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Para os parlamentos e para os Cabildos das Canárias só mesmo nacionais.
Residentes permanentes estrangeiros servem para pagar impostos, mas só podem votar nas municipais. ¡De resto, proibido!
Afinal é falso que os 1.772.423 recenseados nas Canárias possam votar livremente. Há democracias Ocidentais – as tais que se afirmam maduras – que encerram procedimentos no mínimo estranhos e próprios dos regimes autocratas. Nas Canárias, os cidadãos residentes permanentes estrangeiros – que pagam os seus impostos no país – apenas podem votar para as ‘Municipais’ (Concejales/as). Estão literalmente impedidos de votar para o Parlamento das Canárias – quer para a Circunscrição Insular; quer Circunscrição Autonómica – e também eleger os representantes para os Cabildos. Para votar livremente e de pleno direito, para todos os seus representantes na Comunidade Autónoma, obriga-se a ter nacionalidade espanhola ou dupla nacionalidade, naturalmente sendo uma delas consagrada a Espanha.
Se em 1 de janeiro de 2022 viviam no arquipélago, devidamente recenseados 287.458 estrangeiros, facilmente poderemos reconhecer a cifra destes residentes a quem não lhes é permitido escolher livremente os seus representantes que ultrapassará certamente os 100.000.
O que nos recomendam: obter a nacionalidade ou dupla nacionalidade! E lamentavelmente não encontrámos nenhum técnico que soubesse explicar claramente esta incongruência do sistema eleitoral e muito menos indicar a legislação.
Provavelmente, este não é um fracasso da democracia espanhola, mas antes um insucesso do conceito de democracia vigente na maioria dos países europeus, onde mais se propagandeiam as liberdades ocidentais como se fossem as únicas do planeta.
Nestas ocasiões somos confrontados com a realidade de que, em alguns casos, somos todos diferentes, mas iguais na presunção do poder, ou seja, na aptidão em evitar o escrutínio dos cidadãos. Provavelmente, se os residentes estrangeiros pudessem votar livremente, Canárias não voltaria a ter um governo constituído à custa da união de minorias extremistas – alguns nacionalistas – em torno dos socialistas como teve nos últimos 4 anos que empobreceram o arquipélago sob quase todos os pontos de vista.
Resta-nos concorrer à nacionalidade ou dupla nacionalidade, o que faremos com o maior contentamento e a certeza de, então, nos tornarmos cidadãos de pleno direito. Afinal, não serve assinar o documento que comunica a Portugal a nossa opção de votarmos em Espanha e não em Portugal. Aqui não funciona o conceito de União Europeia.
Este fenómeno da democracia é uma vergonha!
Há 5,4 milhões de estrangeiros residentes
De acordo com os dados recolhidos pelo INE em 2021 – publicados no início de dezembro de 2022 – a totalidade dos estrangeiros residentes em Espanha ascende a 5.440.148. A maior parte deles são europeus, latino-americanos e marroquinos. Os cidadãos marroquinos cadastrados na Espanha totalizavam 872.759.
A Roménia e Marrocos são, de longe, os países mais residentes em Espanha, e esta situação remonta a muitos anos. Entre os dois, representam mais de 30% da população. Trata-se, em princípio, de uma imigração baseada na procura de melhores oportunidades.
Em terceiro lugar está a comunidade britânica, que é mais importante do que os outros grandes países da União Europeia, provavelmente porque muitos cidadãos do Reino Unido se reformam em Espanha devido ao clima, à qualidade de vida e aos preços mais económicos do que no seu país de origem.
Os latino-americanos instalaram-se principalmente nas comunidades da Catalunha, Comunidade de Madrid, Andaluzia, Comunidade Valenciana e Ilhas Canárias. Barcelona encabeça a lista das cidades mais povoadas da América Latina, seguida de Madrid, Múrcia e Valência.
¡Sustentabilidade da Segurança Social apenas com migrantes!
Mas por incrível que pareça a sustentabilidade do Sistema de Segurança Social de Espanha depende fortemente da mão-de-obra dos migrantes. Concretamente – cálculos anunciados em 2019 – o país necessita da chegada de 191.000 imigrantes cem ada ano como mínimo. Isto significa que, após 30 anos, num horizonte de projecção a terminar em 2050, a Espanha terá 5,7 milhões de novos estrangeiros a trabalhar.
Ainda assim, em 2020 foram publicadas projeções que indicavam a existência de meio milhão de migrantes trabalhando na Espanha sem documentos, ou seja, fora das estatísticas oficiais.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)