Recente “flic, flac” político registado em território insular, honrando a sabedoria popular portuguesa, em título ilustrada, trouxeram-me á memória os saudosos programas do “Perspectivas”, da não menos saudosa TVL, em particular os programas gravados com o insigne RAINER DAENHARDT, num dos quais, dedicado à Rainha Santa Isabel, e referindo-se ao seu real esposo, Dom Dinis, afirmou ter sido uma das primeiras reais decisões de Dom Dinis, obrigar o cumprimento de “palavra dada”, tal a desobrigação na época verificada á “palavra dada”, cujo valor era praticamente nulo.
Costuma-se dizer que em Politica, por vezes, mais importante do que ser coerente, é ser consequente.
Dispenso-me de adentrar pela teoria da ética da responsabilidade de Marx Weber, algo já abordado em contributos anteriores, e que aqui se dá como apreendido.
Numa longínqua data, um programa de entretenimento da RTP1, surgia um quase juvenil Paulo Portas, então, creio que, já director do independente, não tenho a certeza, pelo menos era já jornalista, rejeitando, convicta e resolutamente, o seu horror à condição de político, coisa, para ele, abominável, e jurando nunca vir a fazer parte de nenhum governo. Cheguei a visionar o vídeo disto, a preto e branco, mas desgraçadamente, não sei que lhe fiz.
Uma breve pesquisa no Google dei de caras com outro vídeo, bem mais posterior ao juvenil Paulo Portas, neste já mais “adulto”, director do Independente (https://www.youtube.com/watch?v=oYbvQMO7bC0) onde reitera sem pestanejar, a sua rejeição quer á condição de político, em geral, e em especial a ser militante de um partido ou integrar um governo.
Ora todos sabemos o quanto honrou Portas a sabedoria popular, em detrimento da sua honra e credibilidade.
Mas, mais recentemente, como que a não deixar esquecer tudo isso, vem a célebre decisão pessoal e irrevogável, quando ministro de Pedro Passos Coelho, a qual passou a revogável com uma promoçãozita a Vice-Primeiro ministro, cargo antes criado uma única vez pela mão de Sá Carneiro, presenteando o seu colega de coligação Freitas do Amaral.
Um pratito de lentilhas resolvem a questão.
Outro politico para quem a verticalidade da honra da palavra, ficou ao nível das pedras da calçada, foi o inventor da célebre sopa vichissoise, de um conselho de Estado, onde não esteve, mas, passou dicas a Paulo Portas, como se tivesse estado lá, dicas essas publicadas no “Independente”, falamos obviamente de Marcelo rebelo de Sousa.
Agora temos o Presidente da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque, na sua costumeira postura arrogante, em plena campanha eleitoral, afirmar peremptoriamente “se perder a maioria absoluta, vou-me embora”, referia-se obviamente á coligação PSD/CDS, porque o PSD sozinho já a tinha perdido 4 anos antes.
Ora no rescaldo da noite eleitoral verificou-se que depois do PSD sozinho ter perdido a maioria absoluta, em 2019, agora foi a coligação que Miguel liderava, a perder, também a maioria absoluta.
O Estado maior laranja, o nacional e o regional, juntos, lá congeminaram um golpe de rins, para justificar o injustificável.
O que se seguiu pareceu uma rábula do “isto é gozar com quem trabalha”, por um lado um Montenegro a reclamar vitória alheia, para a qual o seu contributo foi zero, ali expondo o seu calibre como politico, e nesse ponto a sua entourage assemelhou-se a um féretro politico, e por outro lado, Miguel Albuquerque, visivelmente agastado com a ingratidão dos madeirenses, a glosar sobre o que dissera e o que queria dizer, mas agora é que diz o que significava o que disse.
Tudo … mais uma vez por um prato de lentilhas, sendo agora o comensal o PAN, cuja sigla parece sentenciar “Pois Agora Nós”.
São estes “artistas” que descredibilizam a política. É por causa deles que o povo, soberano, se afasta cada vez mais da política.
A coluna vertebral é exigível a todas as pessoas de bem, sendo estas depositárias de princípios e valores, justos, honestos, e verdadeiros.
Anseio, sinceramente, pelo dia em que o povo retire consequências das acções destes “troca-tintas”, nem que seja expondo a sua repulsa, publicamente, até se dar o fenómeno “Rubialles”, ou seja, irem-se embora por falta de condições originada pela “pressão” popular.
Parafraseando Trump, imaginem lá, quem fui buscar, mas com toda a pertinência, em razão de matéria, “essa gente anda toda á programa de emprego”.
Na Madeira, continua bem vivo o principio de que vale tudo para manter o “status quo”.
Oliveira Dias