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    Histórias com motor – Assinado por Gordon Murray

    Gordon Murray tem78 anos. Nasceu a 18 de junho de 1946, na cidade Sul africana de Durban. Estudou na escola secundária de Miami Carol City e mais tarde na Durban University of Technology.

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    Muitas marcas de automóveis são nomes ou apelidos dos seus criadores. São mesmo algumas das mais distintivas da indústria e têm décadas. Gordon Murray – antigo engenheiro e dos mais prestigiados da Fórmula 1 – fundou a sua própria construtora em 2017, aos 71 anos, a GMA, Gordion Murray Automotive, em Shalford uma vila no distrito de Guildford, em Surrey, Inglaterra. Em 2021 anuncia o seu primeiro de dois modelos de híper desportivos. Há meses concluiu a homologação do seu segundo modelo: o T.33, em duas versões, um coupé e um convertível, designado por ‘Spider’. Estamos perante um veículo restrito de dois lugares e verdadeiramente britânico, pela simplicidade associada à competência tecnológica.

    O último modelo de Gordon Murray Automotive – GMA – foi apresentado, primeiro em 2022 o GMA V12 33 e, em abril de 2023, a versão Spider, uma opção meio convertível e, porventura o mais interessante para o condutor menos aguerrido à ideia do puro carro de corrida, ou seja, para o automobilista que, embora apaixonado pela desportividade de um supercarro, também pretenda disfrutar da essência de um veículo especial. Afinal, do T.33 – o spider – apenas serão fabricadas 100 unidades e a um preço fora do alcance da maioria: aproximadamente 2,2 milhões de euros, o preço da exclusividade, da tecnologia de ponta e do trabalho manual na quase totalidade do fabrico. Segue-se ao projecto inicial do T.50 criado com a ideia de recordar uma tecnologia de aspiração e dinâmica da fórmula 1 da década de 80 e mais fundamentalista.

    Gordon Murray

    Este GMA é de enorme subtileza, meio retro, meio vanguardista, mas de sonho para os apaixonados pela causa da automação. É outro daqueles veículos singulares que nos desperta os sentidos e nos dá vontade de puxar uma cadeira, sentarmo-nos para contemplar uma obra de arte.

    O engenheiro Gordon Murray idealizou um veículo de dois lugares superleve – 1.108 kg. – construído em carbono e alumínio. Embora as versões convertíveis sejam obrigatoriamente mais pesadas que as versões coupé, neste caso a diferença é de 18 kg.: 1.090 quilos para o coupé e 1.108 quilogramas para o Spider. Trabalho dinâmico notável.

    E que tinha de integrar um motor particular, um propulsor V12 aspirado e pioneiro capaz de ombrear com o melhor concorrente da Ferrari. Murray não tinha outra alternativa: optou pelo novo Cosworth menos pesado em 170 quilos que a construtora inglesa de motores desenvolveu para ser capaz de gerar até 735 cavalos, embora no T.33 se garantam 607 CV, maior eficiência e menor consumo e consequentemente menores emissões.

    Para quem já viu os dois modelos da GMA, poderemos afirmar que T.33 é menos radical do que o T.50, mas ainda assim diferente da maioria dos novos modelos do segmento dos supercarros. Diria mais circunspecto à boa maneira britânica. Muito elegante e o interior é suficientemente austero para nos fixarmos essencialmente à condução: o luxo está na qualidade dos materiais e distante dos argumentos dos grandes veículos que nos enchem com artefactos de entretenimento e multimédia que nos atiram, tantas vezes, para o imaginário do ‘automóvel -escritório’ ou de uma película espacial para os nossos filhos ou netos. Percebe-se isso ao entrar no T.33: no tablier, painel de instrumentos, por trás do volante temos um indicador analógico grande que é, nada menos, que um conta-rotações tal qual como nos emblemáticos carros de corrida das décadas de 60’, 70’, 80’ e 90’. E nele inclui-se um pequeno led de controlo da temperatura do óleo do motor… Somos levados à época anterior ao ‘mundo do digital’, como sucedeu no início dos ‘Anos 90’ com alguns modelos japoneses e, entre europeus, com os modelos ‘Tempra’ (janeiro de 1990) e Tipo’ da Fiat que utilizavam painéis de cristais líquidos.

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    T.33 é um veículo singular que nos desperta os sentidos e nos dá vontade de puxar uma cadeira, sentarmo-nos para contemplar uma obra de arte. Uma das virtudes é o conjunto dos detalhes: Muito elegante e o interior é suficientemente austero para nos fixarmos essencialmente à condução…. Vejamos que o maior indicador no painel de instrumentos é precisamente o conta-rotações que inclui um pequeno led que avisa da temperatura do óleo do motor.

    Este GMA é a consequência de uma ideia simples – obviamente ambiciosa e tremendamente complexa do ponto de vista industrial a um nível dominado por processos manuais — de Gordon Murray: mostrar que é capaz de construir uma nova referência entre os supercarros ‘open-top’.

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    Motor V12 inglês mais perfeito, com enorme potência, muito pouco peso e um nível de eficiência singular, sem necessidade de ser turbinado. A Cosworth criou o motor de 3.994 C.C., de 12 cilindros, retirando o que qualifica de peso desnecessário. Pode conseguir-se retirar uma potência de 735 cavalos, com um peso de tão-só 162 quilogramas, mais baixo que muitos dos motores convencionais de menor cilindrada.

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    Recorde-se que Murray é um engenheiro britânico e designer de renome mundial responsável pelo nascimento do supercarro McLaren F1. Anteriormente por sucessos que marcaram a história da Fórmula 1, desde logo em 1988: Com o estadunidense Steve Nichols, foi responsável pela concepção do celebre McLaren MP4/4, então pilotado pelo francês Alain Prost e pelo saudoso brasileiro Ayrton Senna, que venceu 15, das 16 provas do calendário da F1 de 1988, tornando-se um dos monolugares mais vencedores da categoria.

    ¡Motor surpreendente!

    Gordon Murray optou por um motor impressionante à dimensão do ex-campeão austriaco Niki Lauda que pretende homenagear com o seu outro modelo, o GMA 55. Indubitavelmente apostou naquele que se considera como o motor V12 inglês mais perfeito, com enorme potência, muito pouco peso e um nível de eficiência singular, sem necessidade de ser turbinado. A Cosworth criou o motor de 3.994 C.C., de 12 cilindros, retirando o que qualifica de peso desnecessário. Trata-se do que habitualmente designamos por motor ‘quadrado’; isto é: o diâmetro dos pistões é maior que seu curso, particularmente vantajoso para atingir potência elevada com pouco volume total.

    Na sua melhor versão – utilizada no modelo GMA 50 -, atinge uma potência de 735 cavalos, com um peso de tão-só 162 quilogramas, mais baixo que muitos dos motores convencionais de menor cilindrada. Depois a Cosworth assegura que podemos ter uma experiência de condução urbana com o os modelos GMA 33, porque se consegue obter 70% do binário na faixa das 2.500 rotações por minuto. Este é também um dos propósitos do eng. Gordon Murray: que os proprietários possam circular em áreas urbanas sem forçosamente terem necessidade de uma experiência mais radical.

    Comandante da Ordem do Império Britânico

    Gordon Murray

    Gordon Murray tem78 anos. Nasceu a 18 de junho de 1946, na cidade Sul africana de Durban. Estudou na escola secundária de Miami Carol City e mais tarde na Durban University of Technology.

    Antes de conceber o McLaren MP4/4 da Fórmula 1, o engenheiro Sul-africano foi o desenhador projectista da não menos célebre Brabham durante 12 anos, de 1973 a 1985. E foi com esta equipa que se notabilizou ao criar o vanguardista Brabham BT46B – de 575 quilos -, conhecido como “fan car” – “carro-ventilador” que se produziu entre 1978 e 1979, equipava o motor Alfa Romeo ‘115-12F12’ com transmissão de 6 velocidades “Hewland-Alfa Romeo”, mas que foi como que banido por protestos de todas as equipas pela surpreendente inovação e após ao triunfo indiscutível de Niki Lauda no Grande Prémio da Suécia que revelou a magia da surpreendente inovação de Murray. E como tudo o que é demasiado eficiente e único em vez de ser seguido é reprovado.

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    Cosworth construi o motor de 3.994 C.C., de 12 cilindros de onde se pode retirar uma potência de 735 cavalos, com um peso de tão-só 162 quilogramas. O maior segredo encontra-se no facto do diâmetro dos pistões ser maior que o seu curso, particularmente vantajoso para atingir potência elevada com pouco volume total

    Recordemos: Em 1978, Gordon Murray reformulou o BT46 integrando um sistema de refrigeração controvertido: ou seja, instalou um enorme ventilador na parte traseira do monolugar, que funcionava através de engrenagens conjugadas com um radiador montado horizontalmente acima do motor. Este sistema combinado com um conjunto de saias na traseira do monolugar – e nos momentos em que o motor dispunha de maior rotação – fazia com que o ventilador aspirasse literalmente o ar entre a base do chassis e o asfalto ‘empurrando’ o carro contra o solo, aumentando a aderência e naturalmente a estabilidade, permitindo ser mais rápido e veloz em todas as circunstâncias.

    Actualmente lidera a Gordon Murray Automotive, Light Car Company que fundou após a GM design em julho de 2007. Na Light Car Company, Murray desenhou um roadster de cabina aberta, muito semelhante a um Fórmula 1 do início dos ‘Anos 60’ que foi construído na empresa pelo ex-piloto Chris Craft. Tratou-se de um ensaio para um ultraligeiro propulsionado por um motor de motociclo de 1.000 C.C. e a que baptizaram de «Rocket».

    Cosworth na F1: 176 triunfos, 13 ‘Mundiais’ de pilotos e 10 de construtores.

    A Cosworth é um construtor inglês de motores para veículos de competição e automóveis desportivos. Tornou-se marca famosa pela associação com a Ford e por fornecer propulsores para a Fórmula 1 e Fórmula Indy Car. Notabilizou-se por dois motores: Cosworth DFV V8, na equipe Ligier de F1 em 1979, e para o icónico Ford Sierra RS Cosworth, em 1986. Este último, tratou-se de um motor de 4 cilindros em linha, com uma cilindrada de 1994 cm3, com 4 válvulas por cilindros, sobrealimentado por um único turbo, que debitava 220 cavalos e com um binário de 290 Nm. A transmissão era integral permanente, mais diferencial de deslizamento limitado e uma caixa de velocidades manual de 5 marchas.

    Cosworth foi fundado em 1958 por Mike Costin e Keith Duckworth (a junção parcial dos sobrenomes originou a marca). Presentemente é presidida por Hal Reisiger e dedica-se ao projecto, desenvolvimento e fabrico de motores com grande incorporação de manufactura. Também aquisição de dados electrónicos e sistemas de controle.

    O construtor foi adquirido pela Ford em 1998, depois de 30 anos de parceria. Seis anos depois – em 15 de novembro de 2004 – o gigante Norte-americano vendeu a empresa para os controladores da Champ Car World Series (ex-CART), nomeadamente Kevin Kalkhoven (“K” da equipe PKV Racing), Paul Gentilozzi, dono da equipe Rocktesports, e Gerald Forsythe, proprietário da equipe Team Forsythe.

    A Cosworth começou a fornecer motores para a Fórmula 1 em 1963 e manteve-se até 2006 de forma ininterrupta. Lotus, McLaren, Williams e Toro Rosso foram os seus maiores clientes para a variante de motores de 8 cilindros em V. O construtor voltaria à Fórmula 1 em 2010 onde permaneceu até 2013. O abandono desta competição ficou a dever-se a estratégia de não assumir os levados custos para desenvolver motores V6 turbo-alimentados.

    Na Fórmula 1, conquistou 176 vitórias em Grandes Prémios, 13 campeonatos de pilotos e 10 de construtores.

    – Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

    – Imagens do construtor em gordonmurrayautomotive.com

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