O CHEGA constituiu-se como partido político em 9 abril de 2019, tendo conseguido eleger o seu primeiro Deputado, André Ventura, logo de seguida, nas eleições legislativas de 6 de outubro desse ano.
Notável que o CHEGA, com menos de 6 meses de existência, tenha conseguido assento na Assembleia da República, o que se ficou a dever à vontade de muitos portugueses que, na altura, já ansiavam por uma mudança democrática de ciclo político, tendo aderido ao discurso disruptivo e antissistémico de André Ventura.
António Costa que, em 2019, liderava o Governo e o PS, percebeu de imediato que André Ventura era uma lufada de ar fresco capaz de transformar o cinzentismo da política portuguesa, com condições de ascender no futuro a uma posição de liderança da direita em Portugal.
Face às fragilidades que o PSD já apresentava em 2019, António Costa e o PS intuíram que, a médio prazo, o bloco central dos interesses estaria em causa, se o CHEGA conseguisse de facto liderar a direita em Portugal e daí a instrumentalização de Eduardo Ferro Rodrigues, então Presidente da Assembleia da República, que se prestou à triste e patética figura de combater, sem êxito, o recém-eleito, André Ventura.
Apesar das atitudes persecutórias e antidemocráticas dos dois anteriores Presidentes da Assembleia da República, ambos do PS, Eduardo Ferro Rodrigues e Augusto Santos Silva, menos de cinco anos após André Ventura ter sido eleito pela primeira vez, o CHEGA ascendeu à posição de grande partido da democracia portuguesa, inaugurando o tripartidarismo em Portugal, sendo já uma ameaça ao bloco central dos interesses instalados que têm dominado e prosperado nos últimos 50 anos da política portuguesa.
O PSD percecionando o risco que corria de perder o seu protagonismo político, aderiu fiel e submissamente, à estratégia delineada pelo PS de impor as famigeradas linhas vermelhas ao CHEGA, o que se acentuou após as eleições legislativas de março de 2024, com a recusa de Luís Montenegro em aceitar a reiterada e insistente proposta de André Ventura para a formação de um governo de direita apoiado por uma significativa maioria absoluta.
O PSD continua a não perceber que só é possível serem ultrapassadas as atuais e insanáveis dificuldades do seu governo, caso se desembarace definitivamente da armadilha que o PS ardilosamente fabricou, das linhas vermelhas ao CHEGA.
A incompreensível teimosia do PSD de repudiar a atual maioria absoluta de direita existente no Parlamento, tem elevados custos, sociais e económicos, para os portugueses, com a manutenção de um governo minoritário, sem uma estratégia de médio e longo prazos, necessitando para sobreviver de fazer constantes quadraturas do círculo, numa geometria variável de interesses opostos, não suscetíveis de progresso e desenvolvimento para o país.
A opção de Luís Montenegro para a governação de Portugal, não é, como deveria ser, no sentido de melhorar a vida dos portugueses, mas sim a de colocar o CHEGA numa posição de subalternização política e obrigá-lo a aprovar medidas pretensamente de direita, mas que na verdade terão a chancela do sistema e do bloco central dos interesses instalados, sejam eles políticos ou financeiros.
A estratégia do PSD não está a resultar porque o CHEGA já demonstrou que não será muleta de nenhum outro partido político, aprovando na Assembleia da República todas as medidas que resultem num efetivo benefício dos portugueses, mesmo que oriundas da esquerda e contrárias à posição do Governo.
A atual situação política portuguesa caracteriza-se pela circunstância dos partidos políticos do sistema, dos mais antigos aos mais recentes, se terem unido numa muralha de linhas vermelhas ao CHEGA, numa clara intenção de evitar uma efetiva e substantiva mudança na governação de Portugal, nomeadamente, nos aspetos seguintes: no combate à corrupção, em garantir fronteiras controladas, em acabar com a imigração descontrolada, em libertar o ensino de ideologias e na mudança, em democracia, do sistema político.
O PS e o PSD e seus satélites, que se digladiam para a conquista circunstancial do Governo, estão em perfeita sintonia de interesses no que se refere à manutenção do atual sistema político, evitando a todo o custo que o CHEGA consiga colocar em agenda as suas propostas disruptivas de que Portugal tanto necessita, com vista a retomar um caminho de modernização económica e social, em benefício dos portugueses.
As elites sociais-democratas que há muito aguardavam pela conquista do Governo e que começam a ocupar paulatinamente todos os lugares dourados da administração pública, não permitem uma mudança de paradigma no PSD, preferindo manter o seu partido na esfera do bloco central de interesses, ao invés de integrar um projeto regenerador da política portuguesa apoiado por uma ampla maioria absoluta de direita.
Nas últimas eleições legislativas resultou uma clara maioria absoluta à direita, desperdiçada pelo PSD que optou por constituir um governo minoritário, gorando a expetativa de muitos eleitores, mas a esperança para uma efetiva mudança de paradigma político, está cada vez mais perto de concretização, se os portugueses derem com o seu voto, em futuro próximo, uma oportunidade ao CHEGA de governar Portugal.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdicional do CHEGA
Publicado no Semanário NoticiasLx: