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Quando há uns anos atrás apostámos num projeto de Televisão Regional – A TVL, tínhamos todas as condições para dar certo mas, em 2013, poder-se-ia dizer que era cedo para que os Poderes e a Sociedade em Geral neste País, infelizmente, estivessem acordados para o futuro Digital…
Passados dez anos continuamos a ter a mesma percepção de que apesar dos avisos à navegação do PM António Costa a marinhagem continua a dormir e o problema nem é ao nível do comando do navio… há efetivamente uma falta de cultura Digital a roçar o analfabetismo funcional cuja explicação mais fácil poderia ser a falta de formação mas, o problema pode ter outras razões de caráter cultural e ideológico.
Aqueles que poderiam ser os catalisadores de todo um movimento de renovação na Imprensa, na Rádio e na TV, continuam a caminhar em frente sem sequer se interrogarem para onde vão, convencidos que a embalagem e a direção que herdaram do passado os há-de conduzir a bom porto.
Dizia um célebre general: “O Brasil está à beira do abismo mas, comigo no poder, daremos um passo em frente”. Esta sátira retrata bem o posicionamento daqueles que leais ao 1º mandamento da modernização administrativa “Nunca ninguém foi despedido por comprar IBM”, continuam a responder ao PM António Costa “Sim Senhor Ministro”.
Quando as Entidades não acompanham a Realidade
Voltando ao projeto da TVL – Televisão da Grande Lisboa, por onde passaram grandes nomes da cultura, do desporto das letras e das artes e da política, para quem viveu por dentro o arranque e o desenvolvimento do projeto, pôde constatar as mensagens de apoio que recebemos dos mais diversos setores mas, logo que o projeto começou a ganhar dimensão e começámos junto das entidades ligadas à Comunicação a solicitar informação para que tivéssemos igual tratamento ao das grandes TVs, as coisas começaram a complicar-se. Coisas tão simples como os direitos de antena que em TV representam largos milhares de euros foram-nos negados sem qualquer explicação plausível para além de que o nosso caso iria ser presente à administração e estamos a falar de organismos como a ANACOM… (os direitos de antena estão sujeitos a despacho da tutela). Aqui, como noutros casos, tínhamos uma resposta comum, as estruturas, os procedimentos, não estavam preparados para a nova realidade Digital…
A Lei que não é exequível – a ERC, o Secretário de Estado e os Operadores da Cabo
Um dos caminhos para o crescimento da TVL, Televisão Regional, passava pelo registo na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), como TV Regional na rede Cabo o que permitiria que os Cidadãos da Grande Lisboa/AML pudessem dispor de uma posição nas sua box para sintonizarem a TVL. Ora bem, aqui temos mais uma prova de o quanto as coisas são feitas sem o sentido da realidade. Uma TV Local ou Regional paga muito menos taxas que uma TV Nacional como é de toda a lógica mas, acontece que a Rede Cabo está nas mãos dos operadores privados, Vodafone, Meo, NOS e, para que uma TV possa ser reconhecida como Regional ou Local pela ERC a emissão deverá estar limitada a uma determinada região e, aqui, os Operadores Privados responderam simplesmente que não estão disponíveis para nas suas estruturas fazerem as alterações necessárias. Moral da história – A LEI NÃO É EXEQUÍVEL!
Quando reivindicámos o acesso à TDT
Cabe aqui um episódio do tempo do governo Passos Coelho quando as TVs Digitais de todo o País, foram convocadas para uma reunião com o Secretário de Estado para debater os apoios. Nessa reunião em que por acaso fui o primeiro a falar e quando os representantes do Governo esperavam pelo pedido de subsídios fiz a seguinte intervenção: “Exmos Senhores, não estamos aqui para pedir subsídios o que nós queremos é o acesso à TDT tal como acontece em Espanha”. Escusado será dizer que a resposta foram uns sorrisos dos governantes e a reunião, a sério, acabou mesmo por ali…
O acesso à TDT implicava autonomia em receitas de publicidade e uma importância das TV Regionais que pelo menos aqueles governantes não estavam dispostos a considerar.
António Tavares, diretor
EDITORIAL