O Mundo está a ficar um lugar cada vez mais perigoso, vivendo-se nas suas diferentes geografias, desde tempos imemoriais, em guerras permanentes, cada vez mais sangrentas e destrutivas, como se pode constatar na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Atualmente todas as guerras têm potencial para se expandirem para além das suas frentes de combate, face à globalização e interdependência cada vez mais acentuadas entre as diferentes economias, independentemente dos blocos ideológicos a que pertençam, bem como aos avanços tecnológicos da Humanidade, com comunicações imediatas entre todo o globo terrestre e com transportes de grande rapidez, atualmente com possibilidade de atingirem, por meio aéreo, velocidades superiores a 3.700 quilómetros por hora.
Por outro lado, há pelo menos nove países com arsenal bélico nuclear (Reino Unido; China; França; Índia; Israel; Coreia do Norte; Paquistão; Estados Unidos e Rússia), sendo de assinalar que uma destas superpotências militares recentemente ameaçou usar esse tipo de armamento, caso exista uma ameaça à sua condição de Estado.
A corrida ao armamento nuclear pode ser desencadeada a todo o momento, havendo países que oficialmente não têm bomba atómica, mas possuem os materiais e o conhecimento científico para esse efeito, nomeadamente, o Irão e a África do Sul.
A Humanidade não acredita que possam sobrevir tempos de paz permanente no Mundo, conforme se pode constatar pelas pujantes indústrias nacionais de defesa, principalmente das superpotências militares que não se coíbem de reforças as suas forças armadas, em todas as vertentes, com mais e maiores alistamentos e reforço de equipamentos, cada vez mais mortíferos e avançados tecnologicamente.
Atualmente a guerra já se está a projetar para o espaço sideral, com ameaças, entre as superpotências, de destruição mútua dos satélites que gravitam na órbita terrestre, o que poderia pôr em causa o nosso modo de vida, nomeadamente, com uma disrupção nas comunicações, nos sistemas de navegação, na meteorologia e até na própria economia.
A militarização do espaço já não é um domínio da ficção científica, mas sim uma perigosa realidade, sendo já possível colocar em órbita terrestre bombas nucleares prontas a serem usadas em caso de necessidade.
É neste perigoso caldo de cultura militar imanente à Humanidade que, em outubro de 1945, no rescaldo do fim da segunda guerra mundial, é criada a Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como um dos principais objetivos, manter a segurança e a paz mundiais.
Contudo, a ONU não tem sido capaz de cumprir cabalmente os objetivos para que foi criada, sendo totalmente ineficaz e inconsequente a prevenir e a evitar conflitos armados, bem como a mediar a paz, conforme se pode constatar atualmente nas guerras da Ucrânia e da Faixa de Gaza, limitando-se a uma retórica inconsequente que os beligerantes e seus apoiantes ignoram ou hostilizam por completo.
Está claro que o modelo de governança da ONU, está completamente ultrapassado e gasto, porque os seus cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos potências nucleares, têm individualmente direito de veto, anulando-se mutuamente, com a imposição dos seus próprios interesses geopolíticos, aos interesses globais da paz mundial.
Face à irrelevância da ONU, resta ao Ocidente para a sua própria segurança, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), fundada em abril de 1949, que tem como objetivo proporcionar defesa mútua por meios militares e políticos aos seus 32 Estados membros, se um deles for ameaçado ou atacado por um país terceiro.
Portugal, no âmbito da NATO, apesar de ser um dos seus membros fundadores, é o país que menos investe em termos de equipamentos militares, não conseguindo cumprir o mínimo de alocar à Defesa, 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
As Forças Armadas portuguesas têm falta crónica e permanente de investimentos, não só em equipamentos, sistemas e estruturas, mas também em recursos-humanos, faltando milhares de efetivos, soldados e cabos, mas também de sargentos e oficiais, principalmente na Marinha e na Força Aérea.
Portugal, tendo em conta a guerra na Ucrânia e o perigo da sua escalada para o restante território europeu, deve aumentar, pelo menos, para 2% do PIB, o seu investimento na Defesa, conforme pedido da NATO, melhorando também e significativamente o Estatuto da Condição Militar e as condições sociolaborais de todos os membros das Forças Armadas, iniciando-se, simultaneamente, a discussão urgente da oportunidade de se reintroduzir o Serviço Militar Obrigatório (SMO), mas exclusivamente para cidadãos portugueses.
É completamente inaceitável a possibilidade de integração nas Forças Armadas de imigrantes, conforme debate iniciado pelos socialistas para testar a ideia que, felizmente, parece não reunir consenso em Portugal.
A reintrodução do SMO, para além de permitir ter Forças Armadas com elevado grau de alerta e prontidão, também poderá facilitar a escolha de vocações para carreiras militares, sendo um excelente campo de recrutamento para a futuras contratações permanentes.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho de Jurisdição Nacional do CHEGA