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Trilogia Socialista?

Quando apenas se tem como ferramenta um martelo, todos os problemas se assemelham a pregos. A oposição prega assim as tábuas da jangada que a há-de levar para longe … do povo.

O Partido Socialista elegeu o seu Secretário Geral, contra as expectativas e confessadas opiniões dos doutos do costume, em especial os das televisões, onde qualquer um manda uns bitaites, num festival de “achismo” quase obsceno, ignorando, olimpicamente, quem vota no PS – os seus militantes.

Os apoios de circunstância, de cada candidatura, a que a comunicação social dava alarde noticioso, consoante a figura fosse mais conhecida ou menos conhecida do grande público, como se uma figura valesse mais do que o seu voto singular, e nada menos que isso. Presenciei até uma cena de um grupo de pessoas, onde galhofavam com o anunciado apoio de uma figura pública do partido socialista a uma das candidatura, num órgão social, onde um deles afirmava “o tipo é conhecido, e então? só tem direito a 1 voto. Olha aqui o Guilherme até vale mais do que isso, só lá em casa dele são 3 votos, pró mesmo.” E a risada sancionou aquela afirmação.

Algumas televisões até foram desencantar alguns socialistas, à muito afastados da política, e, em bom rigor, aos quais ninguém liga, nem dentro, nem fora do partido, para darem uns bitaites, na campanha externa dos órgãos de comunicação, visando não a informação esclarecida das pessoas, mas sim as posições dos shares de televisão, que como sabemos definem as escolhas dos investidores comerciais televisivos.

O Partido Socialista, lá fez a sua campanha interna, os militantes lá fizeram as suas escolhas, e no final, contrariando, tantas e tantas “opiniães”, o resultado final foi o que os socialistas quiseram. Como tinha que ser.

Pedro Nuno Santos, teve uma clara vitória interna, para Secretário Geral do Partido Socialista, numa escolha óbvia dos socialistas, tendo em vista a fibra necessária para levar, a bom porto, os objectivos do Partido Socialista, e dos destinos de Portugal, seguindo-se-lhe José Luís Carneiro, com um muito bom resultado, diga-se, porém, sem espantar os socialistas pois todos lhe reconhecem também elevadas qualidades, quedando-se na terceira posição, Daniel Adrião, cujo 1% obtido, não espelha o real valor deste socialista, como de resto ficou demonstrado á saciedade, pelo seu desempenho nos debates televisivos.

O momento que atravessamos, no PS, no País, na União Europeia, na Europa, e no Mundo, convoca TODOS para a luta, e o Partido Socialista, precisa de todos e não se pode dar ao luxo de prescindir dos seus melhores, e salvo melhor opinião quer Pedro Nuno Santos, quer José Luís Carneiro, quer Daniel Adrião, tiveram muita coragem, no passo que deram de se candidatarem á sucessão de António Costa, e o empenho depositado pelos três, na campanha interna, foi decisiva para o enorme envolvimento e dinamização do universo socialista como há muito não se via. Foram estes três porque era difícil, porque se fosse fácil viriam muitos outros. É sempre assim.

A exclusão de qualquer um dos candidatos vencidos – José Luís Carneiro e Daniel Adrião – nesta disputa democrática, resultará sempre num projecto coxo para o país, pois as ideias de cada um deles, somando ás do Secretário-Geral, Pedro Nuno Santos, formam um conjunto heterogéneo, rico, e variado, de ideias e projectos, cujo resultado final será sempre benéfico para os portugueses e para Portugal.

O Partido Socialista tem que se preparar para as investidas das carpideiras de serviço, cujo ensaio já começou, com tiradas como “António Costa vai fazer sombra a Pedro Nuno Santos” ou “Pedro Nuno Santos é a continuidade, não há diferenças com o passado”, e coisas do género.

Na verdade, sendo António Costa e Pedro Nuno ambos socialistas, é normalíssimo que tenham imensos denominadores comuns, registe-se que ambos iniciaram funções governativas pelo mesmo posto – secretário de estado para os assuntos parlamentares, onde ambos se destacaram, o contrário é que seria estranho.

Internamente ambos foram Presidentes das respectivas federações socialistas, António Costa em Lisboa, e Pedro Nuno em Aveiro. Uma diferença, porém se regista, é que António Costa foi eleito local, em Loures (onde ficou famosa a sua iniciativa da corrida entre um ferrari e um burro), e em Lisboa, e Pedro Nuno não fez esse tirocínio (mas é o autor da célebre afirmação “que se lixe a troika”).

Mas também Pedro Nuno Santos foi líder da Juventude Socialista e António Costa não.

Diferenças entre ambos? Sim, existem e destaco aqui duas cuja importância é incontornável:

Pedro Nuno Santos, ao contrário de António Costa, é apologista da reposição do tempo de serviço, não só para os professores, mas para toda administração pública, cujo impacto nas finanças públicas é enorme, e reclamará redobrada atenção para manter a tendência de descida do deficit, e das contas certas;

E a Regionalização, o que pessoalmente reanima substancialmente a minha crença de afinal ainda irmos a tempo de uma reforma que, reputo, vital para o País, confirmada pela minha recente deslocação em todos os distritos de Portugal, junto de freguesias, reclamando todas elas, especialmente as do interior, uma descentralização efectiva, em detrimento da bizarra solução que António Costa gizou para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, que nem é carne nem é peixe, e não serve para nada, a não ser, o dar a impressão que se fez alguma coisa, sem mexer em nada.

Noutro plano, não se tratando de diferenças materiais, mas sim de diferenças em matéria de tempos de concretização, vem á cabeça o eterno novo aeroporto.

Pedro Nuno Santos foi, o principal arquitecto da salvação da TAP, isto fazendo fé nas palavras dos presidentes dos sindicatos da companhia aérea, em particular o presidente do sindicato dos pilotos, com os quais encontrou uma plataforma de consenso, e gizou um plano de recuperação, apresentado aos cépticos decisores da burocracia da comissão europeia, convencendo-os, salvando, assim milhares de postos de trabalho, salvando um contributo para o PIB nacional de cerca de 10 mil milhões, em dez anos, tendo como contrapartida o investimento na companhia de 3 mil milhões de euros, que serão recuperados pelos 300 milhões pagos pela TAP em impostos, por ano, ao Estado, significando uma recuperação plena desse investimento também em 10 anos.

Registe-se que a direita em peso defendia a solução contrária … a falência da companhia, lançando para o desemprego milhares de trabalhadores, onerando as despesas da Segurança Social, cavando um buraco 10 mil milhões em dez anos, a menos na economia, e consequentemente o empobrecimento, económico, social e estratégico do país. É isto que deixa a direita feliz. O miserabilismo.

Quanto ao novo aeroporto, António Costa, genuinamente convencido da bondade da uma postura, que atendesse á dimensão nacional do tema, condescendeu nas birras do PSD, cedendo, neste aspecto ás pressões oriundas de belém, para um consenso alargado, e alinhou na constituição de uma comissão independente, e uma metodologia chancelada pelo PSD, cujas conclusões foram recentemente apresentadas, para agora este mesmo PSD, anunciar outra comissão para estudar o trabalho da comissão independente, fazendo lembrar soluções à Salazar, pois quando este queria não resolver algo criava uma comissão.

Ora com Pedro Nuno Santos, não haverá mais comissões mas apenas mais decisões, e avançará definitivamente para a construção do novo aeroporto, em linha com as conclusões da comissão independente.

A ferrovia a mesma coisa, uma infra-estrutura essencial para o País, sempre o foi. O Planeamento complexo e demorado está feito, e apresentado, pelo ministério das infra-estruturas pela mão de Pedro Nuno Santos, e João Galamba, e é com Pedro Nuno Santos que a revitalização, quase que um renascimento, á Fénix, dos caminhos de ferro portugueses, com a reactivação de oficinas e material circulante, aproveitando um Know how instalado, em tempos desbaratado, mas que agora faz a diferença, aliado á aquisição de novos comboios, em segunda mão, mas a bom preço, e as decisões quanto á alta velocidade, não esquecendo a bitola que se pretende para o País. O Plano ferroviário nacional é uma revolução que vai acontecer, agora que o seu mentor vai ser Primeiro-ministro.

Tudo boas razões para assustar uma descredibilizada oposição, que se entrega agora a um exercício de ofensas pessoais, e afirmações vexatórias, armas dos incapazes e dos incompetentes, como a sabedoria popular sabe.

E não só, as carpideiras de serviço á direita, esforçam-se em efabular teorias do mais bizarro que há, tentando explorar incompatibilidades, de estatuto político e pessoal entre António Costa e Pedro Nuno Santos, criando fantasmas e sombras e coisas do género de um sobre o outro.

Faz lembrar quando António Guterres foi nomeado Primeiro Ministro por Mário Soares, as teorias que surgiram então sobre as dificuldades que o primeiro-ministro iria ter por causa do Presidente da República, repesacndo, as carpideiras, desentendimentos internos havidos entre Guterres e Soares no partido. Desiludiram-se rapidamente, quando Mário Soares afiançou que a sua maior alegria era dar posse ao Secretário geral do PS, o que fez, e quando o Primeiro Ministro, António Guterres, convidou o Presidente da República para presidir ao primeiro conselho de ministros, prerrogativa constitucional, antes nunca utilizada, tanto quanto vai a minha memória, embora admita poder estar enganado, mas de facto não me recordo de Cavaco Silva ter convidado Mário Soares para presidir ao um conselho de ministros.

As efabulações não passam de desejos inconfessados de quem as produz, mas raramente se colam á realidade.

Quando apenas se tem como ferramenta um martelo, todos os problemas se assemelham a pregos. A oposição prega assim as tábuas da jangada que a há-de levar para longe … do povo.

Oliveira Dias, Politólogo

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