Esta semana assistimos a mais um episódio do quanto ingénuos são alguns dirigentes Nacionais e do quanto sujeitam à humilhação o nosso País. A história conta-se em poucas palavras e revela bem da má fé de alguns que não merecem o esforço direto de Portugal e indireto pela pressão junto da CE, em vários acordos de cooperação com países da CPLP que, pelos vistos, só eram contra o colonialismo Português, mas muito dóceis com o Colonialismo Russo e Chinês.
Os casos mais recentes, conhecidos esta semana, são os de S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, tendo o primeiro assinado com a Rússia um acordo técnico militar que prevê formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago. Já a Guiné-Bissau, pela voz do chefe de estado, Sissoco Embaló que esteve presente na Rússia como convidado para assistir às comemorações do Dia da Vitória, garantiu a putin, que pode contar com a Guiné-Bissau “como aliado permanente”.
Portanto o grande inimigo da Europa, a federação russa, começa a estender os seus pontos de apoio estratégicos contando com o apoio destes países, com os quais mantemos ligações estreitas de amizade e, sendo certo que não está em causa a soberania e a independência dos Estados, mas sim as relações preferenciais com tais Estados, estará porventura na altura de passarmos a arrumá-los na mesma gaveta da Bielorrússia. Consequentemente, todos os apoios e facilidades de Portugal e da Europa aos países africanos que se colocam do lado da federação russa e lhes disponibilizam facilidades para aviões e navios de guerra, deverá cessar de imediato. Esperemos sentados pela posição dos responsáveis nacionais… O ministro dos negócios estrangeiros de Portugal já “chutou para canto” e do presidente da república espera-se algo parecido.
Aliás estas posições pró-putin já deveriam estar num cenário provável porquanto já tinha sido visível a divisão dos países da CPLP aquando da votação na ONU pela condenação da agressão militar à Ucrânia pelo regime ditatorial russo.
As Atuais Colónias Russas em África
Mas analisemos com mais pormenor as consequências destes acordos militares.
Qual é o cenário muito provável para os próximos tempos ao largo dos mares de S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau? Navios de guerra russos “tomando conta” das águas territoriais destes países e Portugal a ser confrontado pela proximidade do inimigo Europeu…
Talvez os especialistas que pululam nas tv’s nacionais nesta área da defesa nacional e dos estudos correlativos, ainda não tenham tido tempo para se debruçarem sobre as implicações destas decisões de S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau… vejamos se pelo menos a matéria tem um tratamento de igual monta como o das pretensas reparações às ex-colónias.
África dividida entre Russos e Chineses
Que eles gostam de ser colonizados gostam – é só uma questão de preço. Relações de igualdade e de respeito mútuo não parecem fazer parte da política externa de muitos países africanos onde outros interesses se levantam e os princípios do direito internacional são secundários e pouco importantes nas relações de poder internas e nos acordos externos que se traduzem em vantagens de vária ordem quase sempre descurando o interesse e a independência nacional.
– António Guedes Tavares, diretor
Editorial
Publicado no Semanário NoticiasLx: