessa Taça dos Clubes Campeões de 1966 (actual Champions League), Amancio Amaro conquistou 9 Ligas e 3 Taças de Espanha pelo Real Madrid. Como madridista, disputou 471 jogos, marcou 155 golos e foi por duas vezes o melhor marcador da Liga.

     Foi internacional por 42 vezes e ao serviço da selecção espanhola conquistou o seu primeiro Campeonato da Europa, em 1964, no estádio Santiago Bernabéu. O futebolista também fez parte da selecção mundial da FIFA que em 1968 enfrentou o Brasil, no estádio do Maracanã.

     “Juntamente com Paco Gento, Amancio liderou o Real Madrid no período após as cinco Taças dos Campeões Europeus consecutivas, e representa os valores que forjaram a história do Real Madrid”, lê-se no comunicado do clube.

     O documento recorda ainda que “como treinador, Amancio conseguiu a grande proeza de vencer o campeonato da Segunda Divisão com o Castilla, em 1984, a única equipa B de um clube de futebol espanhol a fazê-lo até à data. Com Amancio como treinador, formou-se uma das mais importantes gerações de jogadores nacionais da nossa história: o Quinta del Buitre”.

    – por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

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