Os partidos políticos com assento parlamentar que têm governado Portugal nos últimos 49 anos, ou seja, o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), não esquecendo os subservientes ajudantes menores da geringonça, o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP), não têm dado a devida atenção e cuidado às Forças Armadas a quem incumbe, constitucionalmente, a nobre e importante função da defesa militar da República portuguesa.
Nos últimos 49 anos só durante o ano e meio do chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC), as Forças Armadas tiveram a devida atenção, por más razões, de alguns dos partidos políticos, principalmente dos de esquerda, que as tentaram instrumentar e utilizar para imporem o seu modelo totalitário e marxista de sociedade.
Felizmente, o 25 de Novembro, com a ação corajosa dos militares liderados por Ramalho Eanes e Jaime Neves, pôs cobro à partidarização e instrumentalização das Forças Armadas que paulatina e voluntariamente se submeteram à obediência aos órgãos de soberania competentes, conforme, aliás, estabelecido constitucionalmente.
A sociedade portuguesa tem ainda uma grande dívida de gratidão para com os militares vencedores do 25 de Novembro, faltando a justa e devida celebração anual dessa data na Assembleia da República para os homenagear condignamente.
Espera-se que uma mudança dos ventos políticos em Portugal permita, o mais breve possível, que o 25 de Novembro passe a ser celebrado na Assembleia da República.
Apesar das Forças Armadas estarem atualmente em autêntica penúria de recursos-humanos, de equipamentos, de sistemas organizacionais e de estruturas, existe um sumptuoso Ministério da Defesa Nacional, onde, a par da incompetência e da inação, tem imperado, nos últimos governos socialistas, uma generalizada e preocupante corrupção, sem que o Primeiro-Ministro e o Presidente da República, tenham tido uma ação política que demonstrasse perante os portugueses que alguma coisa estariam a fazer para corrigir esse preocupante flagelo.
Sim, a corrupção é um flagelo que assola a democracia portuguesa que, segundo cálculos credíveis, atinge anualmente a astronómica verba de 20 mil milhões de euros, coisa pouca, superior à soma dos orçamentos da Saúde (15.7 mil milhões de euros) e da Defesa (2.8 mil milhões de euros).
Na área da Defesa está atualmente a decorrer o processo “tempestade perfeita”, com 73 arguidos que terão lesado o Estado em mais de um milhão de euros, com as obras no antigo Hospital Militar de Belém e em contratos de assessoria que levaram à demissão do Secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, por suspeitas de corrupção.
O processo “tempestade perfeita” é uma amostra da vilanagem corruptiva que perpassa na área da Defesa Nacional, sem que a Ministra respetiva demonstre perante o país ações enérgicas e corretivas da situação, preferindo refugiar-se numa requentada e estafada atitude de não querer interferir no trabalho da justiça.
Aliás, a inação da Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, está em linha com a filosofia do Primeiro-Ministro, António Costa, que ao invés de tomar ações concretas contra a corrupção, criou a doutrina “à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”, e depois estala-lhe nas mãos o processo judicial que levou à sua própria demissão e à necessidade de também demitir o seu chefe de gabinete que escondia no seu local de trabalho cerca de 78 mil euros em notas. Tudo boa gente, da melhor cepa socialista.
Convém recordar que no âmbito dos países da NATO, Portugal ocupa a última posição em termos de investimentos de equipamentos militares, apesar do perigo da guerra entre a Ucrânia e a Rússia se alargar no território europeu, mas isso não preocupa as elites socialistas da área da Defesa, entretidas que estão a gerir o Orçamento desse Ministério de forma bastante peculiar, o que, felizmente, não tem escapado ao controlo do Ministério Público.
As Forças Armadas portuguesas estão à mingua não só de equipamentos, sistemas e estruturas, mas também de recursos-humanos, sendo que, em 2022, as carências de militares eram preocupantes: no Exército menos 5260; na Marinha menos 1288 e na Força Aérea menos 1183.
A grande carência é de “botas no chão” (soldados e cabos), mas há uma tendência, cada vez mais acentuada, para a saída de sargentos e oficiais, principalmente da Marinha e da Força Aérea, que transitam imediatamente para empresas privadas estrangeiras onde aplicam os seus conhecimentos especializados e beneficiam de salários e benefícios sociais muito superiores aos praticados nas Forças Armadas portuguesas.
Há um grave problema na gestão de recursos-humanos das Forças Armadas portuguesas que não conseguem atrair em número suficiente militares para os seus quadros, sejam praças, sargentos ou oficiais, e também não conseguem reter os mais talentosos e especializados, tudo porque as condições remunerativas não são atraentes e facilmente encontram melhores condições de vida no estrangeiro a trabalhar para empresas privadas que necessitam de pessoal especializado em equipamentos militares, sejam da Marinha ou da Força Aérea.
Espera-se que das eleições do próximo dia 10 de março, haja uma real mudança de ciclo político e que o Ministério da Defesa seja rapidamente expurgado de todos os atuais esquemas corruptivos que por lá pululam, para que a grande preocupação seja criar as condições para uma melhoria efetiva das condições salariais das Forças Armadas e do investimento, nomeadamente, em equipamentos modernos e adequados.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO