A partir de meados de julho, começarão a chegar a Loures peregrinos para assistir e participar na Jornada Mundial da Juventude 2023, cujo “pico” ocorrerá no fim de semana de 5 e 6 de agosto com a Vigília e a Santa Missa para o Dia Mundial da Juventude, que se prevê tragam ao nosso concelho cerca de um milhão de pessoas.
Loures ficará sem dúvida no mapa, seremos o centro do país e do mundo.
O município prevê gastar 10 milhões de euros na realização do evento, que em parte ficarão alocados ao futuro parque Tejo-Trancão, que finalmente devolverá o Tejo aos lourenses, que assim poderão usufruir não só da vista como das atividades à beira-rio. Felizmente existe Jornada, estava difícil de outra forma ter acesso ao rio.
Mas e como será a vida dos lourenses durante os dias da Jornada? É a pergunta para um milhão … o concelho sofre graves problemas com a falta de médicos, os cuidados de saúde primários não dão resposta e o Hospital Beatriz Ângelo idem. Mantêm-se fechadas as urgências pediátricas à noite e aos fins de semana e a urgência geral apresenta tempos de espera frequentemente a ultrapassar as 6 horas.
A mobilidade dentro do concelho continua a apresentar falhas, como é o caso de quem se quer deslocar da maior freguesia do concelho, Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, para a sede do concelho, Loures, não o consegue fazer diretamente, nem mesmo com a entrada das novas carreiras da Carris Metropolitana este trajeto foi pensado, ou com a supressão de alguns trajetos que bastante problema tem trazido à vida dos lourenses.
Acresce que à data a Organização da JMJ, nomeadamente a tutela competente pelo Plano de Mobilidade, ainda não disponibilizou o mesmo, o que faz com que quem cá mora tenha a sua vida em suspenso até conseguir perceber se vai ou não conseguir sair de casa durante esses dias, se existem vias disponíveis, que carreiras e em que horários irão circular, se haverá ou não constrangimentos nos comboios, variáveis absolutamente fundamentais para todos os que se deslocam diariamente para fora do concelho, ou no caso até mesmo dentro do concelho, para trabalhar.
Para além disso, o aumento abrupto de pessoas a circular durante esse período trarão obviamente constrangimentos no que à alimentação, higiene, segurança dizem respeito. Onde irão comer os peregrinos? Onde irão dormir? Que forças de segurança darão resposta em caso de necessidade? As do concelho? As forças de segurança que fecham os postos durante a noite por número reduzido de efetivos ou aqueles que têm apenas um carro-patrulha, para patrulhamento e resposta a ocorrências?
Não esquecer que a freguesia de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela não tem corpo de bombeiros próprio e apesar de todo o apoio dos concelhos vizinhos, que acredito estarão mobilizados para esta data, necessitará de todo o apoio inclusive para a desmobilização da multidão a seguir à Santa Missa.
Avizinham-se dias no mínimo atípicos e que trarão constrangimentos elevados à vida dos lourenses, que acredito tudo farão para receber bem e minimizar as adversidades.
Mas estarão as autoridades competentes cientes e preparadas para tudo o que aí vem?
Fica a pergunta
Patrícia Almeida
Deputada Municipal, Líder de bancada partido Chega na AM Lrs
gab_dep_chega@cm-loures.pt