Este conteúdo é Reservado a Assinantes
António Costa, em novembro de 2015, aos 54 anos de idade, torna-se Primeiro-Ministro de Portugal, depois de uma vida inteiramente dedicada à política e ao Partido Socialista a que pertence desde o longínquo ano de 1975.
De facto, a carreira política de António Costa é essencialmente construída à volta do Partido Socialista de que é atualmente Secretário-Geral, tendo sido Deputado da Assembleia da República, Deputado Europeu e Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Secretário de Estado, Ministro de várias pastas e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Mesmo quando António Costa se aventurou na vida não partidária, para o estágio de advogado, fê-lo no escritório de Vera Jardim e Jorge Sampaio, destacados socialistas que então faziam parte da entourage política dominante do Largo do Rato.
Sendo legítimas as carreiras inteiramente dedicadas à atividade partidária, com as normais ambições daí decorrentes de desempenho dos mais altos cargos políticos, alguns deles até eletivos, o que convém é que quem opta por este tipo de atividade profissional, consiga interagir e compreender a vida dos portugueses comuns que estão fora da confortável bolha partidária e que não têm acesso às benesses do poder e ao nepotismo fechado dos dependentes do sistema que rodam por sucessivos cargos em diferentes ministérios, entidades e empresas públicas e quejandos.
Quando o Partido Socialista perdeu as eleições legislativas de outubro de 2015, António Costa, ao invés de se demitir, como alguns outros líderes partidários fizeram, preferiu arregimentar o Partido Comunista Português; o Partido Ecologista “Os Verdes” e o Bloco de Esquerda e formar a geringonça, de má memória para os portugueses em geral.
António Costa ao formar e chefiar a geringonça fê-lo em desespero de causa, como única forma de se manter confortavelmente instalado, por mais uns anos, na bolha partidária onde sempre fez a sua carreira profissional e política, com o supremo brinde de ser nomeado como Primeiro-Ministro, apesar de ter perdido as eleições, ostracizando o eleitorado que o derrotou e não o queria a chefiar o Governo de Portugal.
Passados mais de sete anos de António Costa como Primeiro-Ministro, importa fazer um balanço da sua atividade na chefia do Governo e como isso impacta no desenvolvimento económico do nosso país e no dia a dia dos portugueses.
Um dado importante de análise para o desempenho de António Costa, enquanto Primeiro-Ministro, é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita produzido em Portugal, expresso em paridades de poder de compra, que em 2021, foi o sétimo mais baixo dos países da União Europeia (EU), sendo de 74% da média dos Estados-Membros, tendo mesmo baixado relativamente a 2020, cuja média foi de 76,4%.
Aliás, de acordo com as previsões da Comissão Europeia, em termos de PIB per capita, Portugal provavelmente será ultrapassado em 2024 pela Roménia, depois de já ter sido ultrapassado pela Hungria, ficando na cauda do desenvolvimento europeu na companhia de países como a Letônia; a Croácia; a Eslováquia; a Grécia e a Bulgária.
Internamente a situação ainda é mais dramática e reveladora de uma profunda e continuada crise na governação de Portugal que António Costa pretende ocultar recorrendo ao habitual e requentado marketing político da GFK, empresa de Luís Paixão Martins, o guru da moda dos socialistas.
António Costa, na primeira fase da sua já longa governação de sete anos, enganou descaradamente os outros partidos da geringonça que foram aprovando Orçamentos de Estado, nunca cumpridos na íntegra, em que os investimentos previstos para desenvolvimento dos serviços públicos, na sua maioria, eram posteriormente cativados, pelos poderosos ministros das finanças, em claro prejuízo dos portugueses.
O Partido Comunista Português, o Partido Ecologista “Os Verdes” e o Bloco de Esquerda, deixaram-se utilizar, de forma surpreendentemente ingénua, pela astúcia de António Costa que tudo negociava e prometia, mas quase nada cumpria, recorrendo a seu bel-prazer às cativações sempre que entendia e sem dar explicações aos seus parceiros de percurso político.
Na atual fase da governação, já sem geringonça, António Costa está a revelar toda a sua impreparação e incompetência para liderar uma maioria absoluta, repleta de casos e casinhos, sem coordenação política e onde se recorre, em excesso, a pareceres jurídicos da Procuradoria-Geral da República, para dar suporte legal a evidentes e descaradas faltas de ética republicana de membros do Governo, aliás, alguns deles, ainda em funções.
Os exemplos da continuada má governação de António Costa estão bem patentes na incapacidade de Portugal exercer plenamente as suas funções de soberania, sendo o exemplo mais recente, os treze militares da Marinha de Guerra Portuguesa que recusaram uma missão, segundo alegaram, por falta de segurança do navio patrulha em que deveriam embarcar, sem esquecer o triste episódio do roubo das mal guardadas armas de Tancos.
Mas há ainda a considerar o que se passa na área da saúde, havendo mais de 1,5 milhões de portugueses sem médico de família, estando as urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde a fecharem aos fins de semana, nos períodos noturnos e nos meses de verão.
Na área da educação há um conflito, cada vez mais agudizado, com os professores, que estão em greves sucessivas desde novembro do ano passado e que ameaçam continuar no período das avaliações do presente ano letivo, em prejuízo das aprendizagens dos alunos que frequentam o ensino público.
António Costa está a ser incapaz de inverter o atual caos instalado na governação de Portugal, restando saber até quando é que o Presidente da República pactuará de forma cúmplice e passiva com tudo isto.
Fernando Pedroso
Deputado Municipal do CHEGA na AMO