A 20 Kms de Lisboa, o Palácio de Mafra é Património Mundial da UNESCO.

A UNESCO classificou o Real Edifício de Mafra como Património Mundial. A decisão foi tomada na 43.ª Sessão do Comité do Património, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Baku, no Azerbaijão, no dia 7 de julho de 2019.

O porquê

Falar aqui do Palácio Nacional de Mafra e de toda estrutura que o envolve e que faz parte do conjunto elevado a Património Mundial da UNESCO, composto pela Basílica, o Convento, o Jardim do Cerco e a Tapada de Mafra é falar do nosso património, é falar da nossa cultural, é falar dos meus pessoais afetos quando ali pernoitei algumas semanas em durante o serviço militar obrigatório, é falar de um dos ex-libris da Vila de Mafra onde estou eleito no desempenho de funções autárquicas, é falar de algo monumental que devemos considerar nosso e cuidando deste vasto conjunto todos os dias, usufruindo.

Como nasceu a ideia da obra

O Convento de Mafra foi mandado construir por D. João V (1689-1750), após prometer à sua mulher, Maria Ana de Áustria, que construiria um mosteiro em troca de esta lhe dar herdeiros, ou a cura para uma grave enfermidade de que padecia, segundo uns. Nasceu assim o convento franciscano, também chamado de Real Convento de Mafra, o mais importante monumento do barroco Português.

O conjunto arquitetónico desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, ponto culminante de uma longa fachada ladeada por dois torreões e tendo na zona posterior a zona conventual da Ordem de Francisco da Província da Arrábida, que foi também ocupada, entre 1771 e 1791, pelos Cónegos de Santo Agostinho.

A “obra” e a sua conceção

A 17 de Novembro de 1717 lançou D. João V a primeira pedra, perante toda a Corte. O projeto original é da autoria de Johann Friedrich Ludwig. Pensado inicialmente para treze frades, o projeto virá a sofrer sucessivas dotações de religiosos chegando a atingir as três centenas de franciscanos.

O Convento de Mafra foi construído em pedra lioz oriunda da região de Pero Pinheiro e Sintra, e as madeiras oriundas do Brasil. O edifício ocupa uma área de 37.790 m2, compreendendo 1.200 divisões, mais de 4.700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Aqui trabalharam operários vindos de todo o reino, chegando a atingir o impressionante número de cerca de 50.000, num mesmo ano. Tal fausto só foi possível devido ao ouro do Brasil. A direção da Real Obra foi entregue a João Frederico Ludovice, ourives alemão, com formação de arquiteto em Itália. O modelo adotado inspirou-se na Roma Papal, um barroco influenciado por Bernini e com torres de cariz barroca, sem esquecer alguma influência alemã.

Para o Real Convento de Mafra D. João V encomendou obras de escultura que admiramos à entrada e mestres Portugueses e Italianos e que foram trazidas em caixas e cobertas de lã, porque a palha mói e havia risco de se partirem. As pinturas foram igualmente encomendadas a portugueses e italianos, bem como todos os paramentos e alfaias de culto religioso e tocheiros a França, Roma, Veneza, Milão, Génova e na Holanda. Só mesmo o mármore é genuinamente português.

Em síntese de grandeza, e com mais de 1.200 hectares classificados, este é o maior monumento nacional português, dos quais mais de 38.000 m2 são referentes ao Palácio-convento, mandado construir pelo rei D. João V e edificado entre 1717 e 1730. No seu interior destaca-se uma das mais raras, importantes e valiosas bibliotecas iluministas da Europa, com um acervo documental de várias áreas de estudo do século XVIII ao longo dos seus mais de 30.000 volumes.

Os relógios, o carrilhão e os sinos, vieram de Liège e na Flandres foram encomendados os

dois carrilhões que constituem o maior conjunto histórico do mundo. Assim se compõem as torres sineiras da Basílica constituído pelos mencionados dois exemplares únicos de carrilhões, integrados num total de 119 sinos e, no interior desta capela real, estão instalados seis outros órgãos históricos, instalados entre 1792 e 1807, que voltaram a ecoar na Basílica após o seu restauro integral, devolvendo ao Palácio Nacional de Mafra o seu papel ímpar a nível mundial no campo dos instrumentos musicais integrados em património arquitetónico.

De entre vários apontamentos de referência contam-se os de que, desde o torreão norte (apartamento do Rei) ao torreão sul (apartamento da rainha) distam 232 metros, ou seja, os metros que distanciavam a intimidade conjugal entre o Rei e a Rainha e que o lançamento da primeira pedra, em 1717, custou cerca de quarenta mil libras. As madeiras de pinho para os andaimes e barracas dos trabalhadores vieram do norte da Europa.

A distinção de ser Património Imaterial da UNESCO

A UNESCO classificou o Real Edifício de Mafra como Património Mundial. A decisão foi tomada na 43.ª Sessão do Comité do Património, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Baku, no Azerbaijão, no dia 7 de julho de 2019. Uma “luta” que se iniciou em 2004 com a inclusão deste monumento numa lista  indicativa criada pela CNU-Comissão Nacional da Unesco e que considerou as características históricas, sociais e artísticas que definem o valor universal excecional do conjunto monumental do Palácio Nacional de Mafra que engrandece todo o valor universal excecional do Real Edifício de Mafra, atribuindo-lhe um lugar de ainda maior destaque na oferta turística da região que integra a Área Metropolitana de Lisboa.

Esta decisão contou com um apoio diverso balanceado entre países de vários continentes como o foram os do Brasil, da Tunísia, da China, de Angola e da Indonésia.

O Palácio Nacional de Mafra é um lugar incrível e que impressiona por sua grandiosidade e importância histórica. Como atrás referi esta classificação distintiva da UNESCO inclui todo um vasto no qual se incluem a Basílica, o Convento, o Jardim do Cerco, a Escola das Armas e a Tapada de Mafra

Podendo, num próximo artigo, voltar a falar de cada uma áreas refiro, sucintamente, duas delas; a Basílica do Real Edifício de Mafra, um templo dividido em três naves e seis capelas laterais, revestido por coloridos mármores italianos e portugueses verdadeiramente inspiradores, uma magnífica paramentaria e a inclusão do magistral e único conjunto instrumental dos seis órgãos e dos dois carrilhões, já referidos. 

E, por sua vez, a atual e renovada Tapada de Mafra, criada em 1747, e zona de caça e descanso do Rei D. Carlos, possui mais de 500 animais de 60 espécies diferentes, entre gamos, veados, javalis, aves como a águia de Bonelli ou o bufo real, répteis como salamandras, tritões e cobras e uma floresta de cerca de 800 hectares que incluí árvores consideradas de interesse público, como o castanheiro-da-índia, a olaia e o sobreiro. Uma zona e imensa mancha verde que se rejuvenesce a cada dia e merece a sua visita.

O fim

Há sempre mais uma sala, mais um pormenor por descobrir.

Apoiar o património é um contributo relevante para que cada cidadão observe e absorva a memória secular de um pais único e milenar.

José Manuel Graça

Vereador na Câmara Municipal de Mafra,

Membro da Comissão Nacional do PS.

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