O futebol global perdeu o último dos “flamengos” que fazia a diferença pelo gosto da família, dos amigos e da terra.
Enorme homenagem aconteceu em Sevilla – no Benito Villamarín esgotado com 60 mil aficionados do Bétis – a Joaquín Sánchez que deixa o futebol quase no auge, em vésperas de fazer 42 anos (21 de julho). Emocionante a festa, o jogo, mas acima de tudo a grandeza de um atleta global e carismático como muito poucos no Mundo do futebol. Tudo aconteceu com naturalidade tal como o anúncio do final da carreira que apanhou milhões de fãs do futebol espanhol – e não só – de surpresa.

Mas para este centrocampista, tantas vezes avançado-centro e corredor do campo de lés-a-lés, como o fez nesta terça-feira, dia 6 de junho, está na hora da família, de um projecto de uma Fundação com o seu nome que terá a missão procedimentos para o bem-estar e incentivar as crianças com cancro, bem como a investigação. Também promete continuar a formar e incentivar o Mundo do desporto com o símbolo do respeito. Pela sua capacidade de influenciar positivamente companheiros de equipa e adversários no sentido de prestigiar a modalidade.

Foi uma despedida de uma grandeza única – apenas teve similitudes com a de Casillas, Raúl e Guti do Real Madrid -, de um capitão singular pela respeitabilidade universal que teve abertura com uma canção interpretada pela extraordinária Niña Pastori a que se seguiu a partida entre o Bétis, sobretudo com jogadores de três gerações que passaram pelo clube de Sevilla e pela sua vida, e uma equipa de lendas do futebol dos últimos 23 anos que actuaram em alguns clubes de Espanha, como os ex madridistas Iker Casillas, Raúl e o extraordinário Guti e Sérgio Ramos (também andaluz) futebolistas maiores do Real Madrid, como tantos outros. Também actuaram algumas das actuais estrelas do clube sevillano entre eles os avançados Willian José, Borja Iglesias e Juanmi.
Já quase no final, ao ser substituído, Joaquín entregou a braçadeira de “capitão” ao companheiro Andrés Guardado, também um veterano da equipa de Manuel Pellegrini.
Joaquín também representa a sensibilidade e simplicidade, faceta cada vez mais rara no universo do desporto profissional onde governa a procura dos milhões, da futilidade e da ostentação de vidas glamorosas cada vez mais distantes do comum dos mortais.
O Bético Joaquín é perfeitamente o inverso de tudo isso: Gosta de viver bem, mas ligado à família, à terra e, obviamente à sua cidade de Sevilla. Joaquín é o homem da visita á cafetaria e à tasca continuada, sem guarda-costas e sem preconceitos, pese embora tenha nascido no seio de uma família de classe média trabalhadora de Espanha.
Joaquín é família, amigos, terra, Sevilla e Bétis, uma raridade no futebol actual!
Recordes: em 622 jogos da Liga;
o mais velho a marcar e a jogar na Europa League
Joaqín Sánchez somou 622 presenças em jogos disputados no campeonato da primeira Liga española, recordé compartido com Andoni Zubizarreta (guarda-redes que se notabilizou no Deportivo Alavés, Athletic Club, F. C. Barcelona e Valencia C. e actualmente também ex-director desportivo de vários clubes e actualmente assessor externo dos mexicanos do Monterrey). Em fevereiro de 2020, foi nomeado “Hijo Predilecto de Andalucía”, ou seja, “Filho Predilecto da Andaluzia”.
Em 1997 entrou no plantel da categoria juvenil do Real Betis Balompié: ganhou a Taça do Rei (1999) e uma Supercopa. Na temporada 1999-2000 jogou no Betis B, com o qual disputou 26 jogos da Segunda Divisão B.
Subiu à primeira categoria na temporada 2000-01: jogou a sua primeira partida em 20 de agosto de 2000.
Nos cinco anos seguintes, Joaquín jogou praticamente tudo com o Real Betis e ultrapassou os 200 jogos oficiais com o clube. Na temporada seguinte – 2005-2006 – na Liga dos Campeões, disputou os seis jogos da fase de grupos, incluindo a vitória de 1-0 contra o Chelsea e um empate de 0-0 contra o Liverpool em Anfield. Então, o Bétis terminou a liga em terceiro lugar, e obteve como prémio a qualificação para a Liga Europa.
No verão de 2006, o Valencia pagou 25 milhões de euros pela contratação de Joaquín.

O percurso do centrocampista andaluz teve algumas semelhanças com outros maiores da modalidade, ainda que quase sempre contra vontade do atleta que sempre foi um bético incondicional: entre a sua primeira e segunda passagem pelo clube de Sevilla completou 14 temporadas. A sua carreira fez-se no Real Betis Balompié (2000-2006); Valencia C. F. (2006-2011); Málaga C. F. (2011-2013); ACF Fiorentina (2013-2015) e regresso ao Real Betis Balompié desde 2015 até ao final desta época de 2022-2023.
Joaquín Sánchez também se notabilizou por ter recusado uma proposta milionária do Chelsea, em 2005, por desejo do então treinador José Mourinho.
O jogo da homenagem que acabou com o triunfo dos Béticos por 6-4 com dois golos de Joaquín. E aqui ficam alguns dos ilustres que participaram:
Do lado do Bétis, Rubén Castro, Héctor Bellerín, Alfonso, Denilson, Edu, Juanito, Capi, Doblas, Cañas, Arzu u Oliveira
Do lado da selecção das Lendas destacaram-se Casillas, Sergio Ramos, Raúl, Roberto Carlos, Guti, David Albelda, Cazorla o Luque.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)