Na atualidade estão em curso no Mundo várias guerras, bem sangrentas, nomeadamente, no Burkina Faso; na Somália; no Sudão; no Iémen; em Mianmar, na Nigéria e na Síria, não esquecendo as mais mediáticas, a iniciada há dois anos com a invasão da Ucrânia pela Rússia e a mais recente com os ataques terroristas do Hamas contra Israel.
Estas guerras têm grande importância geopolítica, principalmente as da Ucrânia e da Faixa de Gaza, que têm potencial para transporem as atuais frentes de combate, alargando a dimensão geográfica dos conflitos, envolvendo países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e outras potências militares com grande poder bélico, algumas das quais com arsenal nuclear.
Mas o perigo não é só do elevado potencial de alastramento para outras geografias, regionais ou mundiais, dos conflitos atualmente em curso, mas também da distopia que isso pode provocar em termos económicos, sociais e de recomposição de uma nova ordem internacional com dois blocos antagónicos, recriando-se os tempos da guerra fria, com potencial para se tornar muito quente, com alto poder destrutivo.
Face aos perigos e incertezas atualmente existentes na geopolítica mundial, a esperança deveria ser a Organização das Nações Unidas (ONU), criada em outubro de 1945, tendo como um dos principais objetivos, manter a segurança e a paz mundiais.
Contudo, a ONU não tem sido capaz de mediar a paz em guerras anteriores e também nas duas em curso, limitando-se a uma retórica inconsequente que os beligerantes e seus apoiantes ignoram ou hostilizam por completo.
Na Ucrânia a ONU tem sido incapaz de fazer com que a Federação Russa cesse a sua política imperial e expansionista de reconquista de território anteriormente integrante da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e de restabelecer a antiga zona de influência do Pacto de Varsóvia.
Na guerra da Faixa de Gaza, Israel está deliberadamente numa rota de colisão contra o atual Secretário-Geral da ONU, António Guterres, numa clara estratégia de impedir que esta Organização tenha qualquer participação direta e ativa na gestão deste conflito e nas próximas tentativas de constituição de um futuro Estado Palestiniano.
Atualmente há a absoluta necessidade de se reinventar o ultrapassado modelo de governança da ONU, nomeadamente, do seu Conselho de Segurança, em que os seus cinco membros permanentes, por sinal todos potências nucleares, a saber: os Estados Unidos da América; a Federação Russa; a França; o Reino Unido e a República Popular da China, têm individualmente direito de veto sobre qualquer decisão aí tomada, ou seja, os blocos geopolíticos mundiais, anulam-se mutuamente quando e trata de zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. Nos assuntos verdadeiramente importantes a ONU é absolutamente irrelevante.
A NATO, criada em abril de 1949, é atualmente constituída por 32 países, sendo as mais recentes adesões a Finlândia e a Suécia que pediram para integrar esta Organização face ao risco belicista da vizinhança próxima, ou seja, da Federação Russa.
Aliás, com toda a certeza que mais pedidos de adesão à NATO se verificarão a curto prazo, atenta a sanha expansionista demonstrada pela Federação Russa que tem em execução um indisfarçável plano de recomposição imperialista da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A Ucrânia no rescaldo da guerra que decorre no seu território acabará inevitavelmente por integrar a NATO, mesmo que isso custe a perda de algum do seu território em benefício da Federação Russa.
Com efeito, a NATO é atualmente o guarda-chuva de todos os países que pretendam manter ou promover valores democráticos, com a defesa e a segurança dos seus territórios a salvo de ataques de outros países com matriz política totalitária.
É nesse caminho de valores democráticos que, a Polónia, a Eslováquia e a Chéquia (antiga Checoslováquia), a Albânia, a Bulgária, a Hungria e a Roménia, aderiram à NATO, depois de terem pertencido ao Pacto de Varsóvia, numa clara intenção de abandonarem a órbita de influência da ex-URSS e dos seus valores totalitários, herdados pela Federação Russa, que tem instituída uma pseudodemocracia em que os adversários políticos são afastados para o degredo ou assassinados, mesmo que estejam exilados em território estrangeiro.
O poder militar da NATO assenta em cada um dos 32 países que atualmente a compõem, pelo que é absolutamente urgente que cada Estado membro, incluindo Portugal que é um dos doze fundadores desta Organização, desenvolva e fortaleça as suas próprias Forças Armadas, criando-se na Europa uma forte indústria ligada à Defesa, com vista a partilhar esse esforço de forma equitativa com os Estados Unidos e o Canadá que por si sós não poderão assegurar a defesa do Ocidente em caso de ataque, seja da Coreia do Norte, da Federação Russa ou até da China como dano colateral de uma guerra com Taiwan.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho de Jurisdição Nacional do CHEGA