Este conteúdo é Reservado a Assinantes
Caros leitores, o tema de hoje é acerca da complexa arte do contorcionismo do PS local, nomeadamente nas Câmaras Municipais de Odivelas e Loures, onde os autarcas Hugo Martins, presidente da Câmara de Odivelas e Ricardo Leão, presidente da Câmara Municipal de Loures, têm proporcionado verdadeiros momentos de contorcionismo político, entre agradar ao PS central, vulgo Governo e passar a imagem necessária de terem a mínima preocupação com as populações dos respetivos Concelhos, afinal não se podem esquecer que mesmo ambicionando outras paragens dentro do aparelho partidário e orgãos do Estado, foram eleitos localmente.
Na novela recente do Hospital Beatriz Ângelo, sobre promessas vãs de manter urgências pediátricas abertas ao fim de semana, feitas pelo Ministro da Saúde Manuel Pizarro, que semana após semana se traduziram no encerramento, devido à dificuldade em escalar médicos, isto após a debandada de médicos que simplesmente não querem trabalhar num hospital mal gerido e que querem pertencer a um sistema que premeie o mérito e eficácia. A evidência veio provar que os habitantes de Odivelas, Loures, Mafra e Sobral de Monte Agraço, têm na prática um serviço mais caro e pior. A própria Unidade Técnica de Acompanhamento de Projectos (UTAP) identificou a poupança para o Estado de 167 milhões de Euros durante 6 anos, ou seja menos 26,1% menos que a despesa de um hospital público (relatório UTAP).
Após a excessiva mediatização do encerramento das urgências pediátricas para uma população de sensivelmente 280.000 pessoas, com direito a abertura de telejornais e diretos da entrada do Hospital Beatriz Ângelo, lá começámos a ver os presidentes de Câmara de Odivelas e Loures a aparecerem perfilados, para tentar apaziguar a compreensivel exasperação dos utentes. Contrastando com o otimismo entusiástico e irreal do ministro da saúde que rapidamente passou do anúncio do não encerramento das urgências, para o discurso de “necessidade de reorganização das urgências”, sendo o resultado óbvio, urgências encerradas ao fim de semana, é favor dirigirem-se a outro hospital e aguentar!
Nisto vimos o Ricardo Leão, honra seja feita, a tomar a dianteira como defensor das populações e a afirmar que só quer um hospital que funcione, afirmando também que, ao contrário de vários camaradas socialistas, não tem qualquer reserva ideológica em que seja gestão pública ou privada, pena foi não ter informado o PS central a tempo de ter tomado a decisão ideológica ruínosa, recordem-se o hospital com gestão pública é mais caro e pior. Ora, depois há sempre a componente omnipresente do contorcionismo, estar do lado das populações é bom para manter o eleitorado contente, mas há que dar aquela perninha ideológica ao PS central, vulgo Governo, e criar um pouco de fumo para a audiência. O autarca, quando questionado sobre o fim da Parceria Público Privada (PPP), afirma que o grupo Luz Saúde é que não quis continuar a PPP nos mesmos moldes, há que culpar os outros por más decisões próprias, esqueceu-se foi de informar que da parte da anterior ministra da saúde, Marta Temido, nunca existiu interesse em lançar novo concurso de PPP, para incluir as alterações de indicadores proposta pela UTAP e Tribunal de Contas e respetivo modelo de financiamento de produtividade, e que o Grupo Luz Saúde já reclamava do Estado falta de pagamento de diversos tratamentos (ex: HIV) e também dos custos acrescidos durante a pandemia. Assim, passa-se uma imagem falsa de que os privados, tão diabolizados pelo socialismo, é que não quiseram continuar, procurando ocultar a evidência indesmentível, que enquantos utentes do Hospital Beatriz Ângelo estavámos melhor, do que chegar à urgência pediátrica do hospital de Loures fechada e isso não há contorcionismo que mascare.
Ricardo Helena, Iniciativa Liberal de Odivelas