Cumbre Vieja volta a preocupar: há actividade sísmica recente. O interior da ilha de La Palma volta a mexer. Os científicos voltam a alertar para riscos potenciais. Mas por paradoxo que possa ser, também revelam que se poderá estar diante de uma oportunidade irrepetível no aproveitamento da energia geotérmica que se poderia obter da caldeira o que significaria a extracção de uma fonte energética renovável excepcional e com potencial futuro. No Mundo, Estados Unidos, Filipinas e Indonésia são os três países que mais utilizam desta energia. Mas há mais bons exemplos no uso desta fonte: Islândia, França, Alemanha, Suíça, Hungria, Japão, China, México e Chile.
O vulcão Tajogaite – também conhecido por Cumbre Vieja que esteve activo, em 2021 durante 85 dias – é um desafio para os habitantes da ilha, mas também poderá ser uma espécie de promessa de sustentabilidade energética.
A comunidade científica está atenta aos movimentos sísmicos, assim como à emissão de gases. Por outro lado, estuda a eventualidade de aproveitar o calor do subsolo para, deste modo, gerar energia geotérmica pouco poluente e cada vez mais interessante já que necessitamos de fontes energéticas mais limpas face à crescente necessidade na obtenção particularmente de electricidade.
Na crosta terrestre, de modo generalizado, a temperatura aumenta entre os 25º e 30º graus celsius por cada quilómetro de profundidade. A exploração de geotermia somera ou superficial, ao contrário da geotermia profunda, não está ligada a pontos quentes do subsolo nem a águas termais
Energia geotérmica, ou energia geotermal é a energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra. O calor da Terra existe por baixo da sua crosta, mas em algumas partes está mais perto da superfície do que outras: Há regiões em que basta fazer um furo com 100 metros para obter água quente espontânea a temperaturas consideravelmente altas, mas em muitas outras zonas são preciso fazer furos artesianos a maiores profundidades para obter calor significativo. Contudo, importa saber que na crosta terrestre, de modo generalizado, a temperatura aumenta entre os 25º e 30º graus celsius por cada quilómetro de profundidade. As temperaturas aumentam exponencialmente quanto mais perto se está do núcleo do planeta: a pressão é maior e encontram-se maiores quantidades de metais fundidos.
Nas canárias existe o Projecto Sage4Can – Energia Geotérmica Somera para Canárias – que se encontra a efectuar sondagens nas fusões do vulcão de Tajogaite para estudar a viabilidade da geotermia somera ou geotermia superficialnas Canárias. Saiba que a exploração de geotermia superficial, ao contrário da geotermia profunda, não está ligada a pontos quentes do subsolo nem a águas termais.
Projecto Sage4Can é liderado pela Universidade de La Laguna (ULL) e pelo Instituto Geológico e Mineiro de Espanha (IGME-CSIC). Procura-se avaliar como o calor armazenado nas primeiras camadas do subsolo pode ser empregue de modo eficiente pelos humanos.
Erupção de 85 dias em 2021
Vulcão ‘Tajogaite’ proporcionou a erupção mais longa na ilha de La Palma: Iniciou-se às 14h12 (UTC) de 19 de setembro de 2021 na dorsal da Cumbre Vieja e terminou oficialmente no dia de Natal, 25 de dezembro.Durou 85 dias, gerou seis crateras, conformou mais de 8.600 tremores de terra e a expulsão de mais de 200 milhões de metros cúbicos de material. O tremor vulcânico em si teve uma duração superior a 2 mil horas, os vazamentos de lava percorreram 6,5 quilómetros e 1.100 metros sobre o mar. Foram destruídos 12 milhões de metros quadrados de terrenos, Quase 1.700 edificações foram total ou parcialmente engolidas pela lava, entre elas 1.345 habitações. O tipo de lava foi malpaís e pahoehoe.
De acordo com o Instituto Vulcanológico das Canárias – Involcan – a erupção deverá ter comelado a gerar-se entre 2088 e 2013 com registos de subida do magma desde fontes profundas e a partir de 2020 registaram-se os dados mais importantes que acabaram por percepcionar a erupção em meados do Verão de 2021.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)
– Foto de abertura do texto de ‘Meteorologia en Red’