Interrompendo os meus escritos de opinião, sobre assuntos diversos da política nacional relevo, hoje, uma iniciativa no Município onde represento o Partido Socialista em nome de todos quantos votaram PS nas últimas eleições autárquicas de 2021.
Esta nova edição do “Festival do Pão” pretende continuar a dar a maior visibilidade à componente tradicional, sobretudo aos saberes e costumes associados a este produto gastronómico de excelência que é o Pão Português e, neste particular, de entre muitos bons pães produzidos pelas padarias tradicionais e regionais, o Pão de Mafra, marca registada desde 2012. Essa é uma das principais razões porque o certame continua a apostar num vasto programa atividades, focadas neste produto endógeno demonstrado através de sessões de showcooking e degustações.
Não será apenas o Pão, principal “artista” do Festival, que estará presente. Outros standes, bancas e tasquinhas estarão disponíveis com a apresentação do que ao nível do artesanato, produtos regionais, gastronomia e doçaria Mafra tem para oferecer.
Presença sempre acompanhada pela animação para os mais pequenos, ranchos folclóricos locais e um vasto reportório musical para todos. Neste último painel destaque para os seguintes dias em que estes artistas irão desfilar. Assim temos;
No dia 08 a cantora Sara Correia, no dia 09 o Grupo musical “Os AZEITONAS”, no dia 10 a banda de “Tributo à Banda SANTANA”, no dia 11 a banda local “4REVIVAL”, no dia 12 a cantora CAROLINA de DEUS, no dia 13 o cantor JORGE VADIO, no dia 14 a cantora ANA LINS, no dia 15 a cantora ANA BACALHAU e, no fecho, no dia 16 a Orquestra Ligeira do Exército. Momentos musicais que poderão ser acompanhados em écrans gigantes, quer no interior do recinto, quer no exterior.
Mas, de onde vem esta origem do chamado e como era feito o “Pão de Mafra”?
Era feito com a farinha de trigo vinda diretamente do moleiro. As fornadas eram feitas uma vez por semana com um alqueire bem medido o que dava perto de uma arroba de farinha (“arroba”; uma designação de tempos mais antigos que representava e representa os nossos mais conhecidos 15 kilos).
A farinha era primeiramente peneirada com a peneira do milho para se lhe retirar o farelo. A seguir peneirava-se com a peneira do trigo para retirar as sêmeas. A seguir peneirava-se com a peneira fina para obter então a farinha com a finura ideal para amassar o pão.
Antes de amassar colocava-se sempre o “acrescento”, ou seja, o “abençoado” fermento que era feito de restos de massa que ficava agarrada ao alguidar da amassadura da semana anterior, á qual se juntava um pouco de farinha enxuta e ficava até á próxima semana guardada numa tigela com um pouco de sal por cima para não criar bolor.
No dia em que se fazia o pão utilizava-se o “acrescento” para fazer levedar a massa que, de seguida, era amassada num grande alguidar de barro.
Bons braços eram e são precisos. Perto de 15 kg de farinha a ser amassada a punho cerrado, durante cerca de uma hora, a “dar-lhe” forte e feio, tem que se lhe diga.
Uma tarefa que, mais antigamente, estava quase exclusivamente destinada às mulheres porquanto os homens só intervinham para ajudar a estender (pu a “tender” como se usava dizer) a massa e preparar o forno para enfornar o Pão. Depois de bem amassada, a massa era benzida ao mesmo tempo que se desenhava-se com toques de mão, em forma de cutelo, uma cruz na massa, a todo o comprimento e largura do alguidar.
A massa ficava a levedar cerca de 3 horas no alguidar bem tapado com um cobertor ou uma manta de lã e por cima da massa lavava uns salpicos de farelos. Assim que os farelos se abriam provocados pela levedura do acrescento, a massa estava pronta para ser estendida (tender o Pão) e ir ao forno quente a cozer durante cerca de uma hora
O Pão de Mafra porque é uma marca registada, deve cumprir alguns requisitos de fabrico e estes que atrás refiro, segundo os costumes locais, são alguns desses.
Certo é que o Pão de Mafra depois de desenfornado, barrado com manteiga, marmelada, acompanhado de chouriço ou de uma suculenta sardinha, é um regalo ou, como alguns dizem; “uma bênção divina”!
Em quente, este pão, nunca era cortado à faca, pão quente era obrigatoriamente partido á mão.
Este ano haverá, ainda, uma participação é que é convidada especial a Região Autónoma dos Açores, com a exposição “Viagem pelo Arquipélago dos Açores”, onde o público ficará a conhecer o papel do pão nas festas e romarias populares açorianas.
A entrada gratuita, sujeita à lotação do recinto.
José Manuel Graça, Vereador na Câmara Municipal de Mafra, Membro da Comissão Nacional do PS.