Terminada a contagem de votos, a AD, após 8 anos de oposição, apesar de resultados poucochinhos, ficou em primeiro lugar, muito longe da maioria absoluta, praticamente em empate técnico com o PS, cujo principal legado é a degradação dos serviços públicos do país, principalmente na área da saúde.
Parece-nos apropriado dizer que não foi a AD que ganhou as eleições, mas sim o PS que as perdeu, deixando um país em profunda crise na Saúde, na Educação, nas Forças de Segurança, na Habitação e na Justiça, bem como algumas corporações do funcionalismo público em autêntica guerra civil com o governo cessante.
É também claro que o CHEGA é o grande vencedor das eleições legislativas de 10 de março, tendo mais que quadruplicado o número de deputados que passam de 12 para 50.
Com o tripartidarismo político em Portugal, na direita dominando o PSD e o CHEGA, na esquerda dominando o PS, serão estes partidos que inevitavelmente, no futuro próximo, estarão em condições de ganhar eleições, sejam elas europeias, legislativas, regionais ou locais.
O que falta definir no futuro próximo é saber qual será o partido dominante na direita portuguesa, não sendo de estranhar que seja o CHEGA, atento o desnorte estratégico instalado no PSD que prefere ficar acantonado no atual pântano da política portuguesa, ao invés de iniciar uma era de profundas reformas estruturais de que o país carece e que os portugueses tanto desejam, tendo para isso votado numa maioria absoluta prestes a ser desperdiçada.
O PSD está a defraudar o voto popular, maioritariamente à direita, dando prioridade a calculismos partidários de ocasião, ao invés de privilegiar o interesse dos portugueses e a estabilidade política do país.
Em finais de 2015 Portugal foi confrontado com a sobrevivência política de António Costa que engendrou uma solução governativa que oito anos depois foi derrotada pelos portugueses, surgindo novamente em 2024 idêntica situação, tendo agora como protagonista, Luís Montenegro, que para sobreviver como líder do PSD e Primeiro-Ministro, terá de arquitetar um governo minoritário, sem o CHEGA, que provavelmente terá duração efémera e lançará o país numa instabilidade política desnecessária.
Augusto Santos Silva, pautou a sua atuação política no Parlamento por uma permanente e incompreensível guerrilha institucional contra o CHEGA, esquecendo-se dos seus deveres de imparcialidade, mas os eleitores do círculo Fora da Europa deram-lhe a devida resposta, não o elegendo como deputado, ou seja, penalizaram a forma como liderou a Assembleia da República.
Para a não eleição de Augusto Santos Silva, deverá ter contribuído a decisão que assumiu, enquanto Presidente da Assembleia da República, de nas suas deslocações ao estrangeiro, ter excluído das comitivas oficiais os deputados do CHEGA, numa tentativa falhada de impedir os emigrantes de contactarem com uma força política emergente na diáspora portuguesa.
No círculo Fora da Europa, os eleitores escolheram o cabeça de lista do CHEGA, Manuel Magno Alves, em detrimento do cabeça de lista do PS, Augusto Santos Silva, o que não deixa de ser irónico depois das constantes diatribes antidemocráticas que o anterior Presidente da Assembleia da República protagonizou contra bancada parlamentar do partido liderado por André Ventura.
Augusto Santos Silva ao não conseguir ser eleito como deputado, deverá ter hipotecado a hipótese de ser o candidato da área do PS às presidenciais de 2026, restando-lhe o comentário político para continuar o seu desporto favorito de malhar na direita e no CHEGA.
Outra nota a respeito do líder do Livre, Rui Tavares, cada vez mais lírico nas suas opiniões políticas, que tem um entendimento surreal de que existem três blocos ideológicos na nova Assembleia da República, a saber: o da esquerda ecologista, maioritário, com o PS, o BE, a CDU, o Livre e o PAN, o da direita democrática com o PSD, o CDS e a IL e o da extrema-direita com o CHEGA.
A esdrúxula ficção de Rui Tavares de que há três blocos ideológicos na nova Assembleia da República, sendo maioritário, o da esquerda ecologista, não passou de uma patética tentativa falhada de legitimar uma eventual nomeação de Pedro Nuno Santos como Primeiro-Ministro, que nem o pretenso indigitado levou a sério, porque seria liminarmente chumbada pelo Presidente da República que sabe perfeitamente que a realidade é outra bem distinta, com dois blocos, o maioritário de direita e o minoritário de esquerda.
Espera-se agora que a formação do novo governo decorra sem sobressaltos a bem de Portugal e dos portugueses.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho de Jurisdição Nacional do CHEGA