Desde que escrevo para este espaço, impus-me uma regra, a qual sou forçado a quebrar, contra a minha vontade, abrindo uma excepção – a de não opinar sobre outros comentadores, opiniáticos, e afins, excepto se, em resposta, devido a referências dos mesmos, ao autor desta pena.
Sebastião Bugalho, tido pelos média como um prodígio da comunicação, bem falante, percepcionado, pelos mais distraídos, como um comentador independente, força-me a isto.
Até tem direito a uma entrada no wikipédia, um dia, talvez, venha a ter lugar no passeio de estrelas de Hollywood, para inveja da Daniela Ruah, e do António Almeida.
Este personagem, como sabemos, foi escolhido pelo líder da Aliança democrática, o Primeiro-ministro em exercício, Montenegro, para encabeçar a lista de candidatos da AD á eleições europeias, capitalizando, assim, não as propostas da AD para a Europa, isso é secundário, mas a presença no espaço mediático, deste mediático Bugalho, nas Tv´s nacionais.
O principal partido que suporta o governo, usa a lógica de opções do eleitor, como se este fosse um consumidor, que tivesse de escolher um champô para caspa. Enfim, é um critério, absurdo, mas é o critério da AD, para umas europeias que não entusiasmam por aí além o eleitorado.
Bom, falemos do “champô”, ou seja, do Bugalho.
Foi credor da minha atenção, quando Marcelo dissolveu o Parlamento, após ter sido chumbado o orçamento de António Costa, Bugalho, numa roda de opiniáticos, gozou com o facto de António Costa numa acção de campanha ter exibido o “seu” orçamento chumbado e ter garantido, que, em caso de vitória, o trabalho estava feito, o orçamento estava na mão.
Bugalho, escarneceu, á exaustão, apoiado no facto de “aquele” orçamento ter sido chumbado, logo era para o lixo, e na sua previsão de derrota certa do PS, alvitrando, que se viesse a ganhar o PS estaria sempre refém da esquerda, razão porque “aquele” orçamento estava condenado a não sair do lixo. E gargalhou com gosto.
Certamente houve telespectadores ao lado de Bugalho, pois lá do alto da sua sapiência e análise, as coisas eram lapidares.
Sucede porém não ter sido acolhida aquela verborreia, por parte do eleitorado, e António Costa é presenteado com uma maioria absoluta, para desespero de alguns, desde o mais alto magistrado da nação até ao insigne comentador Bugalho.
Fiquei atento, dando o benefício da dúvida, a ver se Bugalho se retractaria por ter falhado, em toda a linha, quantitativamente e qualitativamente, na questão em causa. Mas não, essa elevação, não esteve ao alcance do jovem comentador, entretido a roer as unhas de nervosismo, enquanto António Costa anunciava, que “aquele” orçamento ia mesmo avançar.
Quando tal incompetência é assim chapada nas Tv´s, é natural haver consequências, profissionais … mas não houve.
Ainda assim, registei, e coloquei na prateleira o assunto, e fiquei no que me pareceu, até Bugalho dar outro tiro no pé com um recente discurso, empolgado, no âmbito da sua liderança ás europeias, quando afirmou algo como “e quando chegarmos a Marte, ainda que não com as nossas sete quinas na bandeira, mas como europeus…”.
Sem perceber, muito bem o enquadramento com Marte, só por si uma alusão bizarra, quando em campanha para Bruxelas, aqui no planeta terra, a alusão às “nossas” sete quinas, é como um balde de água gelada em pleno verão.
Isto está ao nível da afirmação de Cavaco Silva, quando primeiro-ministro, e referindo-se a Luiz Vaz de Camões, afirmou não saber quantos “Cantos” tinha o poema dos Lusíadas, nem sequer um assessor, para lhe sussurrar – “tem 10 cantos”.
Diferentemente sucedeu com a gaffe de Guterres, que se baralhou a fazer contas da percentagem do PIB nacional, a afectar ao sector da educação, pois ele sabia fazer a conta, o calor do momento é que não criou as condições necessárias para fazer uma conta com muitos zeros.
Mas Bogalho, certamente, não sabe mesmo quantas quinas tem a bandeira nacional, nem mesmo o Presidente da Câmara Municipal de Mafra, agora com mandato suspenso para ser candidato á europa, oficial do exército, e mesmo ao lado de Bugalho, aquando do discurso do infeliz, lhe segredou “são cinco, porra, nunca juraste a bandeira?”.
Acredito, piamente, não estar só, essa lacuna de Bogalho, no campo do conhecimento dos símbolos nacionais, o líder da AD ás europeias também desconhecerá o significado dessas cinco quinas, seja o significado exotérico, seja o hexotérico.
Nem das cinco quinas, nem dos sete castelos, na da esfera armilar, tão pouco da cor vermelha e verde.
Já nem me atrevo a alvitrar nada, na perspectiva de Bogalho, sobre a “história” do Hino “a portuguesa”, e em especial a estrofe original substituída por “contra os canhões, marchar, marchar”.
O jovem líder da Ad às europeias, parece ser mais dado á europa … para além do generoso pecúlio mensal que de lá vai tirar (isso é garantido) saberá ao menos o que é a Europa, ou o que não é? Ou quando nasceu esse termo?
No mínimo é confrangedor. Mas isto diz bem do líder da AD, Montenegro, quando o “leitemtiv”, para as europeias tem a mesma base de um champô, está tudo dito, alguém terá de explicar a Bogalho e a Montenegro, que vender champo ou sabonetes não é o mesmo que a eleição de um representante nacional, para um fórum da maior importância.
Imagino, agora que a propaganda distribuída pelo Bogalho nas suas acções de campanha, venham a ter o mesmo destino da propaganda do Lidl, que teimosamente nos metem na caixa do correio todas as semanas – vão para o lixo.
É o que temos. Porque será, que já não surpreende?
Oliveira Dias, Politólogo
Publicado no Semanário NoticiasLx: