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Na memória coletiva dos portugueses há um evento que se repete todos os anos: os incêndios. Pedrogão Grande jamais será esquecido e todos os anos com mais ou menos perdas humanas, animais, materiais, hectares e hectares de floresta são consumidos pelos incêndios.
Extinguimos a guarda-florestal, repartimos as responsabilidades sobre a limpeza, manutenção e vigilância das florestas, investimos milhões numa rede de comunicações (SIRESP) que só funciona às vezes, mas os incêndios cada vez são mais devastadores.
Em 2022, no primeiro ano “livre” a seguir ao período pandémico, os incêndios começaram em julho: Ourém, Faro e Almancil, Palmela, Monchique, Estarreja e o país ia ardendo de Norte a Sul, com os misteriosos incêndios ou reacendimentos noturnos. Já com muitos hectares ardidos em todo o território chegou a vez do Parque Natural da Serra da Estrela.
A 6 de Agosto de 2022, às 03:18 da madrugada, deflagrou um incêndio na freguesia de Cantar-Galo, concelho da Covilhã, alastrando-se posteriormente ao longo do vale glaciar do Zêzere e atingindo os concelhos de Manteigas e Celorico da Beira. Milhares de bombeiros, veículos aéreos e terrestres a combater as chamas de dia e de noite, e ao 5º dia de combate, em Celorico da Beira, um carro de bombeiros proveniente de Loures capotou, causando dois feridos graves.
Na Serra da Estrela arderam cerca de 28 mil hectares e em todo o território nacional cerca de 95 mil hectares.
Ninguém se esquecerá da justificação à data da Secretária de Estado da Proteção Civil em que dizia que a área ardida era inferior ao esperado, tendo em conta as condições meteorológicas que o país enfrentara devido às elevadas temperaturas.
No fim de semana passado, fim de semana de Páscoa, e com temperaturas acima da média para a época do ano (mas nada que não aconteça de vez em quando), com alerta amarelo em praticamente todo o território nacional e, portanto, com a proibição de fazer queimadas, lançar foguetes e fazer fogo de artifício, eis que deflagram cerca de 100 incêndios em todo o território, sendo um deles no Distrito da Guarda, numa zona de mato. Portanto, o que ficou por arder no Parque Natural da Serra da Estrela em 2022, começa agora a arder já em abril de 2023.
Para além dos assassinos (sim assassinos, quem destrói património natural, vidas humanas e animais e meios materiais é assassino) que todos os anos saem impunes, há que responsabilizar todos os governantes que ao longo de anos desprezaram o ordenamento do território, não atualizaram os PROT (Planos Regionais de Ordenamento do Território) e o PNPOT (Programa Nacional da Politica de Ordenamento do Território), mandam para o combate aos incêndios homens em condições completamente precárias, que aprovam uma carta de perigosidade de incêndio rural absolutamente desadequara da realidade e que destroem ano após ano a qualidade de vida dos portugueses.
Será que este incêndio da Guarda, fazia parte dos planos das Ministras Mariana Vieira da Silva (Presidência) e Ana Abrunhosa (Coesão Territorial) quando anunciaram em 2022 que o incêndio da Serra da Estrela era uma oportunidade para toda a região?
Fica a pergunta.
Patrícia Almeida
Deputada Municipal
Líder de bancada partido Chega na AM Lrs
gab_dep_chega@cm-loures.pt