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    O CROQUETE DE LUIS MONTENEGRO …

    O programa eleitoral da AD, cujo respaldo foi acolhido no programa de governo do PSD e do CDS, dispensado que foi o PPM, que serviu só de embrulho, anunciava uma proposta de autoria do governo de um choque fiscal de 1.500 milhões, quando comparado com o orçamento de 2023.

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    Afinal descobriu-se que que daqueles 1.500 milhões, 1.300 milhões foram de autoria de António Costa, cabendo apenas 200 milhões a este governo do PSD/CDS.

    É como um truque de prestigiação, dos ilusionistas, que fazem crer uma coisa, quando se trata de outra enganando o incrédulo.

    Já diz o povo, com papas e bolos se enganam os tolos, e o choque fiscal anunciado por Montenegro, é o bolo, e os tolos, todos os que votaram nele, nessa perspectiva Montenegro é afinal um vendedor de ilusões e enganos, e com isso ganhou o lugar que ocupa.

    O caracter de uma pessoa grande vê-se quando esta reconhece os seus erros, intencionais, ou não, e nos antípodas disto, estão aqueles que entram em negação, como é o infeliz caso do governo do PSD/CDS, quando afirmam que todo o país percebeu mal.

    É como aquela orquestra na qual um trompetista está desafinado, e a mãe olhando embevecida, afirma, só o meu filho toca bem.

    O ministro das finanças, o líder parlamentar e o comunicado do governo em razão de matéria, quais contorcionistas de circo, esforçam-se por explicar o inexplicável, concluindo como aquela mãe, eles é que têm razão, afinal os outros todos é que perceberam mal.

    Já dizia Winston Churchill – “Pode-se enganar todos por algum tempo, pode-se enganar alguns o tempo todo, mas não se pode enganar toda a gente o tempo todo”.

    Luís Montenegro pode ter enganado todos com o seu programa eleitoral, pode ter enganado alguns com o seu programa de governo, mas não pode enganar os portugueses sempre, porque alguém vai dar por ela, e foi o caso.

    Houve quem sentenciasse ter acabado o “estado de graça” deste governo, que se refugiou, até agora no silêncio e a evitar declarações aos jornalistas, percebe-se porquê – quando se lavra na mistificação, a sementeira não presta e o resultado final sai estragado.

    Não se consegue imaginar pior – quando Montenegro anunciava o diálogo, com todos os partidos com assento parlamentar, na realidade fechava-se no seu gabinete e não falava com ninguém, foi assim com o arranque dos trabalhos na Assembleia da República, e com a eleição da mesa, assim foi com o acolhimento, no seu programa de governo, de proposta avulso de outros partidos, sem lhes dar cavaco, canibalizando em programas eleitorais alheios, o que mais jeito lhe dava, fingindo abertura.

    Agora é um problema de credibilidade, a mentira, o embuste, a prestigiação marcam de forma indelével uma mancha negra no caracter deste governo. E ainda só tem uns dias de exercício.

    Mas, como um mal nunca vem só, o governo de Luís Montenegro, ainda mal começou e já inaugurou, imaginem lá, os seus “casos e casinhos”, que se vêm somar à trapalhada da farsa do IRS, desde logo com o caso do Ministro das infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, o tal que no final do governo de Pedro Passos Coelho, na vigésima quinta hora, vendeu a TAP ao desbarato a privados, agora o passado vem ensombrá-lo por causa das suas funções de Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, município hoje objecto de buscas e investigação por parte do ministério público, estando em  causa uma trapalhada com aquisição de máquinas à China, para fazer máscaras, património alienado em favor de chineses que intermediaram o negócio das máscaras e uma agência de comunicação envolvida em adjudicações públicas, mas tendo anteriormente sido a empresa contratada a título pessoal por Pinto Luz aquando da sua candidatura ao Partido.

    É curioso registar que uma das críticas que se faziam a António Costa era o ter chamado ao elenco governativo putativos pretendentes á sucessão, numa clara referência a Pedro Nuno santos e a Medina, entre outros, e agora registarmos que Luís Montenegro fez o mesmo, chamando os seus antigos adversários à liderança no partido – Miguel Pinto Luz e Paulo Rangel.

    Mas há mais. E neste mesmo ministério, tão popularizado que foi no anterior governo. O Ministro Miguel Pinto Luz, chamou para Secretária de Estado da Mobilidade Cristina Pinto Dias, saída directamente da Autoridade para a Mobilidade e Transportes, para onde foi assim que saiu, voluntariamente, da CP, recebendo uma indemnização de milhares de euros, quando os outros funcionários da Transportadora ferroviária não recebiam nada por não haver plafond para indemnizações, segundo a companhia então informava.

    Coincidência das coincidências, isto tinha mesmo de acontecer neste ministério … até parece que Miguel Pinto Luz quis decalcar a célebre crise, do governo do PS, com a saída da TAP para uma Secretaria de Estado de um a ex-administradora, com uma indemnização absurda.

    Seria interessante revisitar o que o PSD disse na época, e chapar, agora aos seus membros de governo.

    Continuando o roteiro dos casos e casinhos deste governo, do PSD, temos uma Juíza, Maria Clara Figueiredo, Secretária de Estado Adjunta e da justiça, que se limitou a informar o Conselho Superior de Magistratura (CSM) da sua nomeação, sem pedir autorização ao conselho, sabendo-se que em Março de 2023 este órgão aprovou um a proposta para limitar drasticamente, aquilo que ficou conhecido como as ”portas giratórias” da justiça.

    Para adensar o assunto, esta mesma Secretária de Estado foi buscar para sua chefe de gabinete, Mafalda Sequinho, sua colega desembargadora num Tribunal de Portalegre, mas desta vez com a competente autorização do CSM, vindo a terreiro o seu Vice-Presidente Azevedo Mendes, dar nota de um “desejo” seu, o de ser a última vez que o CSM dá este tipo de autorizações. É caso para dizer, hummm?

    Segue-se, um pouco abaixo do protocolo hierárquico, o caso de duas adjuntas/assessoras, a madeirense Patrícia Dantas, do ministério das finanças, estando a ser julgada em tribunal por acusações de fraude na obtenção de fundos europeus, e Patrícia Cerdeira, do ministério da justiça, cuja titular é Rita Júdice, esta filha de um popular comentador televisivo, tipo Marcelo quando também o era. Patrícia cerdeira foi afinal uma próxima dos governos de António Costa, foi assessora de Cabrita e zurziu forte e feio contra o ministério púbico.

    Para quem, como o PSD, e a sua horda de comentadores seguidistas trucidaram os governos do PS e de António Costa por causa dos casos e casinhos, é incompreensível que logo esta gente, cometa exactamente os mesmos erros, com uma única diferença, enquanto nos governos de António Costa, estes casos e casinhos levaram bastante tempo a surgir, com o PSD de Luís Montenegro, não houve sequer período de tirocínio, e logo no arranque da governação aí estão eles a provar do seu próprio veneno.

    Pensar que na base de tudo isto está um obscuro parágrafo, onde se anuncia uma investigação ao Primeiro Ministro, tendo como corolário a queda do governo a dissolução da Assembleia da República, o hipotecar das hipóteses de um Português ocupar a posição de Presidente do Conselho Europeu, graças ao respeito conquistado junto dos seus pares europeus, quer os da sua família politica, quer os que o não são, e depois dois Tribunais portugueses, vêm dizer que afinal não há ali nada, tem todos os condimentos para ser uma tragédia nacional.

    Pior que isto, é mesmo a continuação de um governo em estado de agonia, desde a sua tomada de posse.

    Os sintomas são perceptíveis, quase numa base diária. Ontem, dia 14 de Abril, os portugueses viram, certamente com estupefacção, como eu, as declarações do Primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa conferência de imprensa, anunciando a aprovação em conselho de ministros daquilo a que apelidou de primeira fase no alívio fiscal, juntando-lhe uma tabela com o impacto desse alivio.

    Nada mais, nada menos, do que 4 jornalistas de órgãos de comunicação social diferentes, colocaram a mesma questão, de saber se dos anunciados 1.500 milhões de alivio, já integrava, ou não, os 1.300 milhões do orçamento de 2024, em vigor, de autoria do PS … uma pergunta simples, repetida 4 vezes, mas que não logrou uma resposta simples.

    Luís Montenegro, não deu, das 4 vezes que respondeu, uma clarificação singela da questão, optando por dar daquelas respostas em espiral, redondas, fofinhas e pipis, que um impreparado aluno universitário dá nos exames, às perguntas que manifestamente ultrapassam as suas competências, ou, no que parece ser o caso, para esconder alguma trapalhada em que se meteu.

    Depois desta confrangedora figura, protagonizada pelo primeiro-ministro, a comunicação social lá fez o seu trabalho, recorrendo aos comentadores habituais, para escalpelizar a tabela de benefícios anunciada pelo governo.

    Conta feita ficou-se a saber, e tendo por referencial quem aufere um salário de cerca de mil euros mensais, que em cima do alívio fiscal de autoria do PS, Luís Montenegro, acresce um alívio, do suficiente para se comprar um croquete por mês.

    Para quem gosta de croquetes todos os dias, é insignificante. Para quem não gosta insignificante é. Pode sempre optar por dois cafés por mês.

    Se isto não é uma piada, lá que parece, parece.

    Oliveira dias, Politólogo

    Publicado no Semanário NoticiasLx:

    NoticiasLx | Semanário | Edição de 20 de Abril de 2024

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